Daniel Guth, diretor-executivo da entidade, explicou que veículo não polui, é barato, eficiente e chega onde outros veículos não chegam.
O diretor executivo da Aliança Bike, Daniel Guth, foi um dos convidados da audiência pública sobre os aplicativos de transporte e entregas na Câmara dos Deputados.
Guth trouxe dados de uma pesquisa realizada em 2019 e 2020 que revelou que 59% dos ciclistas que começaram a fazer entregas por aplicativos estavam desempregados anteriormente, e para 26%, essa foi a primeira oportunidade de emprego. “Com uma média de idade de 24 anos e 71% sendo negros, esses ciclistas moram a uma distância média de 11km dos locais onde fazem suas entregas. Eles percorrem uma distância significativa para chegar ao trabalho e para retornar às suas casas”, disse Guth.
O diretor também mencionou que a média de entregas diárias era de nove, com um rendimento mensal médio de R$ 936 em 2019. “81% dedicam seis dias por semana para fazer uma média de nove entregas por dia, o que é muito baixo. 35% indicaram que ter um local de apoio seria uma melhoria imediata importante, que os aplicativos poderiam implementar”, explicou.
Ele reforçou a importância da bicicleta como instrumento de logística, ressaltando suas vantagens como eficiência, baixo custo e não emissão de poluentes. No entanto, a falta de regulamentação adequada e a lógica de remuneração por entrega têm gerado uma sobrecarga nos trabalhadores. “O tempo que eles dedicam acaba sendo extremamente ocioso. A média de nove entregas por dia é um dos pontos fundamentais. Tudo isso tem que ser olhado como período trabalhado”, alertou Guth.
Além disso, Guth ressaltou a necessidade de maior valorização das entregas de última milha, criticando a cultura do frete grátis que precariza a remuneração dos entregadores. “Trabalhar num contexto no Brasil de melhorar a valorização das entregas de última milha é fundamental de uma forma sistêmica”, defendeu.
Ele sugeriu algumas políticas que poderiam ser implementadas para melhorar a situação desses trabalhadores, incluindo um programa de subsídio para a aquisição de bicicletas, a criação de espaços para alimentação e descanso, integração da bicicleta com outros modos de transporte, estacionamentos em espaços privados, e a obrigatoriedade de compartilhamento de dados pelas plataformas para o planejamento de políticas públicas. “A ausência de dados e da obrigatoriedade de compartilhar nos levam a um cenário de cegueira, de incapacidade de leitura de cenário para melhores políticas públicas”, concluiu.