Empresa utiliza IA e automação para revolucionar a logística e oferecer soluções inovadoras em um mercado competitivo.
Durante o Web Summit Rio, Thibaut Lecuyer, CEO da Loggi, abordou os desafios enfrentados pelas startups no Brasil e como a empresa lida com essas questões usando tecnologia. Citando Tom Jobim, que descreve o Brasil como um país “não adequado para principiantes”, Thibaut destacou que essas dificuldades também criam oportunidades para negócios inovadores.
“Na Loggi, a tecnologia é utilizada não apenas para adicionar uma camada superficial aos problemas existentes, mas sim para repensá-los desde o início. Desde a fundação da empresa, a tecnologia tem sido empregada para solucionar problemas de forma mais eficiente”
No mercado em que atua, a Loggi busca escalabilidade e crescimento rápido, utilizando, para isso, a tecnologia para movimentar pacotes e oferecer soluções. Segundo o CEO, enquanto a concorrência ainda utiliza métodos ultrapassados para transportar encomendas, como o arquivamento manual, a Loggi desenvolveu um aplicativo tecnológico que controla todo o fluxo de informações e embalagens, permitindo um crescimento rápido e eficiente. Atualmente, a empresa é a maior rede privada do Brasil, atendendo 91% da população.
O executivo ressaltou que a evolução da tecnologia foi fundamental para resolver problemas que a Loggi enfrentava há 10 anos. Por exemplo, algoritmos foram desenvolvidos para otimizar as rotas de entrega, reduzindo a distância percorrida e as emissões de CO2. A tecnologia tem sido aplicada diariamente para sugerir e otimizar as operações da empresa.
“A cada dia, melhoramos nossa tecnologia com base na experiência adquirida. Um exemplo é o nosso início como uma empresa de entrega local, movendo pacotes dentro da cidade. Quando expandimos para a entrega nacional, tivemos que conectar muitos pontos de partida e destino. Enquanto outros ainda usavam papel e caneta ou planilhas do Excel para gerenciar isso, percebemos que precisaríamos escalar e usar tecnologia”, afirma o CEO.
“Começamos a desenvolver algoritmos que nos ajudam a otimizar e sugerir a melhor rota. Isso foi especialmente útil quando tínhamos que despachar pacotes de São Paulo para Salvador. Precisávamos determinar se eles precisavam fazer paradas no Rio, em Belo Horizonte, no Espírito Santo ou em outro estado. Com a tecnologia, conseguimos otimizar nossa rede, percorrer menos quilômetros – reduzindo as emissões de CO2 – e entregar os pacotes mais rapidamente”, completa.
Quando questionado sobre a complexidade de lançar um serviço B2B como o Loggi Fácil que permite que qualquer pessoa envie um pacote para qualquer lugar do Brasil, Lecuyer explicou que essa expansão para novos serviços apresenta desafios adicionais devido ao aumento na escala de atendimento, mas a tecnologia e a escalabilidade da Loggi são fundamentais para lidar com esses desafios.
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“Quando estávamos começando, falávamos com 10 grandes varejistas, mas agora que abrimos para todos no Brasil, estamos falando com 210 milhões de habitantes que podem enviar um pacote de um lugar para outro. A complexidade está indo para outro nível. E quando você desce um nível e aumenta a complexidade, você está em uma escala onde, humanamente, não é viável e você precisa confiar na tecnologia, precisa confiar na escalabilidade que cria para fazer isso. E com isso, você cria grandes soluções”.
A integração entre o online e o offline também foi abordada. Lecuyer enfatizou a importância de treinar as equipes para entender a cultura e fornecer um bom atendimento ao cliente. A tecnologia é utilizada para agilizar os processos e fornecer informações precisas para as equipes de entrega, enquanto uma cultura interna de excelência no atendimento ao cliente é estabelecida.
Ao ser questionado sobre o uso das inteligências artificiais no mercado de logística, o executivo revela que enquanto muitos estão apenas começando a explorar o potencial da IA, a empresa utiliza essa tecnologia desde 2016. Seu modelo de Processamento de Linguagem Natural (PNL) aplicado à logística distribuída é reconhecido mundialmente e rendeu à Loggi um prestigioso prêmio de um dos seus principais investidores, com jurados do renomado Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Por meio da IA, a empresa tem aprimorado a otimização das rotas para a última milha de entrega. Ano após ano, os resultados têm sido impressionantes, com redução de até 17% na distância entre pontos de entrega. Em 2019, a Loggi conseguiu ultrapassar a marca de um quilômetro entre esses pontos, o que se traduz em entregas mais rápidas e eficientes. Além dos benefícios para a empresa e os clientes, essa otimização também contribui para a preservação do meio ambiente, reduzindo o consumo de combustíveis e o impacto ambiental.
“Além da IA, estamos explorando o potencial da IA generativa na logística. Reconhecemos que a IA generativa tem um desempenho excepcional no reconhecimento de linguagem e imagem. Acreditamos que podemos oferecer uma camada adicional de segurança aos nossos clientes, garantindo que a entrega seja feita com precisão e confiabilidade. Ao combinar sinais de GPS, informações de edifícios e o poder da IA generativa, podemos aprimorar ainda mais a qualidade dos nossos serviços”, explica o representante da Loggi.
Quanto ao futuro, o CEO enfatizou a importância de ter um processo sólido antes de aplicar a automação. Na Loggi, eles seguem esse princípio, garantindo que a automação seja aplicada após uma prova de conceito bem-sucedida e um processo eficiente já estabelecido.
Considerando a expansão para outros países, Lecuyer mencionou que a tecnologia e o modelo de operação da Loggi têm um diferencial em relação a outros lugares da América Latina. Embora a região enfrente desafios logísticos, a tecnologia e o conhecimento desenvolvidos pela empresa são vantagens competitivas únicas.
Com base nessa expertise, a Loggi está confiante de que pode expandir sua atuação e oferecer soluções inovadoras em outros países do mundo. A empresa está preparada para enfrentar os desafios logísticos e aproveitar as oportunidades de crescimento em mercados maduros.
No decorrer do painel, Lecuyer abordou a importância de construir capacidade para atender à crescente demanda do mercado de e-commerce. À medida que mais varejistas brasileiros percebem a dificuldade de competir com a velocidade e o custo oferecidos pela Loggi, eles estão retornando à empresa, o que demanda a criação de maior capacidade logística. Essa criação de capacidade é diferente de simplesmente aumentar os servidores em uma plataforma de nuvem, e a empresa está focada em alcançar esse objetivo para sustentar seu crescimento contínuo.
Ao final, o CEO expressou sua visão para o futuro da Loggi. Ele enxerga a empresa como um diferencial na logística não apenas no Brasil, mas também em outros grandes mercados. Espera-se que, em cinco anos, a Loggi seja cerca de cinco vezes maior do que é atualmente, mantendo seu potencial de crescimento. “Os funcionários se orgulharão das realizações da empresa e os clientes se beneficiarão das soluções inovadoras, resultando em uma experiência de entrega eficiente e satisfatória”, conclui Lecuyer.