Não se surpreenda se a quantidade de mulheres motoristas na Uber aumentar significativamente de agora em diante no Brasil. A empresa acaba de trazer para cá uma opção que já existe há um bom tempo nos Estados Unidos: o Uber só para mulheres, ou, como ela prefere chamar, “mulheres motoristas” ou “preferência por mulheres”.
De cara, pode parecer uma novidade, mas não é bem assim. Já há alguns anos, as mulheres que dirigem pela Uber podiam configurar suas preferências para receber apenas solicitações de passageiras. A diferença agora é que as passageiras também poderão escolher viajar só com motoristas mulheres. E isso muda tudo.
O que eu acho
Pode até não parecer fácil de começar, mas o impacto, meu amigo, pode ser enorme. Metade do público que utiliza o transporte por aplicativo é feminino. Metade! Agora imagine que essa parcela de passageiras comece a solicitar corridas exclusivamente com motoristas mulheres. A demanda vai explodir.
Num primeiro momento, claro, não haverá motoristas suficientes para atender todas essas solicitações. Mas você acha que a Uber vai ficar de braços cruzados vendo a oportunidade passar? É claro que não. Assim que ela perceber que não tem motoristas mulheres em número suficiente, vai deflagrar uma campanha para atrair mais mulheres para dirigir. E é aí que acende o alerta.
Concorrência nova
Porque, veja bem, se a quantidade de mulheres motoristas aumentar a ponto de atender toda a demanda feminina, isso significa que a quantidade de viagens disponíveis para nós, homens motoristas, vai diminuir. Ou seja, a concorrência vai aumentar, e muito.
Mas calma, não precisa entrar em desespero. Por enquanto, a novidade está em fase de testes e em poucas cidades. Além disso, há um detalhe que pode frear um pouco esse crescimento: as passageiras não poderão solicitar esse tipo de corrida imediatamente, como fazem com o X, Comfort ou Black. Essa nova opção vai funcionar apenas pelo Uber Reserve.
Mais caro?
E o Uber Reserve, você sabe, é mais caro. Se hoje uma viagem de Uber Black custa R$ 80, no Reserve o mesmo trajeto sai por R$ 120 ou mais. Isso vale inclusive para a opção “só motoristas mulheres”. E aí vem o ponto: será que as passageiras vão topar pagar essa diferença?
Muita gente vai pensar duas vezes. A mulher olha lá o aplicativo e vê: o X está R$ 30, o Comfort R$ 50, o Black R$ 80, e o Reserve R$ 130. É claro que ela vai pesar no bolso antes de decidir.
E se não tiver motorista mulher disponível?
A própria Uber já avisou: se não houver uma motorista disponível para atender o pedido, o aplicativo vai informar à passageira e encaminhar um motorista homem muito bem avaliado. Ou seja, o sistema não vai travar.
Seja como for, é esperar para ver o que vai acontecer. Mas eu arrisco o palpite: esse negócio pode, sim, impactar significativamente todo o ecossistema da Uber. E no fim das contas, quem pode acabar pagando a conta somos nós, os motoristas homens.
Um abraço e até o próximo encontro. Fui!