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Empreendedor de Fortaleza investe R$ 9 mil em aplicativo de mobilidade e planeja chegar ao patamar da 99: “R$ 1,5 milhão por dia”

Apesar de competir com gigantes da mobilidade na capital cearense, empresa fundada pelo ex-fiscal George Albuquerque alcança mais de 10 mil usuários em menos de um ano de operação.

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Entrevista
Conversas com especialistas, gestores e profissionais do setor, com perguntas conduzidas pela equipe do 55content.
Empreendedor investe R$9 mil em aplicativo de mobilidade e faz 20 mil corridas mensais em Fortaleza
Foto: Reprodução/Acervo pessoal.

Em apenas dez meses de funcionamento, fundada em janeiro de 2025, em Fortaleza (CE), a plataforma de mobilidade Zoe Driver já reúne mais de 10 mil usuários e mais de seis mil motoristas cadastrados. À frente da iniciativa está George Albuquerque, de 38 anos, empreendedor com mais de uma década de experiência no setor.

Criada com investimento modesto e muito esforço pessoal, a empresa busca se firmar como uma alternativa local às gigantes Uber e 99, segundo o gestor, oferecendo taxas mais justas e atendimento humanizado. “Nós estamos só começando. Temos muito trabalho ainda e logo, logo você vai ver não só aqui em Fortaleza e no restante do Ceará, mas a Zoe Driver em todo Brasil”, aspira Albuquerque.

De fiscal a empreendedor

A história de Albuquerque com o transporte urbano começou há 13 anos, antes de a Uber chegar ao Brasil. “Naquela época eu trabalhava na fiscalização em um órgão da Prefeitura, chamado Etufor [Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza]. Existiam centrais piratas, e a gente fazia abordagem, apreensão de carro… Com isso, eu conheci essa mobilidade”, conta.

O contato com o setor despertou o interesse em seguir outro caminho: “Comecei a trabalhar como motorista, porque naquela época ganhava muito bem. Aí tive interesse de botar minha própria central”. Foi assim que, em 2012, surgiu sua primeira iniciativa, a Top Car, seguida de outros empreendimentos, como o Táxi Popular, voltados à mobilidade nas regiões metropolitanas de Fortaleza.

A experiência adquirida aconteceu em um mercado em transformação. Ele compartilha que chegou um momento em que teve que ter resistência às mudanças provocadas pela chegada das grandes plataformas. “Infelizmente, a gente não tinha recurso financeiro nem tecnologia para bater de frente com eles. Então, foi acabando uma por uma”, lamenta.

Mesmo diante das derrotas, Albuquerque nunca abandonou o sonho de empreender nesse ramo. Depois de tentar novas frentes, como restaurantes, ele decidiu recomeçar de onde mais se realizava: “Eu disse para minha esposa: ‘Eu vou botar de novo um aplicativo’. Sou apaixonado por isso”.

O resultado desse retorno foi a Zoe Driver, fundada após cerca de três meses de planejamento para tirar o projeto do papel. Segundo o gestor, a plataforma tem uma proposta clara: criar uma alternativa local sólida com atendimento humanizado e foco tanto no motorista quanto no passageiro.

Investimento e um início planejado

A Zoe Driver começou com esforço pessoal e poucos recursos, conforme Albuquerque conta. “Criei a plataforma, comecei sozinho, mas com três meses eu disse: ‘Não, não dá certo, não. Vou ficar doido’.” Ele diz que o momento o fez transformar o negócio em uma sociedade: “Conheci dois amigos, fizemos uma parceria, e depois criamos um grupo de acionistas. Hoje, são 17 acionistas e 20 pessoas colaborando diretamente”.

O gestor explica que o investimento inicial foi modesto, mas planejado. “Para você criar um aplicativo desse, você gasta em média R$ 3 mil. Mas isso só para ter a plataforma”, esclarece. E continua: “No começo, precisa fazer muita coisa. Por exemplo, fiz 25 mil panfletos e gastei cerca de R$ 2 mil, e sempre fiz tráfego pago. No total, o investimento inicial foi de uns R$ 8 mil, R$ 9 mil”.

Albuquerque compartilha ainda que foi necessário fazer um sacrifício pessoal no processo. “Vendi um carro meu para poder continuar mantendo, porque, no começo, é tudo gasto.” No entanto, o retorno foi rápido: “Mas, depois de cinco meses, a plataforma começou a se pagar. Hoje, ela já se banca”.

Além dos custos de desenvolvimento, a Zoe Driver investe continuamente em tráfego pago e divulgação, estratégias que, de acordo com o gestor, têm se mostrado fundamentais para o crescimento do negócio.

Fruto do planejamento: resultados expressivos

Em apenas dez meses de operação, a Zoe Driver já conquistou grandes números para uma empresa local. “A gente já tem mais de 10 mil passageiros e mais de 6.300 motoristas e motoqueiros que já se cadastraram na plataforma”, afirma Albuquerque.

O aplicativo conta com, aproximadamente, 1 mil motoristas ativos: “Ficam cerca de 500 motoristas on-line por dia e 500 à noite, em rodízio. Nunca passa de 700 simultaneamente, mas há uma boa rotatividade”.

Um dos principais diferenciais da Zoe Driver, na visão do gestor, está nas condições oferecidas aos condutores. “A taxa da Zoe Drive é uma das mais baratas: 15% fixo, tanto faz em horário de pico ou normal.” Ele destaca que as grandes plataformas costumam adotar taxas maiores que o dobro desse valor. “Outros aplicativos chegam a cobrar 40% ou 45%”, compara.

Desafios diante das gigantes da mobilidade

Para Albuquerque, concorrer com empresas multinacionais, especialmente em uma capital, é o maior obstáculo: “Não é fácil lidar com plataformas como Uber e 99, mas não é impossível”.

Ele conta que vê nessas plataformas uma espécie de meta de crescimento e cita um episódio recente que poderia ilustrar o potencial da Zoe Driver: “Foi agora, semana passada, que a 99 ficou fora do ar. Nesse dia, a gente viu o tamanho do nosso potencial, como a gente já está avançado. As corridas aumentaram muito e sustentamos durante todo o dia”.

Ainda assim, o gestor esclarece que o objetivo não é alcançar os resultados dessas empresas com pressa, mas com consistência. “A gente está brigando com coisa grande, essas plataformas são bilionárias. Então, vamos fazendo devagar, sem pressa, trabalhando direitinho, dando suporte e qualidade de serviço”, detalha.

Para ele, o segredo para apresentar um diferencial em relação às grandes empresas está em manter a proximidade com o público. “A gente tem um atendimento humanizado, não é robótico. Tudo que o motorista ou o passageiro precisa, a gente está aqui para dar suporte.”

Todo o Brasil como meta de expansão

Mesmo com a operação concentrada em Fortaleza, a ambição de crescer é clara. “A vontade que eu tenho era de estar atendendo, no mínimo, cinco a 10 cidades do interior, mas, por enquanto, não dá para tirar o foco daqui”, elucida Albuquerque. Para ele, esse foco é necessário, porém temporário: “Primeiro quero estabilizar, depois expandir para o Brasil inteiro”.

Hoje, o gestor explica que a empresa reinveste todo o lucro na própria estrutura. “Todo o dinheiro que a gente está pegando, no momento, é para investimento. Temos lucro, mas não estamos no lucro. O objetivo agora é fortalecer a base”, determina.

O gestor afirma que ainda não definiu uma meta financeira exata, mas almeja grande: “A 99 faz cerca de 300 mil, 400 mil corridas por dia só em Fortaleza. Isso dá um faturamento de mais de R$ 1,5 milhão por dia. A gente quer chegar nesse patamar”.

Uma vitória compartilhada

Ao relembrar a trajetória, Albuquerque faz questão de valorizar a equipe com a qual trabalha. “Essa vitória não é só minha, é de todos os colaboradores e motoristas que estão comigo”, declara.

O sentimento é compartilhado pelos colegas, como Manoel Audenizo de Sousa, colaborador da área da administração da empresa, destaca: “Apesar da plataforma ser nova, nós já temos clientes com mais de 100 corridas no aplicativo”.

Além dos resultados prósperos, o gestor recorda de uma colaboração do início que considera essencial: o nome da empresa. “Foi minha esposa que escolheu. ‘Zoe’ é um nome bíblico, significa vida. Então, Zoe Driver é como ‘vida em movimento’”, conta.

Desde o nome, Albuquerque atribui o sucesso inicial da plataforma à combinação entre esforço, fé e união da equipe. “O que me orgulha mais é a minha força de vontade. Todo dia que eu acordo e vejo que estou com saúde e que tenho meus companheiros trabalhando comigo, isso me deixa satisfeito.”

O papel dos aplicativos locais no futuro da mobilidade

Albuquerque observa o cenário do setor com certa preocupação. “Os motoristas acham que vão viver a vida toda dessa forma, mas a tecnologia está chegando. Daqui a um ou dois anos, não vai mais existir motorista em muitos carros. As plataformas já estão testando veículos autônomos em outros países”, alerta.

Para ele, a solução está na união e no fortalecimento das iniciativas regionais: “A gente tem que se abraçar e apoiar os aplicativos locais, para ficarmos fortes e vencermos”. Segundo o gestor, a Zoe Driver representa essa resistência local em um cenário dominado por grandes corporações.

Nesse sentido, o empreendedor fala sobre as metas que tem para o futuro próximo. “A gente vai fazer agora, em dezembro, o primeiro fechamento anual. Ver onde acertou, onde errou e planejar o próximo ano.” Ele explica que esse momento será crucial para planejar os próximos passos do aplicativo: “Queremos melhorar a cada ano, crescer e estar presentes em todo o Brasil”.

Ainda que com anos dedicados à mobilidade, Albuquerque segue otimista. “Ainda tem muito pela frente, muito trabalho. Estamos aqui firmes e fortes, e logo, logo a gente vai poder dizer: ‘Agora, eu venci’”, determina.

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