Foi publicada uma pesquisa do Datafolha sobre nós, motoristas de aplicativo, e eu quero comentar alguns pontos que chamaram a minha atenção. Essa pesquisa, encomendada pela própria Uber, foi feita entre maio e agosto de 2025 e ouviu 1.800 motoristas em cinco regiões do país.
Segundo o levantamento, seis em cada dez motoristas não querem carteira assinada. E mais: 54% afirmam que deixariam a atividade se fossem registrados em CLT. Já 34% aceitariam o registro. Isso mostra que a maioria de nós quer continuar como autônomo, mas ainda assim busca segurança e respeito.
A pesquisa também revelou que 93% dos motoristas consideram a liberdade o principal motivo para trabalhar com aplicativos. E é verdade. Eu mesmo gosto de poder ligar o aplicativo quando quiser, escolher meus horários e ter essa autonomia que o trabalho formal dificilmente permitiria.
Mas quero deixar uma coisa clara: eu não quero CLT, mas também não quero abrir mão dos meus direitos. Não é porque não temos carteira assinada que devemos perder férias, décimo terceiro ou qualquer outro benefício trabalhista.
Outro dado que me chamou atenção é que a principal preocupação dos motoristas não é a segurança, mas a manutenção do carro. Quase metade dos entrevistados (49%) disse se preocupar mais com os custos de manter o veículo do que com o risco de assaltos (37%) ou de ficar sem renda em caso de acidente (36%). Isso mostra como o custo pra rodar pesa cada vez mais no nosso dia a dia.
Também achei interessante que 52% dos motoristas gostariam de ajuda do governo na forma de subsídios ou linhas de financiamento para trocar de carro, mas rejeitam a intermediação direta do Estado. Ou seja, a maioria quer apoio, mas sem perder a autonomia.
Hoje, enquanto o STF e o Congresso discutem a regulamentação do nosso trabalho, eu acredito que o foco deveria ser outro: garantir autonomia com direitos. Não queremos carteira assinada, mas queremos ter proteção. Queremos trabalhar pela Uber, pela 99, mas com segurança e reconhecimento.
“A gente quer liberdade, mas não abre mão dos nossos direitos.” Essa é a frase que resume bem o que penso — e o que muitos motoristas também sentem.