Em um cenário onde muitos motoristas de aplicativo lutam para ultrapassar a média de ganhos mensais, Levy se destaca por alcançar faturamentos consistentes entre R$10 mil e R$13 mil, com lucro líquido que pode chegar a R$8 mil. Atuando em São Paulo e trabalhando com foco estratégico, ele afirma preferir a 99 Pop à Uber, alegando que a primeira oferece melhor remuneração por quilômetro e campanhas de incentivo mais vantajosas — só em março, foram quase R$2 mil em recompensas.
Seletivo nas corridas e com gestão rígida de custos, Levy mantém um ganho médio de R$3 por km e foca em produtividade por hora. Apesar dos bons resultados, ele é direto ao afirmar: “o sofrimento é certo”. Para ele, ser motorista é viável — mas exige inteligência financeira, disciplina e sacrifícios.
Desde quando você é motorista de app e por que escolheu essa profissão?
Levy: Na verdade, eu era coordenador de logística, trabalhava para um banco antes disso. Aí eu fiquei doente, tive um burnout por excesso de trabalho mesmo. Ainda estou me tratando disso — sinto que ainda não estou 100%.
Ser motorista de aplicativo, no início, foi mais uma forma de eu não ficar parado. Falei para minha esposa: “Vou trabalhar com aplicativo, ver como é que é. Dependendo de como for, beleza. Se não, tento voltar para o mercado de trabalho.” E acabou que estou nessa há um ano e seis meses, mais ou menos.
Como é a sua rotina de trabalho sendo motorista? Em qual cidade você atua? Você tem dias de folga? Quantas horas por dia trabalha?
Levy: Minha rotina é muito baseada em gestão. Como eu era coordenador de logística, trabalhar com números sempre foi algo essencial para mim. Hoje, levo meu trabalho como motorista da Uber como uma empresa de verdade. Cada centavo que entra e sai é registrado. Faço uma gestão completa em cima disso. Trabalho, em média, oito horas por dia, evitando ultrapassar muito esse limite. No fim de semana, como a demanda é maior, acabo trabalhando um pouco mais para fazer um dinheiro extra.
Normalmente, trabalho quase todos os dias. Hoje, por exemplo, não estou rodando porque coloquei o carro para manutenção e também é o dia do meu rodízio. Aproveitei para descansar e ficar em casa com minha esposa. Atuo na cidade de São Paulo, na capital, mas foco mais no meu bairro. Dificilmente aceito corridas longas ou que ultrapassem a Marginal. Criei uma área de atuação e não aceito corridas, independentemente do valor, que vão para o centro ou que me façam me deslocar mais de 15 quilômetros.
Você se considera um motorista seletivo? Usa algum app como StopClub ou DSW para identificar corridas mais rentáveis?
Levy: Com certeza. Se você entrar no meu perfil — tenho um pessoal e outro voltado para o aplicativo — vai ver que comecei recentemente a postar alguns dos meus ganhos. Consigo fazer um bom valor por quilômetro rodado no Pop. Eu só trabalho com a 99 Pop. Raramente uso a Uber. Só ligo a Uber quando está pagando um dinâmico muito alto. Caso contrário, nem abro o app.
Meu carro é um Fiat Mobi, e desde novembro venho conseguindo manter um ganho de aproximadamente R$3 por quilômetro. Por exemplo, fechei o último mês com faturamento de R$13.200. Nos últimos seis meses, tenho mantido sempre acima de R$10.000. Acredito que o segredo, no meu caso, é a constância. Estar na rua todos os dias, mesmo que o dia seja bom ou ruim, mantendo no mínimo seis horas de trabalho por dia.
Você comentou que prefere a 99 Pop. Muitos motoristas ainda optam pela Uber. Por que você não gosta tanto de trabalhar com a Uber?
Levy: A Uber paga muito menos, na minha opinião. Trabalhei com a Uber por muito tempo e, há seis meses, estou focado na 99. A Uber tem uma dinâmica ruim. Ela não oferece corridas curtas o tempo todo. Dá uma curta e, em seguida, oferece uma, duas, três longas — e eu não gosto de fazer corrida longa toda hora. Até faço, eventualmente, se for uma necessidade ou dependendo da demanda, mas isso é algo que avalio no momento.
Já a 99 tem um ritmo muito melhor. Você termina uma corrida curta e já recebe outra. E o pagamento por essas corridas curtas é muito bom. Na minha região, quando está no dinâmico 1.2 ou 1.3, já paga R$2,50 por quilômetro. Quando sobe para 1.7 ou 1.8, chega a quase R$3. Já vi corrida de 2 km pagando R$5 ou R$6, o que dá um valor de R$6 por quilômetro. Na minha visão, a 99 paga muito melhor. Dos R$13 mil que fiz esse mês, R$12 mil vieram da 99 e apenas R$1 mil da Uber.
Você falou que conseguiu faturar 13 mil. Você trabalha com metas diárias, semanais? Como se organiza?
Levy: Eu acho que para trabalhar, você precisa ter uma meta diária, que automaticamente vai te gerar uma meta semanal, e que vai te levar a uma meta mensal. Ou pode ser o contrário: você define um valor mensal e divide pelos dias que vai trabalhar para chegar na sua meta diária.
No meu caso, minha meta pessoal é fazer R$450 brutos todos os dias. Essa é minha meta pessoal. Eu preciso, em média, bater esses R$450 por dia para alcançar minha meta mensal de R$12 mil.
Mas é importante dizer que essa é a minha vontade, não a minha necessidade. Porque tem dias em que você quer fazer os 450, quer fazer 500, mas vê que a rua não está boa. Então eu trabalho com duas metas: a pessoal e a necessária.
E como você define essa meta necessária?
Levy: Tenho uma planilha com as contas fixas do mês, mais o custo do carro e tudo mais. Com base nisso, eu calculo quanto preciso fazer por dia para cumprir minhas obrigações mensais. Por exemplo, dentro do meu custo do mês, se eu preciso fazer uma meta diária de R$270 e consigo bater esses 270, mesmo que não chegue nos 450, eu vou embora para casa.
Mas eu só volto para casa depois que bato a minha meta necessária. Minha rotina é toda dividida assim: o que é pessoal, o que é necessário, o que eu gostaria de fazer e o que conversa com a minha realidade.
No mês passado, por exemplo, eu precisava de R$7.000 para pagar todas as contas da casa. Fiz R$13.000. Sobrou um valor que me ajudou a não arrastar pendências para este mês. Tanto que nos três primeiros dias agora de abril, quase não trabalhei. Hoje, por exemplo, não estou na rua, estou mais tranquilo. Mas a minha meta ainda é fechar o mês com os R$12 mil até o dia 30.
E como você se organiza com os gastos? A gente sabe que ser motorista de aplicativo tem muitos custos. Quanto você costuma gastar por dia com combustível? Você abastece de manhã ou tem alguma rotina específica?
Levy: Eu criei uma rotina de abastecer o tanque sempre no fim do dia. Faço isso para já sair de casa no dia seguinte com o tanque cheio. Costumo abastecer em média R$100 por dia. Não que eu use tudo isso de álcool diariamente, mas abasteço esse valor quase todo dia.
Criei uma “cúmula” de combustível para o dia seguinte. Se hoje, por exemplo, abasteci R$100, a média que eu gero com esse valor é de R$450 a R$500 de faturamento no dia. Então, meu gasto com combustível gira em torno de R$70 a R$100 por dia. O segredo, para mim, é que eu trabalho praticamente só no meu bairro. Não saio da minha região, que considero como o “quintal de casa”. É um raio de uns 10 a 12 km da minha casa.
Estou sempre por perto. Se preciso almoçar, venho em casa. Saio às 6h da manhã todo dia, e às vezes, por volta das 10h, se estou passando perto de casa e está com pouca demanda, dou uma parada, tomo um café.
Isso me traz mais qualidade de vida. Tem motorista que sai da zona sul e vai parar no extremo leste, por exemplo. Aí gasta mais para comer fora, e o custo do dia sobe.
Eu prefiro guardar os R$40 que gastaria em um almoço simples com refrigerante, e usar esse dinheiro no fim do dia para comprar mistura para a janta da casa. Então sempre que dá, avalio se posso almoçar em casa e evitar esse custo. Isso ajuda até a montar a compra da semana. Para diminuir meu custo, eu funciono assim.
E de lucro mesmo, desses 12, 13 mil que você consegue, quanto sobra tirando os custos?
Levy: Tirando os custos do carro, eu pago R$1.800 de parcela do veículo. De combustível, gasto entre R$2.300 e R$2.500 por mês. Já estamos falando de R$4.500 de custo fixo.
Aí somo mais uns R$500 de custo mensal geral, que inclui manutenção, desgaste, essas coisas — estou até chutando alto.
No total, o custo médio gira em torno de R$5.000. Então me sobra cerca de R$8.000. Com esse valor, eu vivo bem, pago minhas contas, viajo, guardo um dinheiro e compro coisas para casa. Numa média, o lucro vai de R$6.000 a R$8.000 quando faturo R$13.000.
O que mais te ajuda a bater essas metas altas? Tem algum segredo aí?
Levy: O que me ajuda muito, Giulia, e que eu acho que é o verdadeiro segredo, são as campanhas da 99. Muita gente critica o app por isso, mas é porque não sabe usar bem. Por exemplo, no mês passado, só de campanha, a 99 me pagou quase R$2.000.
Campanha como assim? Explica melhor.
Levy: São metas de corridas que eles colocam para você alcançar durante o dia. Anteontem, por exemplo, participei de uma que pagava R$74 por 16 corridas feitas. Fiz as 16 corridas em cerca de 4 horas, o que dá uma média de 4 corridas por hora. Esses R$74 somados ao valor das corridas nesse período aumentam muito meu ganho por hora, meu ganho por quilômetro, tudo melhora.
Então você foca muito no ganho por hora?
Levy: Sim. Eu criei um perfil de trabalho em que não aceito corridas que me deem menos de R$45 por hora. Às vezes, aceito corridas com um km mais baixo, mas se o ganho por hora estiver alto, compensa. Quanto mais dinheiro eu fizer em menos tempo, melhor. O desgaste do carro vai ser o mesmo.
Você comentou que a 99 paga melhor que a Uber. Você consegue ver quanto é a taxa que a 99 retém?
Levy: Consigo. Às vezes a taxa fica em 10%, já cheguei a pagar 9%. Tenho 37% de taxa de aceitação, 91% de finalização e uma avaliação de 4,4. Agora, por exemplo, a taxa dessa semana está em 19,33 %. Mesmo assim, em dois dias — segunda e terça — já fiz R$800 só na 99, mais uns R$100 e pouco na Uber, ou seja, bati R$900. Estou dentro da minha média de R$450 por dia trabalhado.
E o ganho mensal, como está?
Levy: Hoje é dia 9 e já fiz R$2.477 só na 99, fora uns R$200 ou R$300 na Uber. Em março, fechei com R$12.700 na 99. Em fevereiro, R$10.200. Janeiro foi mais fraco porque tirei oito dias de férias no fim do mês, mesmo assim fiz R$7.500. Se tivesse trabalhado o mês inteiro, teria dado quase R$11.000.
Em dezembro, fiz R$11.000 na 99 e mais uns R$3.000 ou R$4.000 na Uber. Em novembro, fiz R$7.000 na 99 e mais R$3.000 e pouco na Uber. Desde outubro venho fortalecendo meu uso da 99 e deixando a Uber um pouco de lado porque sinto que a 99 me paga melhor.
E quanto da sua renda em março veio de recompensa?
Levy: Só de recompensa, foram R$1.960. Tudo isso aqui que mostrei na tela agora são recompensas que alcancei ao longo do mês. E isso faz muita diferença. Dá um gás, te motiva a continuar na rua.
Na minha opinião, quando você tem essas campanhas para te impulsionar, você produz mais. Já a Uber, as campanhas são confusas. Eles te obrigam a estar em uma região específica para ganhar bônus, te limitam com raio de atuação. Na 99 é diferente. Eles colocam as regras, mas te deixam escolher: se quer ficar naquela região, se quer pegar corrida longa… Você tem liberdade, e continua ganhando dentro da campanha. Por isso prefiro a 99.
Na sua opinião, qual é a maior dificuldade que o motorista de app enfrenta hoje?
Levy: Os custos para dirigir, sem dúvida. Combustível caro, valor alto das parcelas do carro, juros de financiamento… Se o motorista não tiver isso bem planejado, bem definido na cabeça, não sobrevive. Se entrar achando que é só sentar, dirigir e contar dinheiro, não aguenta um mês. É preciso se preocupar com cada centavo que entra e cada centavo que sai. E tem também as taxas, tanto da Uber quanto da 99, que são altas. O custo de operação das plataformas, pelo que conheço, não justificaria cobrar tanto da gente. Se não fossem esses custos e essas taxas, a vida do motorista seria muito mais fácil.
E quanto à segurança? Você acha que isso também pesa?
Levy: Com certeza. A insegurança é outro grande problema. Tem muito risco: assalto, sequestro, situações perigosas. Tem corrida que você deixa de aceitar por medo, porque não conhece a região. E aí junta tudo: custo alto e medo de rodar em determinadas áreas. Esses dois fatores atrapalham demais a nossa rotina. Ganhar dinheiro e administrar bem esse dinheiro é o verdadeiro segredo. Não é todo motorista que consegue fazer isso, por isso muitos desistem rápido.
Você está há cerca de um ano e meio rodando como motorista, certo? Qual a sua visão de lá pra cá? Os aplicativos melhoraram, pioraram ou continuam iguais? Consegue fazer um comparativo?
Levy: Eu acho que piorou, principalmente a Uber. Na minha opinião, a Uber piorou bastante. Mas eu sou da seguinte opinião: a gente tem que se adaptar. Se a gente não for resiliente às mudanças e não souber se adaptar, vai sofrer — e eu não gosto de sofrer. Então procurei uma forma de trabalhar que não me afetasse tanto.
Acho que o caminho é esse: se adaptar às dificuldades e buscar soluções. Como te falei no começo, eu venho da gestão. Um dos meus principais papéis como gestor era encontrar soluções para problemas — e fazer isso de forma inteligente, estratégica, que trouxesse resultado.
É o que eu busco fazer no meu dia a dia como motorista. Tudo o que aprendi na logística, aplico hoje no carro. Tudo o que puder fazer para transformar meu trabalho na minha melhor empresa, eu vou fazer.
E quais dicas você daria para quem está começando agora? E você ainda acha que vale a pena ser motorista de aplicativo em 2025?
Levy: Olha, vendo tudo o que a gente vê por aí, tem gente que diz que isso aqui não é vida, não é profissão. Mas é, sim. E é uma profissão muito digna. Mas, se a pessoa tiver opção e possibilidade de fazer outra coisa, eu aconselho a procurar. Porque aqui o sofrimento é certo. Você ganha de um lado e perde do outro. Muitas vezes eu abro mão da convivência com a minha família, de estar em casa num domingo, porque sei que isso vai fazer diferença no meu ganho mensal — ou vai me trazer retorno lá na frente.
Então, a pessoa tem que entrar ciente do que vai ganhar e do que vai perder. Agora, se não tem nem um passarinho pra dar água, aí tem que cair pra dentro, ser inteligente e trabalhar. Caso contrário, vai acabar perdendo.
Para quem quiser acompanhar meu trabalho como motorista de app de perto, meu Instagram é @levy_driver.
Respostas de 3
Boa noite!
Gente não trabalho das 07:00 as 18:00 e não consigo ultrapassar os 300 bruto alguém pode me dar algumas dicas pra eu conseguir pelo menos 400,00 ?
Quanta história!
Para de mentir pô, você deve estar aproveitando para vender balinha no carro!
Golpe tá aí, cai quem…