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BR 33: “Taxa do motorista é de R$ 1,50, independente do valor da corrida”

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Entrevista
Conversas com especialistas, gestores e profissionais do setor, com perguntas conduzidas pela equipe do 55content.
Três homens posando ao ar livre, usando camisetas azul e branca, em uma área verde.
Foto: Reprodução/ BR 33.

App regional no interior de São Paulo afirma que já superou as corridas da Uber e trabalha para retirar a 99: “Aumenta o poder de compra e ajuda o comércio”.

O aplicativo BR 33 opera em Mogi Guaçu, no interior de São Paulo. Com três sócios, a plataforma regional já afirma que a presença da Uber ‘se sucateou’ e que conseguem concorrer diretamente com o número de corridas da 99.

Rodrigo Faria e Eduardo da Silva, são sócios e gestores do app, junto com Leandro Ferreira.

Faria e Silva conversaram com o 55content e detalharam a operação. Eles contam que, antes da pandemia, participavam de um grupo de motoristas no Facebook que reunia diversos trabalhadores por aplicativo.

Observando essa união, Eduardo conta que um dono de aplicativo entrou em contato com ele, mas os resultados não saíram como o planejado: “Teve um boom na cidade, só que a plataforma não suportava os chamados”.

Dessa forma, desenvolveram uma nova tecnologia e, em 2022, lançaram o BR 33. Mas Rodrigo ressalta que a transição foi difícil, pois precisavam engajar os usuários a baixarem o novo aplicativo, e, para isso, precisavam investir em comunicação.

Quando questionados sobre a concorrência com grandes apps e até mesmo com outras plataformas regionais, Eduardo revela: “Eles (apps regionais) falaram que não dá para concorrer conosco, pois temos diferencial, conhecemos os motoristas, fazemos parcerias com comércio, troca de óleo, posto de gasolina, tudo que envolve o motorista no dia a dia”.

E completa: “Então, no final do mês, o ganho do motorista só aumenta. Nosso diferencial está bem completo. Sempre vem outra plataforma, tenta ficar um mês, dois meses aqui, mas vai embora, não aguenta”.

Os gestores ainda comentaram sobre o transporte de moto na região, e a relação com categorias, como o 99Moto:

“Hoje, percebemos que a 99 deu um verdadeiro “tapa na cara” dos motoristas. Os motoristas ficaram sentidos, pois quem divulgou o aplicativo inicialmente foram eles, usando o carro correto. De repente, o aplicativo foi lançado e começou a operar sem levar isso em consideração.

Na nossa região, por exemplo, há motos rodando de forma irregular, sem licença. Muitos procuram nossa plataforma para regularizar suas motos. No entanto, a recusa entre os motoristas em aceitar o uso de motos é muito grande. Quando qualquer aplicativo tenta incluir motos, eles simplesmente não querem.

A realidade da nossa cidade é difícil. Infelizmente, com a entrada das motos, os valores das corridas se tornaram muito baixos. Os cadastrados passam horas em cima da moto para ganhar muito pouco.

Enquanto isso, nós temos os motoristas de carro, o que nos permite oferecer um diferencial. Hoje, a 99 paga apenas R$ 5,50 por corrida ao motorista. Esse valor não compra nem um litro de combustível. Para se ter uma ideia, a tarifa do transporte público aqui é R$ 5,80. O BR tem uma corrida mínima de R$ 10, mas estamos operando com R$ 8 de corrida mínima.

Todos os motoristas que entram na nossa plataforma passam por um processo rigoroso: análise de antecedentes criminais, comprovante de endereço e o certificado de EAR, que consideramos muito importante. Levamos o carro para a vistoria para garantir que está em conformidade antes de liberar o motorista para iniciar as corridas. É burocrático, mas isso faz a diferença.

Atualmente, vemos muitas plataformas permitindo que motoristas comecem a trabalhar de qualquer jeito. Em cinco ou dez minutos, o motorista já está rodando, mas sem estar devidamente regularizado. Isso resulta em muitas contas falsas na 99 e carros antigos, de duas portas, operando sem controle.

A 99 exige carros de até 10 anos, mas aqui abrimos para até 13 anos, porque temos muitos veículos em boas condições. O sistema da 99 deixou de ser seguro, e os passageiros estão percebendo isso. Esse é o nosso diferencial: mais segurança e confiabilidade”, explica Eduardo.

Qual é a diferença de concorrer com a Uber e com a 99?

“Conhecemos bastante motoristas, já estamos à frente de alguns grupos. Quando tem problema na corrida de outro aplicativo, o motorista acaba entrando em contato conosco. Outro dia, teve dois carros roubados. Conseguimos rastrear pelo celular e localizar os veículos. Isso também é um diferencial grande, e o pessoal acredita muito no aplicativo. Eles estão bem contentes”, diz Silva.

Como funciona a precificação das corridas?

Nós temos os valores fechados por quilômetro rodado. Até 2 km, aplica-se o valor da corrida mínima. O diferencial para os motoristas no BR é o seguinte: eles pagam um valor fixo por corrida, não uma porcentagem para nós. Esse valor é de R$ 1,50, independente do valor da corrida.

Se o motorista fizer uma corrida de R$ 50, ele paga apenas R$ 1,50. Se fizer uma corrida mínima de R$ 5 na 99 para percorrer 2 km, na nossa plataforma ele recebe R$ 8, paga R$ 1,50 e ainda fica com R$ 6,50. Ou seja, ele ganha R$ 1,50 a mais em comparação à 99.

Onde ainda perdemos um pouco para a 99 é na comparação de preços feita pelo passageiro, que acaba escolhendo a corrida mais barata. Como todos os motoristas ainda não estão na nossa plataforma, muitos ainda fazem essas corridas de R$ 5,00 ou R$ 6,00 na 99. Isso prejudica nosso crescimento.

Temos uma reunião marcada com os motoristas da cidade no dia 30, na Associação Comercial, para discutir justamente isso: desligar a 99 e usar a plataforma regional. O custo-benefício para os motoristas é maior, pois eles ganham mais, e a economia gira dentro da cidade. O dinheiro não vai para fora, não vai para a China, nem para a Uber, que é americana. Isso aumenta o poder de compra e ajuda o comércio local e a economia como um todo.

Esse diferencial tem atraído motoristas para o nosso aplicativo. Muitos já desligaram a 99 e querem rodar apenas com a nossa plataforma. Ainda não temos o mesmo volume de corridas que a 99, mas já conquistamos 50% do mercado. A 99 está sentindo a pressão, oferecendo promoções, taxa zero e até bônus de R$ 60 para tentar trazer os motoristas de volta.

Conte sobre os ganhos dos motoristas cadastrados.

“Esses números variam, porque tem a 99 ainda. A 99 tem motorista que não estão com a gente, então ele fica pegando essas corridinhas de R$ 5, R$ 6, achando que quantidade de corrida é o que importa.

Hoje, não é quantidade, é qualidade. É melhor esperar 10, 15 minutos e pegar uma corrida que compensa do que pegar corridinhas de R$ 5 e andar 3, 5 km, não dá R$ 1 por km. Isso que estamos tentando colocar na cabeça dos motoristas.

Queremos um volume alto de corrida onde os ganhos dos motoristas possam aumentar cada dia mais. O aplicativo local fortalece a economia local. Conhecemos as dores do motorista, sabemos que não é fácil manter um carro na rua.

A ferramenta trabalha muito bem, e vemos que tem muito aplicativo aí. Às vezes, o passageiro paga uma fortuna e passa uma miséria para o motorista. Temos que usar aplicativos grandes hoje em dia e ter companheirismo. Os aplicativos locais têm que ser a realidade, cada região com um aplicativo regional para ajudar todos”, comenta Eduardo.

Quais são os planos para o BR 33? O que vocês imaginam do futuro do aplicativo?

“O sonho é grande. É dar continuidade ao que já fazemos há bastante tempo. Começamos como bebês, como o Eduardo fala. Hoje, já somos mais do que adolescentes. O aplicativo já está formado. Precisamos dessa união e levar como espelho o que montamos aqui para outras cidades. Já pensamos em iniciar em outra cidade, mas falamos: “Vamos com o pé no chão, fazer tudo acontecer do jeito que queremos aqui.”

Hoje, o aplicativo já é sustentável. Tem motorista que depende só da nossa plataforma, consegue pagar suas dívidas, seu carro, levar sustento para casa, mas tem como crescer muito mais.

Vamos trabalhar o restante do ano para aumentar os números de corridas e os ganhos dos motoristas. E aí sim, começaremos a ir para as cidades vizinhas, levar o nosso formato, que onde chegarmos será um sucesso.

É melhor ganhar menos como empresa em valores, mas ganhar em quantidade. O número de corridas aumenta e você acaba ganhando o mesmo”, idealiza Rodrigo.

E Eduardo completa: “É muito gratificante ouvir um cliente ou motorista. Aqui temos nossas categorias: Comfort, PCD e Supermercado. O que aumentou muito foi a categoria Supermercado, pois temos muitos mercados grandes.

Às vezes, o motorista leva passageiro com compras de R$ 5,00, mas criamos a categoria Supermercado, onde o motorista ganha mais.

Enquanto a categoria PCD, vemos pessoas necessitando ir ao banco, receber benefícios. Pegamos carros com porta-malas grandes, fazemos a categoria PCD, e dá tudo certo. É muito gratificante quando a pessoa fala: “Esse aplicativo agora tem diferencial. Nunca aconteceu isso no 99, na Uber.” Isso faz a diferença”.

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