Nas últimas semanas de dezembro, a realidade muda bastante para muitos motoristas de aplicativo. Apesar de o mês ser conhecido como o período de maior faturamento do ano, a verdade é que dezembro é curto — e não se comporta da mesma forma em todas as cidades.
Em regiões turísticas e cidades praianas, o movimento cresce forte depois do dia 20. Férias escolares, recesso de fim de ano e o deslocamento de turistas fazem a demanda disparar. Já em grandes capitais, como São Paulo, acontece justamente o contrário: a demanda começa a cair, mesmo em pleno dezembro.
Isso acontece porque o perfil de passageiros muda. Nas capitais, especialmente para motoristas das categorias Uber Black e Comfort, o público executivo praticamente desaparece. Corridas corporativas, Black Business e Comfort Business, muito comuns ao longo do ano, deixam de existir com o início das férias coletivas. O eixo financeiro — Faria Lima, bancos, escritórios, mercado corporativo — simplesmente para.
O motorista que não entende esse movimento acaba sendo pego de surpresa. Ele entra em dezembro acreditando que o mês inteiro será forte, mas não percebe que o faturamento pesado está concentrado, principalmente, nos primeiros 20 dias. Depois disso, o cenário muda: o movimento fica pontual e concentrado em datas específicas, como a véspera de Natal, o dia 25 e, novamente, a virada do ano entre o dia 31 e o dia 1º.
Esses dias são bons justamente porque muitos motoristas optam por ficar com a família, reduzindo a oferta de carros na rua. Mas fora essas datas, nas grandes cidades, a tendência é de queda clara na demanda — especialmente para categorias mais altas.
Já no litoral, o jogo muda. O número de passageiros aumenta bastante, mas junto com eles vem também uma grande migração de motoristas. Muitos descem para passar férias e aproveitam para trabalhar. Isso equilibra o mercado: há mais passageiros, mas também mais carros disputando as corridas.
Por isso, quando a pergunta é como se programar para dezembro, a resposta é quase sempre a mesma: trabalhar forte até o dia 20. Esse é o período em que o dinheiro realmente está circulando nas capitais. Depois disso, vale avaliar alternativas. Se o motorista tem onde ficar em uma cidade praiana e consegue se organizar, pode ser uma boa estratégia unir trabalho e descanso, aproveitando a alta do turismo nos últimos dias do mês.
Janeiro, por sua vez, já está logo ali. E as primeiras semanas costumam ser difíceis. É o mês em que muitos precisam tirar o pé, recalcular rotas, reduzir metas ou simplesmente aceitar que haverá dias em que o esforço será maior para alcançar o mesmo faturamento.
No fim das contas, dezembro não engana — quem engana é a expectativa. O mês paga bem, sim, mas apenas para quem entende o calendário, o perfil da cidade e o comportamento do passageiro. Quem se planeja, ganha. Quem não se planeja, sente o baque justamente quando acha que deveria estar ganhando mais.