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“Em trajetos curtos, só faço corridas que paguem acima de R$ 1,50 por km; em viagens mais longas, considero valores a partir de R$ 1,80 ou R$ 2,00”

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Entrevista
Conversas com especialistas, gestores e profissionais do setor, com perguntas conduzidas pela equipe do 55content.
Marcos Gomes da Silva, motorista de aplicativo. Foto: Reprodução/ Arquivo pessoal.

Marcos Gomes da Silva, também conhecido nas redes sociais como MG Driver, iniciou a sua história com os apps de transporte após enxergar uma oportunidade de renda e decidir se dedicar a esse trabalho, que, segundo ele, em seu início, por volta de 2017, valia muito a pena financeiramente.

Hoje, com mais de 25 mil seguidores em seu Instagram, o motorista conta com uma experiência de comunicação: fala com o público, retrata o seu dia a dia, dá dicas e comenta as dificuldades enfrentadas pela classe. Ele, que já passou por alguns estados, agora roda no estado do Paraná e reuniu diversos motoristas em um grupo de WhatsApp.

Com quase 200 integrantes, o grupo de bate-papo reúne figuras como influenciadores, donos de plataformas que auxiliam nos ganhos e representantes de parcerias para motoristas, além dos próprios trabalhadores.

Com a intenção de unir e construir um espaço de comunicação, Marcos conta que tenta reunir pessoas que têm uma mentalidade diferenciada e que podem trazer conhecimento para os motoristas.

Focado em construir um pensamento no qual o motorista é a sua marca pessoal, e seu carro, uma ferramenta de trabalho, ele explica: “O meu carro é meu, de uso exclusivamente pessoal. Quando estou no meu horário livre, pego minha família e saímos para passear. Simples assim. Mas, quando me proponho a trabalhar, ele se torna a minha empresa. E, sendo a minha empresa, oferecer um ‘bom dia’, ‘boa tarde’, ‘boa noite’ e garantir um bom atendimento é fundamental para o meu crescimento e desenvolvimento”.

Sobre o tratamento dado aos passageiros, Gomes detalha que o cliente apenas determina o seu local de destino: “Ele não define o valor da corrida. Quem faz isso é a própria plataforma. Por isso, acredito que o passageiro que entra no meu carro merece ser tratado bem e com respeito, independentemente de quem seja: mulher, criança, idoso. Não importa”.

Como funciona a dinâmica do grupo de conversa?

Nos últimos tempos, com as mudanças que enfrentei, percebi que, se você não movimenta as pessoas que já estão no grupo, elas acabam não se engajando. Alguns começaram a ficar isolados, e o grupo acabou perdendo o sentido, o que me levou a me afastar um pouco. Mas, neste ano, quero retomar o projeto e voltar a atrair influenciadores, pois acredito que eles são a faísca que faz o movimento crescer. Muitas pessoas contam conosco.

Recebo mensagens que mostram a importância do que fazemos. Isso me deixa muito feliz, porque mostra que nosso trabalho faz diferença. Não que eu me considere alguém especial; o que poucos entendem é que temos anos de experiência trabalhando na área, o que nos dá uma visão diferente.

Minha visão é criar um grupo forte, engajado, que entenda a importância de trabalhar de forma correta e oferecer um atendimento de qualidade. Isso é fundamental para fortalecer nossa categoria e melhorar nossa imagem perante os clientes e a sociedade.

Na sua opinião, qual é o aspecto mais importante na profissão de motorista de aplicativo? Que conselhos você daria para colegas que estão começando ou querem se destacar?

Quando comecei, tinha um desejo que pode parecer engraçado, mas era muito genuíno. Eu era fã do Gugu, adorava o programa do Táxi do Gugu. Ele interagia com os passageiros, conversava, criava uma conexão.

Aquilo me encantava, e eu queria viver algo parecido. Nunca imaginei ser taxista, mas, quando entrei no aplicativo, minha motivação era essa: interagir, conversar e criar uma experiência agradável para quem estivesse no meu carro.

Com o tempo, aprendi algo muito importante: a gente precisa se valorizar. Infelizmente, muitos motoristas hoje não fazem isso. É comum apontarem o aplicativo como o grande vilão de tudo. Sim, há problemas, como tarifas baixas – o ideal seria, no mínimo, R$ 2,00 por quilômetro e R$ 10,00 o valor inicial de qualquer corrida, considerando o custo operacional atual. Mas, além disso, precisamos lembrar que temos valores pessoais que não podemos negociar.

Sempre digo que princípios e valores não se negociam com ninguém. Se você é uma pessoa de boa índole, vai atrair clientes que reconhecem isso. Receber gorjetas, boas avaliações e palavras de incentivo são exemplos de como um bom atendimento pode abrir portas. Quem sabe, amanhã, aquele passageiro satisfeito não se torna uma referência para algo maior? Eu mesmo cheguei a algumas oportunidades porque, lá atrás, alguém viu meu trabalho, percebeu minha dedicação em atender bem e compartilhou isso.

Por isso, minha mensagem para outros motoristas é: trabalhem certo. Não trabalhem como clandestinos, porque isso é crime. Além de arriscar perder sua conta no aplicativo, você pode perder o carro e ainda enfrentar problemas legais. É comum ouvir que ‘as corridas não pagam bem’, mas é essencial saber escolher as corridas, os horários e trabalhar de forma correta. A porta que se abre hoje pode se fechar amanhã, caso você não tenha uma conduta adequada.

Eu trato meu trabalho com seriedade. Quando começo o dia, abro a porta da minha empresa – meu carro – e dou boas-vindas aos meus clientes com respeito e cordialidade. Não aceito qualquer corrida. Em trajetos curtos, só faço corridas que paguem acima de R$ 1,50 por quilômetro; em viagens mais longas, considero valores a partir de R$ 1,80 ou R$ 2,00 por quilômetro. Com essa estratégia, consigo manter um rendimento positivo e evitar desgastes.

No final das contas, esse planejamento e essa postura profissional trazem resultados positivos. Trabalhando com ética, respeito e estratégia, você não só evita problemas, mas também garante sucesso e satisfação tanto para você quanto para os seus clientes.

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