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Dezembro não é bom o mês inteiro: depois do dia 20, a demanda some nas capitais e pega muitos motoristas de surpresa

Enquanto cidades turísticas entram em alta, grandes centros como São Paulo perdem o público corporativo — e quem não entende esse ciclo trabalha mais e fatura menos.

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Opinião
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Daniel Piccinato para o 55content.
Daniel Piccinato para o 55content. (Foto: Acervo pessoal)

Nas últimas semanas de dezembro, a realidade muda bastante para muitos motoristas de aplicativo. Apesar de o mês ser conhecido como o período de maior faturamento do ano, a verdade é que dezembro é curto — e não se comporta da mesma forma em todas as cidades.

Em regiões turísticas e cidades praianas, o movimento cresce forte depois do dia 20. Férias escolares, recesso de fim de ano e o deslocamento de turistas fazem a demanda disparar. Já em grandes capitais, como São Paulo, acontece justamente o contrário: a demanda começa a cair, mesmo em pleno dezembro.

Isso acontece porque o perfil de passageiros muda. Nas capitais, especialmente para motoristas das categorias Uber Black e Comfort, o público executivo praticamente desaparece. Corridas corporativas, Black Business e Comfort Business, muito comuns ao longo do ano, deixam de existir com o início das férias coletivas. O eixo financeiro — Faria Lima, bancos, escritórios, mercado corporativo — simplesmente para.

O motorista que não entende esse movimento acaba sendo pego de surpresa. Ele entra em dezembro acreditando que o mês inteiro será forte, mas não percebe que o faturamento pesado está concentrado, principalmente, nos primeiros 20 dias. Depois disso, o cenário muda: o movimento fica pontual e concentrado em datas específicas, como a véspera de Natal, o dia 25 e, novamente, a virada do ano entre o dia 31 e o dia 1º.

Esses dias são bons justamente porque muitos motoristas optam por ficar com a família, reduzindo a oferta de carros na rua. Mas fora essas datas, nas grandes cidades, a tendência é de queda clara na demanda — especialmente para categorias mais altas.

Já no litoral, o jogo muda. O número de passageiros aumenta bastante, mas junto com eles vem também uma grande migração de motoristas. Muitos descem para passar férias e aproveitam para trabalhar. Isso equilibra o mercado: há mais passageiros, mas também mais carros disputando as corridas.

Por isso, quando a pergunta é como se programar para dezembro, a resposta é quase sempre a mesma: trabalhar forte até o dia 20. Esse é o período em que o dinheiro realmente está circulando nas capitais. Depois disso, vale avaliar alternativas. Se o motorista tem onde ficar em uma cidade praiana e consegue se organizar, pode ser uma boa estratégia unir trabalho e descanso, aproveitando a alta do turismo nos últimos dias do mês.

Janeiro, por sua vez, já está logo ali. E as primeiras semanas costumam ser difíceis. É o mês em que muitos precisam tirar o pé, recalcular rotas, reduzir metas ou simplesmente aceitar que haverá dias em que o esforço será maior para alcançar o mesmo faturamento.

No fim das contas, dezembro não engana — quem engana é a expectativa. O mês paga bem, sim, mas apenas para quem entende o calendário, o perfil da cidade e o comportamento do passageiro. Quem se planeja, ganha. Quem não se planeja, sente o baque justamente quando acha que deveria estar ganhando mais.

Foto de Daniel Piccinato
Daniel Piccinato

Daniel começou a trabalhar como motorista de aplicativos em 2016, buscando maior estabilidade após sentir insegurança na empresa onde estava. Inspirado por conversas com o filho do dono, ele logo se uniu a outros motoristas em um grupo de WhatsApp, onde trocava dicas para melhorar seu desempenho. Em 2018, criou um canal no YouTube para compartilhar orientações sobre horários e estratégias de trabalho. Com o sucesso, expandiu para o Instagram em 2020, continuando a ajudar motoristas ao compartilhar sua experiência.

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