O motorista de aplicativo Thiago Pereira cobrou transparência das plataformas sobre as taxas aplicadas aos motoristas e os valores arrecadados por corrida. O posicionamento foi apresentado durante o debate sobre a Regulamentação do Serviço de Transporte Plataformizado, realizado em Porto Velho (RO), na segunda-feira (10).
Segundo Pereira, as empresas devem abrir seus dados financeiros à Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados para esclarecer quanto retêm e quanto repassam aos trabalhadores.
“As empresas deveriam abrir para a comissão os ganhos que têm em cada corrida. Há casos em que cobram taxa de serviço e ainda descontam uma porcentagem do motorista. Se já há uma taxa, por que também reter parte do valor?”, questionou.
O motorista afirmou que, em diversas viagens, as plataformas ficam com até 40% do valor total, enquanto os custos operacionais e riscos ficam com o trabalhador.
“É inadmissível que uma corrida de R$ 20 resulte em apenas R$ 12 para o motorista, que arca com combustível, manutenção e insegurança nas ruas”, disse.
Pereira também criticou bloqueios e suspensões por baixa taxa de aceitação, alegando que o modelo limita a autonomia do motorista para recusar chamadas por razões de segurança.
“Se o motorista não atende chamadas, pode ser bloqueado. Somos nós que estamos na rua e decidimos o que é seguro”, afirmou.
Ele apontou ainda falta de transparência algorítmica, dizendo que motoristas com maior aceitação recebem corridas melhores, enquanto os demais ficam com viagens menos vantajosas.
“Quem aceita mais corridas é favorecido pelo aplicativo. Quem tem taxa mais baixa fica com as piores viagens”, relatou.
Pereira concluiu defendendo regras claras que garantam previsibilidade e equilíbrio na relação entre plataformas e trabalhadores.
“A nossa luta está começando. Precisamos de regras que assegurem transparência e respeito”, concluiu.