A Tech Car, plataforma de mobilidade presente em seis cidades do estado de Minas Gerais, surgiu da demanda por serviços alinhados à realidade do interior. Antes de se tornar gestor de aplicativos, Luiz Carlos Bevenuto era motorista. “Eu saí da área de mecânica com o intuito de rodar no aplicativo. Na época eu fui para Belo Horizonte e rodei na Uber e na 99 por dois anos”, conta.
Logo no início da pandemia, Luiz Carlos se mudou para Pirapora (MG) e encontrou motoristas que, assim como ele, estavam insatisfeitos com as plataformas disponíveis na região. Um ano antes do início das operações da Tech Car, o gestor, junto com outros 15 sócios, fundou o Vip Pira, aplicativo que roda na cidade de Pirapora.
Mas em 2023 Luiz Carlos decidiu iniciar mais um empreendimento, dessa vez sozinho: “Eu vi que tinha espaço e que precisava ser aproveitado”, afirma. Por isso, ele decidiu iniciar um aplicativo próprio, com gestão e estratégia totalmente independentes. A Tech Car foi lançada inicialmente em Paraopeba e Caetanópolis, mas logo se expandiu para Abaeté, Curvelo, Várzea da Palma e Pirapora.
O gestor explica que essa expansão teve de ser feita com cuidado, mesmo que inicialmente o novo app estivesse operando em cidades diferentes do anterior. “Comecei fora para evitar confusões, porque como você explica para o sócio que está criando outro aplicativo?”.
Desde então, a Tech Car vem crescendo e já soma mais de 17 mil passageiros cadastrados, 130 motoristas ativos e uma média de 16.500 corridas mensais distribuídas pelas seis cidades. Para Luiz, o segredo está na proximidade com o motorista e na adaptação a cada realidade local. “O negócio é ver o que atende o motorista. Eu já estive do outro lado do aplicativo, então sei o que ele precisa”, declara.
Outro fator decisivo para o crescimento foi a estratégia de expansão baseada em análise de mercado e presença local. “A gente analisa a população e o que gira a cidade para entender mais ou menos o resultado que vamos ter”, explica. E só depois de entender o funcionamento do mercado de mobilidade na cidade é que a Tech Car inicia a operação.
Modelo de cobrança e tarifas
A Tech Car trabalha com formatos diferentes de cobrança para motoristas, dependendo do mercado na cidade. Em alguns municípios, o modelo é por mensalidade, em outros o pagamento é semanal ou por porcentagem sobre cada corrida. Luiz Carlos conta que a meta é padronizar futuramente, mas que por enquanto opta pelo que é mais aceito em cada município. “Hoje a gente trabalha com uma média de 15% a 20% por corrida. A ideia é encaminhar tudo para a porcentagem, porque é o modelo que mais acompanha o mercado”, explica.
As tarifas também variam: A corrida mínima pode ser de R$ 9,99, R$ 13 ou R$ 15, sempre se baseando na dinâmica da cidade e no comportamento da concorrência. “A gente avalia muito o mercado. Tem cidade que pede um valor, mas tem cidade que pede outro”, afirma o gestor.
Categorias específicas e atuação no interior
Por atuar em cidades pequenas e regiões rurais, a Tech Car não oferece categorias de maior conforto, mas foca nas necessidades da região: “No interior o pessoal busca o mais acessível. Então manter categorias básicas funciona melhor. Mas temos uma categoria própria para estrada de terra, porque isso faz diferença aqui”, explica.
A categoria moto é ativada somente em alguns períodos do ano: “O pessoal gosta mesmo é de carro, porque com moto o valor ficaria muito baixo. Não compensa para o motorista”, diz.
Concorrência regional e diferenciais
Embora nenhuma das cidades atendidas pela Tech Car tenha presença da Uber ou 99, a concorrência regional é grande. Para Luiz, o que destaca é a estratégia de atendimento e o cuidado com o motorista.
“A gente busca manter um número de motoristas bacana, que atenda rápido o cliente e sempre mantendo os preços competitivos. Oferecemos descontos, sorteios e benefícios. Isso incentiva tanto o motorista quanto o passageiro”, explica.
Marketing e método de expansão
A expansão da Tech Car para novas cidades começa de forma digital. “A gente trabalha muito com tráfego pago. A internet hoje facilita bastante”, afirma.
Após a primeira fase, Luiz costuma iniciar as operações presencialmente antes de repassar a gestão aos representantes locais: “Eu vou, inicio o trabalho e procuro alguém com visão de empreendedor para continuar”.
A presença em eventos também faz parte da estratégia da marca. “Patrocinamos festas importantes e, em alguns casos, só a Tech Car pode entrar para deixar o passageiro mais próximo. Isso faz diferença para o cliente”, comenta.
O gestor conta também que a plataforma mantém parcerias com estabelecimentos da região para além do dia a dia do ofício de motorista: “Temos sim parceria com posto de combustível, mas também temos com supermercado, lojas de roupa, manicure… tudo que possa ajudar o motorista parceiro.”
Resultados, números e crescimento
O rendimento dos condutores varia conforme a cidade, o volume de passageiros e o próprio ritmo de trabalho de cada um. Mesmo assim, alguns resultados se destacam dentro da operação. “Tem motorista que tira R$12 mil, R$13 mil. Já tivemos recordista que faturou R$14 mil em Paraopeba”, relata o gestor.
Ele afirma também que as metas definidas para 2025 foram atingidas nas principais cidades atendidas, o que permitiu estabilizar a atuação da empresa nas regiões onde já existe presença. Para os próximos anos a meta é manter esse resultado e buscar um crescimento de 30% ao ano, mas de forma estável e cautelosa.