No final de junho, o Postmates ganhou manchetes ao redor do mundo. O motivo? A Uber estaria preparando um oferta bilionária para sua aquisição.
A mobilidade urbana de passageiros ou encomendas está, cada vez mais, interligada.
Não à toa, grandes empresas de transporte de passageiros via aplicativo também acoplam em sua plataforma um serviço de entregas de alimentos. Uber e Uber Eats. 99 e 99 food.
Recentemente, os aplicativos também anexaram, em seu portfólio de serviços, o deslocamento de mercadorias e pequenas encomendas.
Foi assim que nasceram as categorias Flash e Direct da Uber, a 99entregas e o módulo de entregas, aqui da Machine.
Nesse cenário, as desenvolvedoras de tecnologia investiram “pesado” para aperfeiçoar seus serviços.
Assim, no final de junho de 2020, um aplicativo de entrega, desconhecido para o público brasileiro, passou a ganhar os noticiários do Brasil e do mundo.
Trata-se do Postmates, app americano de entrega de alimentos, similar ao iFood.
Segundo um dos principais jornais do mundo, The New York Times, a Uber estaria preparando uma oferta de 2,6 bilhões de dólares para adquirir o aplicativo.
Dessa forma, o Postmates se juntaria ao catálogo de empresas adquiridas pela gigante da mobilidade urbana, como a Careem (app de transporte do Oriente Médio), Jump (app de bicicletas elétricas), Otto (startup israelense de caminhões autônomos) e DeCarta (serviço de mapas).
Afinal, por quê, em uma das principais crises sanitárias e econômicas da história, a Uber pretende desembolsar tanto dinheiro nessa aquisição?
Um pouco da história da Postmates
O aplicativo foi fundado em 2011 pelos norte-americanos Sam Street, Sean Plaice e Batian Leahmann, atual CEO da empresa.
O Postmates foi um dos pioneiros no serviço de entregas de alimentos à domicílio.
Segundo o The New York Times, a empresa fez um sucesso instantâneo em cidades litorâneas, principalmente Los Angeles, contando com o apoio de celebridades como Kylie Janner, John Legend e Jared Leto que, inclusive, realizou um investimento no app.
No site da empresa – indisponível no Brasil -, o app afirma contar com mais de 600 mil restaurantes e mercearias catalogadas em quase 3 mil cidades.
O crescimento da empresa, nos anos seguintes à sua fundação, foi exponencial.
Segundo sua página do Wikipédia, e com informações confirmadas por portais de notícias dos Estados Unidos, em dezembro de 2014, o aplicativo completou sua milionésima entrega. Naquele momento, Postmates já contava com uma base de 6 mil entregadores.
Seis meses depois, o app já havia realizado 2,5 milhões de entregas.
Em novembro de 2017, a empresa chegou a abrir operação na Cidade do México. Porém, pouco mais de dois anos mais tarde, em dezembro de 2019, encerrou suas atividades no país, alegando falta de crescimento e estratégia de focar em seu país de origem.
Meses antes, em fevereiro de 2019, a empresa realizou movimentos para abrir seu capital na bolsa de valores. No entanto, o chamado IPO não foi adiante.
Na época, a agência de notícias Reuters revelou que a empresa estava avaliada em cerca de 1,85 bilhões de dólares. Além disso, havia conseguido arrecadar 675 milhões de dólares em onze rodadas de investimento.
Com o tempo, a Postmates passou a ter dificuldades com a concorrência. Em um ambiente tão disputado, como o mercado norte-americano, a empresa se viu desafiada por apps como a DoorDash, que detém a maior fatia do mercado no país, a Uber Eats e a GrubHub. A última foi comprada em junho de 2020 por 7,3 bilhões de reais pela Just Eats, um serviço europeu de entregas de alimentos.
Nesse cenário, a união da Uber e da Postmates começa a se desenhar.
Os motivos de uma possível aquisição pela Uber
Segundo dados de maio de 2020, colhidos pela Second Measure e publicado pela agência Bloomberg, a DoorDash possui 45% do mercado dos EUA, seguido pela recém vendida/adquirida Grubhub com 23%.
Em seguida, aparecem as principais envolvidas nessa “novela”, Uber Eats com 22% e Postmates com 8%.
Dessa forma, uma junção dessas duas empresas tem o potencial de se tornar a segunda maior companhia de entregas de alimentos via app do país. É o que indica o colunista de tecnologia da Bloomberg, Tae Kim.
Segundo ele, essa será mais uma chance para a Uber se consolidar no mercado, já que anteriormente também tentou adquirir a Grubhub, sem sucesso.
Ele explica que especialistas chegaram a se preocupar com uma possível junção da Uber com a Grubhub, visto que seria a união de duas empresas detentoras de boa parte do mercado.
“Então, enquanto a Grubhub teria sido um acordo melhor para Uber, com um maior tamanho do mercado e maior potencial de custo de sinergia, um acordo com a Postmates é melhor que nada”.
Dessa forma, o acordo caminha para ser uma forte tentativa da Uber de se consolidar no mercado de entregas de comida via app. Afinal, o mercado de transporte por aplicativo ainda tenta entender o impacto da crise, e as entregas crescem cada vez mais.
Atualização: Em 06 de julho de 2020, a Uber confirmou a aquisição da Postmates por 2,65 bilhões de dólares.