A cidade de Janaúba, no interior de Minas Gerais, é conhecida como a Terra da Fruticultura. Nos últimos anos, porém, também tem ganhado visibilidade na área da mobilidade elétrica, impulsionada pela atuação dos empreendedores Priscila e Danilo de Oliveira.
Naturais da região, o casal viveu por 10 anos em Capitão Enéas (MG), onde administrava uma casa lotérica. Apesar da estabilidade financeira, mantinha o desejo de retornar a Janaúba para ficar mais próximo da família.
A pandemia e o cenário internacional anteciparam essa mudança — e incluíram um novo elemento nos planos: os carros elétricos.
“Eu gastava muito com combustível e manutenção da caminhonete a diesel. Quando vi os primeiros Kwid elétricos chegando ao Brasil, tive interesse, mas também receio de comprar”, relata Danilo. A decisão veio com o incentivo da esposa: “Ela disse: pode comprar, vai ser ótimo, não ficaremos reféns do petróleo”.
O casal vendeu a caminhonete e adquiriu um Renault Kwid E-Tech — um dos primeiros veículos elétricos da região. “Os amigos achavam que era loucura. Mas fizemos as contas: a prestação do carro era equivalente ao gasto mensal com combustível e manutenção”, conta Priscila.
A experiência com o novo veículo motivou a criação de um negócio.
“Voltando para Janaúba, o Danilo passava todo dia de manhã na padaria vizinha de casa, antes de seguir para Capitão Enéas. Ele percebeu que, por volta das 6 horas da manhã, havia um movimento intenso de pessoas indo e vindo. O fluxo começava às 5 horas e aumentava rapidamente. Isso chamou nossa atenção”, relata Priscila.
Danilo completa: “Pensei no desperdício de combustível, com tanta gente se deslocando. A partir disso, comecei a pensar em montar um aplicativo”.
Em novembro de 2022, foi lançado o aplicativo 100% Eletric, uma plataforma de mobilidade com frota composta exclusivamente por carros elétricos.
O modelo de operação difere das plataformas tradicionais: os veículos pertencem à empresa e são conduzidos por motoristas contratados no regime CLT ou freelancers. Todos seguem padrões definidos, como uso de uniforme, veículos higienizados e climatizados. “As pessoas chamam porque sabem que é o aplicativo da Priscila e do Danilo. Isso gera confiança”, afirmam.
No início, quem realizava as corridas era o próprio Danilo. Ele utilizava o sistema para testar as funcionalidades e divulgar a novidade entre os moradores da cidade.
“O primeiro motorista fui eu. Chamava corridas para mim mesmo, só para entender como funcionava. Mudava uma configuração, testava de novo… até ganhar confiança. Depois comecei a comentar com amigos, e o boca a boca fez o resto.”
Atualmente, a plataforma registra cerca de 3 mil solicitações de corrida por mês, conta com oito motoristas (seis CLTs e dois freelancers) e mais de 6.800 passageiros cadastrados.
Segundo os fundadores, os motoristas ganham entre R$ 2.500 e R$ 3.000. A diferença em relação a outras plataformas está nos custos operacionais: eles não arcam com despesas como veículo, IPVA, combustível, seguro, pneus ou manutenção, já que toda a frota pertence à empresa.
Com faturamento mensal de R$ 40 mil, a expectativa é encerrar 2025 com receita de R$ 500 mil. A expansão do negócio já está em andamento.
A primeira filial será implantada em Montes Claros, e o casal planeja levar o modelo para outras cidades do país. Também está em estudo a possibilidade de incluir motoristas parceiros com veículos elétricos próprios.
“Só não adquire um carro elétrico quem ainda não conhece. É mais econômico, não polui e oferece mais conforto. Para quem trabalha com transporte, é uma solução eficiente”, afirma Priscila.
Danilo acrescenta: “Andar em um carro elétrico é como andar num tapete voador. O futuro já chegou, e estamos fazendo parte dele”.
