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“O motoboy consegue tirar líquido entre R$4 a R$5 mil”, afirma CEO de app de entregas

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Entregas e Coletas
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Wilhian Djones, CEO do “Entregas e Coletas”, diz que após pagar taxa fixa semanal, quanto mais entregas feitas, maior os ganhos do entregador.

Wilhian Djones é gestor do aplicativo Entregas e Coletas, um dos principais serviços de delivery da região de Dourados, Mato Grosso do Sul e destaque no cenário nacional. O início da trajetória de Wilhian no mercado de entregas foi marcado pela necessidade de sobreviver durante a pandemia, quando começou a trabalhar como motoboy. Essa experiência desencadeou a criação de um grupo de entregadores que, com o tempo, evoluiu para a formação do aplicativo “Entregas e Coletas”. Hoje, Wilhian se surpreende com a posição de gestor que ocupa, gerenciando aspectos técnicos e operacionais do negócio, uma reviravolta em sua carreira que ele nunca havia imaginado.

Sob sua gestão, o aplicativo “Entregas e Coletas” atingiu marcas impressionantes, como a realização de aproximadamente 1000 entregas por dia e um total de 1,3 milhões de entregas desde a sua criação. O aplicativo, que começou a partir de um simples grupo no WhatsApp entre entregadores e estabelecimentos, transformou-se em uma ferramenta importante para a logística local, apoiando pequenos empresários e mantendo um alto padrão de qualidade nos serviços prestados. 

O crescimento exponencial e o foco em bater recordes mensais demonstram o sucesso da estratégia de Wilhian e sua equipe, que buscam expandir o negócio mantendo a justiça e a satisfação tanto para os motoboys quanto para os estabelecimentos parceiros.

Gostaria que você contasse a sua jornada. Como você chegou até aqui?

Até aqui, percorri uma longa jornada. Minha trajetória até este ponto não foi fácil. Inicialmente, eu não tinha experiência com entregas de moto, pois minha especialidade era a logística de caminhões. Após anos nesse campo, decidi começar a fazer entregas de moto na minha cidade. Isso se deveu ao fato de eu viajar muito e querer passar mais tempo com minha família. No começo, enfrentei desafios por não ter experiência com motos, mas com o tempo e o apoio divino, as coisas começaram a melhorar. Com a prática, adquiri bastante conhecimento e me familiarizei com a realidade dos motoboys. Diante da necessidade de estar mais presente em casa, comprei uma moto e iniciei meu trabalho de entregas locais, aprendendo muito nesse processo.

Eventualmente, durante a pandemia, para sobreviver, me envolvi com uma plataforma de entregas, onde trabalhei em equipe como motoboy. No entanto, enfrentamos desafios, como taxas abusivas que diminuíam nosso lucro. Buscando inovação e melhores condições, criamos um grupo no WhatsApp que evoluiu para um aplicativo próprio, garantindo taxas justas para os entregadores. Esse sistema cresceu rapidamente, atraindo muitas empresas e entregadores. No entanto, a limitação do WhatsApp nos fez migrar para o Telegram, permitindo maior expansão.

Com o tempo, enfrentamos desafios de organização e demanda, especialmente nos finais de semana, levando a reclamações e dificuldades em manter o ritmo de trabalho. Inspirado por uma reportagem sobre um novo aplicativo em Campo Grande, comecei a explorar novas plataformas, sempre buscando melhorar e expandir nossos serviços de entrega.

Fui até a Machine e me encantei com a plataforma. É incrível! Quando a vi funcionando, soube que era o que eu e minha cidade precisávamos. Apesar das dificuldades iniciais e das dúvidas de alguns sobre o sucesso do projeto, persistimos e trouxemos o sistema para cá. Mesmo com obstáculos e críticas não desistimos. Nosso esforço valeu a pena e conseguimos implementar o aplicativo, que rapidamente ganhou a adesão das empresas locais. Inicialmente, usamos o Telegram para Entregas e Coletas, mas logo migramos para nossa própria plataforma, que mostrou um crescimento impressionante, com um aumento de 110% no segundo ano. Nosso objetivo agora é dobrar o número de entregas.

Nos tornamos uma equipe competitiva e um dos top 20 na plataforma da Machine. Todo o sucesso veio de muito trabalho duro e noites mal dormidas, já que prefiro trabalhar no período noturno. A transição do Telegram para nossa plataforma própria facilitou muito, especialmente na gestão de entregadores. Este projeto mostrou a importância de conhecer o negócio em todas as suas etapas, desde a gestão até o contato direto com clientes e entregadores.

Hoje, além de gerenciar o aplicativo, cuido da administração geral e das relações com empresas. Tenho sócios dedicados aos motoboys e à parte financeira, o que garante uma gestão eficiente e inovadora. Nunca imaginei empreender nesse ramo, mas o sucesso do nosso aplicativo Entregas e Coletas tem sido gratificante. Com uma gestão financeira sólida, continuamos a crescer e planejamos manter nossa história de sucesso por muito tempo.

O que você considera ser o grande diferencial da Entregas e Coletas?

Nosso serviço de entregas se destaca por sempre estar disponível, marcando nossa presença entre os líderes nacionais no ramo. Temos uma ampla rede de entregadores, o que nos permite atender a uma demanda constante, apesar de reconhecermos um pequeno déficit. Nosso compromisso é com a eficiência, visando um índice de sucesso em entregas de 95%, pois isso garante a satisfação do cliente.

Um dos nossos principais diferenciais é o suporte totalmente humanizado. Exceto fora do horário comercial, quando um sistema automático informa sobre nosso horário de funcionamento, todo o atendimento ao cliente é feito por pessoas reais, não por robôs. Esse suporte começa no momento da coleta do produto até a resolução de qualquer problema, onde a primeira ação é sempre compensar o cliente imediatamente, para só depois investigarmos o ocorrido.

A possibilidade de contato direto com os donos da empresa é algo que nossos clientes valorizam muito, pois garante que qualquer questão seja resolvida rapidamente, seja relacionada a entregas ou ao serviço de motoboys. Mantemos a comunicação aberta, disponibilizando até nossos contatos pessoais para urgências, demonstrando o compromisso com a qualidade e a resolução eficaz de problemas.

Nos orgulhamos especialmente da garantia que oferecemos, cobrindo o produto até a entrega ao cliente final. Em caso de qualquer contratempo, como acidentes que danifiquem o produto, a prioridade é sempre informar e compensar o cliente. Esse nível de atenção e solução rápida nos diferencia significativamente de outras plataformas e contribui para nossa alta taxa de sucesso.

Você acredita que as taxas praticadas pelo Entregas e Coletas são atrativas para os entregadores? Quanto um entregador ganha por mês com o trabalho?

Na minha cidade, o iFood enfrenta uma escassez de entregadores, o que dificulta a operação. A principal atividade aqui é a entrega de pedidos, e não cobramos dos motoboys por entrega realizada. Independente da quantidade de entregas feitas, eles pagam um valor fixo semanalmente. Por exemplo, um entregador pode ganhar uma quantia significativa através do aplicativo, sem custos adicionais por entrega. Atualmente, realizamos cerca de 30 mil entregas por mês e esperamos aumentar esse número para 40 mil no próximo mês. As taxas de serviço são totalmente assumidas pelos entregadores, o que é um grande atrativo, especialmente porque muitos aplicativos cobram por uso ou participação nos lucros, o que não fazemos. Temos uma demanda crescente de motoboys querendo se juntar a nós, mas limitamos o número para garantir boas condições de trabalho e remuneração justa para todos. Além disso, valorizamos a humanização e o sentido de comunidade entre os entregadores. Realizamos inclusões de novos motoboys a cada duas semanas, sempre presencialmente, para manter o equilíbrio entre o número de entregas e de entregadores, assegurando trabalho para todos sem saturar o mercado. Se o motoboy se dedicar exclusivamente ao Entregas e Coletas consegue tirar líquido entre R$4.000 a R$5.000. 

Portanto, apenas para esclarecer, vocês têm um controle rigoroso sobre o número de entregadores, certo? Não é qualquer pessoa que pode entrar, correto?

Certo, isso mesmo. Nós avaliamos todos que solicitam ativação e entram em contato pelo nosso WhatsApp. Nós organizamos um dia específico para a ativação de seus cadastros. Aqueles que conseguem entrar são selecionados por nós. Por exemplo, em uma semana, não reativamos ninguém que tenha saído anteriormente. Se numa semana adicionamos 30 motoboys e na semana seguinte, 10 saem, e na outra mais 10, então a inclusão dessa semana seria de 20 motoboys. Dessa forma, mantemos sempre o número exato de entregadores. Se precisarmos de mais motoboys, aumentamos o número de inclusões, sem reativar aqueles que já saíram. Não permitimos saídas no meio da semana. Alguns podem precisar viajar ou têm outros compromissos. Por exemplo, alguém que volta ao trabalho após um tempo fora nos mostra que há casos de pessoas que aproveitam as férias para trabalhar conosco. Como temos grandes universidades na cidade e muitos estudantes trabalhando conosco, eles podem precisar de uma pausa durante as semanas de prova para se dedicarem aos estudos, e nesses casos, eles não podem trabalhar naquela semana. Suas vagas são preenchidas imediatamente. Durante as semanas de inclusão, não realizamos reativações, apenas novas inclusões para manter o serviço funcionando adequadamente.

Existe vínculo empregatício entre o motoboy e o aplicativo?

Não existe uma relação formal de trabalho com o entregador. Isso ocorre porque o próprio motoboy tem a liberdade de escolher seu horário. Não impomos um horário fixo, como ter que começar às sete da manhã. Ele decide quando quer trabalhar. Por exemplo, ele pode optar por trabalhar uma hora por dia ou até oito horas. É flexível; ele pode trabalhar quantas horas quiser, sem restrições. Não exigimos que trabalhem em horários específicos nem criamos escalas de trabalho, como ter 50 entregadores no horário de almoço para evitar a falta de entregas. Não, não faço isso. Em vez disso, coordeno esforços. Por exemplo, aviso que o horário de almoço é movimentado e peço ajuda voluntária. Geralmente, todos colaboram e ajudam, então raramente ficamos com entregas pendentes. No entanto, em dias de chuva ou atividade intensa, os desafios aumentam. Por exemplo, temos dias extremamente quentes, alcançando até 43 graus, e também dias muito frios, com temperaturas abaixo de zero. Assim, enfrentamos dificuldades tanto no início quanto no meio do ano e precisamos estar preparados para tudo isso. Por isso, o número de motoboys é cuidadosamente ajustado para garantir que não faltem nem sobrem entregadores.

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Giulia Lang

Giulia Lang é líder de conteúdo do 55content e graduada em jornalismo pela Fundação Cásper Líbero.

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