A pressão funcionou. Depois de toda a confusão envolvendo a nova lista de veículos da Uber para 2026, a empresa voltou atrás e anunciou que o Citroën Basalt vai poder rodar na categoria Black. Mas calma, tem um porém: só vai poder rodar quem cadastrar o carro até o dia 31 de dezembro de 2025. Ou seja, se o motorista comprar ou alugar um Basalt em 2026 e tentar cadastrar, não vai conseguir.
Como tudo começou?
Tudo isso começou depois daquela atualização da lista da Uber para o ano de 2026, que pegou muita gente de surpresa. A empresa simplesmente trocou boa parte dos veículos aceitos na categoria Black, e vários modelos saíram, como o Renault Kadjar e o Hyundai Kona. Mas o que realmente pegou todo mundo de jeito foi quando a Uber tirou o Citroën Basalt da lista.
Um carro que tinha menos de um ano na plataforma, que era aceito no Black, e de repente fora. Isso causou revolta, porque o Basalt tinha virado um dos modelos mais comprados por motoristas de aplicativo. E por dois motivos simples: preço acessível e entrada garantida na categoria Black.
A mudança que “furou a bolha”
Quando essa nova lista foi publicada, no começo de outubro, muita gente ficou indignada. Teve motorista que tinha acabado de financiar o carro. A notícia se espalhou, virou pauta em vários portais e canais, inclusive de quem nem costuma falar de mobilidade urbana. Como eu costumo dizer, “furou a bolha”.
A pressão foi enorme nas redes sociais. Motoristas marcaram a Uber em massa no Instagram, no X, no Facebook. E eu acredito que até processos podem ter sido abertos contra a empresa. Resultado: a Uber cedeu. Deu um ano de extensão para o Basalt continuar rodando no Black.
O tamanho do impacto?
Um colega meu que trabalha em montadora me contou que a Citroën teve muitos cancelamentos de pedidos do Basalt por causa dessa confusão. Não é informação oficial, mas faz sentido. Eu já tinha adiantado isso nas minhas redes: o Basalt estava vendendo bem, tanto para motoristas quanto para locadoras.
As próprias locadoras vinham comprando o carro em volume alto, porque ele era barato, bom e tinha ótimo custo-benefício para o Uber Black. A demanda estava forte, tanto para venda quanto para aluguel. E aí, do nada, a Uber muda as regras e bloqueia o modelo para 2026. É claro que gerou comoção.
Uber recua (parcialmente)
No dia 27, a Uber publicou oficialmente a atualização: todos os Basalt cadastrados até 31 de dezembro de 2025 continuam sendo aceitos até 31 de dezembro de 2026. Isso vale para todas as categorias, incluindo a Black. Os motoristas receberam a mensagem no aplicativo Driver, e o site da Uber já foi atualizado com a nova regra.
Mas atenção: só o Citroën Basalt foi mantido. Outros carros que também saíram da lista, como o Kardian, o Kona e outros modelos do Black, não voltaram.
Um “cala a boca” disfarçado de solução
Na prática, o que a Uber fez foi dar um “cala a boca” para os motoristas. Deu um ano de respiro para quem tem o Basalt, mas deixou todos os outros de fora. Segundo informações que eu tive, só a Citroën e as locadoras somaram mais de 5 mil cancelamentos por causa dessa decisão. Isso, com certeza, mexeu com o mercado e pegou muito mal para a empresa.
E é justamente isso que me incomoda: a Uber não reconhece o impacto que causa. Ela muda as regras de uma hora para outra, sem previsibilidade, sem pensar em quem investiu pesado acreditando que ia trabalhar no Black por anos, não por um ano apenas.
Sim, a pressão popular funcionou. Mas é pouco. Um motorista que compra um carro para o Black esperando retorno em longo prazo não pode ser tratado assim. A Uber até “deu com uma mão”, mantendo o Basalt, mas “tirou com as duas” ao não devolver os outros veículos.
Essa decisão mostra mais uma vez como a empresa reage só quando a situação explode, quando a imagem dela começa a ser afetada. Enquanto isso, o motorista continua sendo o lado mais fraco da história.
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