Gestor de aplicativo costumava fazer campanhas com prêmios de R$1.800 e detalha sua operação: “Os motoristas ficam com 90% do valor”.
Há três anos, Márcio Fogaça lidera a operação do Bora Floripa, app regional que atua em Florianópolis, São José, Palhoça e Biguaçu, no estado de Santa Catarina.
“Meu objetivo é custear exames, tratamentos e cirurgias de visão para pessoas carentes”, explica. Para isso, ele afirma que o Bora é um app que exige antecedentes criminais dos motoristas. O motorista só é aprovado se apresentar “bons antecedentes”.
Além disso, cita um recurso voltado especialmente para as mulheres, que podem solicitar corridas realizadas por outras mulheres. “Isso mostra nossa preocupação com a segurança das mulheres”, diz.
Sobre a segurança, Márcio conta: “O passageiro pode compartilhar a localização com alguém de confiança assim que entra no carro e inicia a corrida”.
A plataforma possui cerca de 22 mil passageiros cadastrados e 5 mil motoristas. As chamadas variam entre 4 e 5 mil por dia, enquanto as corridas realizadas ficam entre 2.500 e 3.000.
Quais são as ações de incentivo para os motoristas cadastrados?
A maior ação que tivemos com os motoristas foi deixar uma taxa mais justa. Mas, lógico, cada vez mais melhorando o app e crescendo, a gente pretende voltar a fazer incentivos. No início, fizemos muitos incentivos, como prêmios de R$ 1.800, prêmios de R$ 500. Isso ajuda muito no desempenho do motorista, porque, querendo ou não, isso incentiva o motorista a dar uma prioridade maior para o app.
Por exemplo, a gente tem formas de parcerias: troca de óleo, mecânica. Se o motorista bate a meta de uma quantidade X de corridas em um determinado período, ele pode ganhar uma troca de óleo.
Já fizemos incentivos em valores também: “Faça tantas corridas em tal período e ganhe tal valor X.” Teve uma promoção de incentivo com jogo de pneus, com valor de R$ 1.800 a R$ 2.000. Nenhuma outra plataforma fez isso, oferecendo um prêmio de quase R$ 2 mil para os motoristas.
Quais são os maiores desafios de ter um app regional? Como lidam com a concorrência com grandes plataformas, ou até mesmo outros apps regionais?
Os maiores concorrentes mesmo são as gigantes, como Uber e 99, porque elas têm uma demanda muito maior. Por exemplo, acontece no Bora, inclusive comigo, porque eu também sou motorista. Suponha que o motorista está com o Bora ligado e com a Uber ou 99. O app está chamando, mas daqui a pouco toca uma corrida da Uber ou da 99, e o passageiro desse app acabou de entrar no carro. Tocou uma corrida melhor no Bora, então o motorista escolhe. Isso é um relato comum dos motoristas.
Quais seriam os diferenciais do Bora para o motorista? Como definem as taxas?
Para o motorista, as corridas acontecem a partir de R$ 9. A maior concorrente, por exemplo, tem corrida mínima de R$ 5,50. A nossa taxa é fixa de apenas 10%, então 90% da corrida fica para o motorista.
No nosso sistema, se o motorista fizer uma corrida e o passageiro não pagar, ele entra em contato com o suporte, que faz o pagamento para ele. Depois, o suporte entra em contato com o passageiro. Se o passageiro realmente não pagar, ele é excluído do app. Então, o motorista tem a garantia de que não ficará no prejuízo, independentemente do valor da corrida.
No Bora, temos o botão de pânico, que aciona a central e todos os motoristas em um raio de 15 km. Assim, todos os motoristas na área recebem as informações e a localização do motorista em risco. Temos também grupos de motoristas para comunicação. Assim que o botão de pânico é acionado, tanto a central quanto outros motoristas podem ligar para verificar o que está acontecendo. É um auxílio quase que imediato.
Quanto um motorista faz, em média, na plataforma?
Os motoristas fazem entre R$3.500 a R$3.800 ao mês.
As corridas têm o mesmo valor que as da Uber e 99, ou são mais baratas?
Na corrida mínima, o passageiro paga praticamente a mesma coisa, mas como a taxa das outras é maior, o motorista acaba recebendo menos. Sobre valores, eles variam com a dinâmica. Em certos momentos, a dinâmica do Bora está um pouco mais alta que a da Uber e 99; em outros, elas estão mais altas.
Os passageiros dizem: “Ah, o Bora está um pouco mais caro que a Uber ou 99, mas eu só encontrei motorista no Bora.” Outras vezes, está mais em conta. Tentamos manter o valor do Bora, em média, equivalente ao da 99, que tem um valor mais justo para o motorista.
Quais são as suas expectativas para o futuro do Bora Floripa e para o mercado de mobilidade em geral?
Já tivemos muitos pedidos para expandir para outras regiões, como Blumenau, Balneário e Tijucas. Esperamos que, em um tempo razoável, consigamos levar o Bora para essas outras cidades próximas. E, na questão da mobilidade, temos que aguardar o que virá do governo, especialmente o projeto da PL 12.