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Motorista influenciador vira sócio de app de mobilidade: “Pagamos R$ 17 em corridas que custariam R$ 5,51 na Uber”

App regional da Baixada Santista cobra taxa de 10% por corrida e mínima de R$ 10 em corridas de até 1km: "Há corridas de 7,7 km por R$ 55."

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Entrevista
Conversas com especialistas, gestores e profissionais do setor, com perguntas conduzidas pela equipe do 55content.
Carro roxo estacionado na rua à noite, com o logotipo “013 mobi” estampado na lateral, iluminado por luzes coloridas.
Foto: Divulgação/013 Mobi

A história do 013 Mobi, aplicativo de transporte nascido na Baixada Santista (SP), começa com uma frustração e uma ideia antiga. O programador Sidnei Rodrigues, há 15 anos na área de tecnologia, sonhava desde 2016 em desenvolver uma alternativa local às grandes plataformas — um sistema que cobrasse tarifas mais justas e valorizasse o motorista.

“Na época, até comecei os estudos, mas logo surgiu uma empresa grande na região com marketing pesado. Achei que não teria espaço e deixei o projeto de lado”, relembra Sidnei. A região em questão era São Vicente e entorno — Santos, Guarujá, Praia Grande e Cubatão —, onde as big techs já vinham disputando espaço com aplicativos menores.

A ideia só voltaria à tona em 2023, após um episódio pessoal. “Um primo meu trabalhava como motorista de aplicativo e acabou perdendo o carro e a renda. Eu sabia que podia criar uma tecnologia do zero e quis ajudar”, contou. Com experiência sólida e boa fase financeira, ele decidiu finalmente tirar o plano do papel. “Eu fiz os cálculos e vi que era possível criar um app sustentável cobrando tarifas justas, sem explorar ninguém”, disse.

Da ideia à prática — e um reforço estratégico

O desenvolvimento do 013 Mobi começou no início de 2024. Sidnei trabalhou sozinho durante cerca de oito meses, até perceber que precisaria acelerar a entrega. “Eu cheguei a um ponto em que o projeto estava bem encaminhado, mas ainda levaria tempo. Para não comprometer minhas finanças, procurei retomar trabalhos fixos e comecei a olhar soluções já existentes no mercado”, explicou.

Nesse processo, conheceu a Gaudium, empresa especializada em tecnologia para mobilidade, e decidiu integrar suas ferramentas para lançar o app. “Isso me permitiu começar antes, testar o mercado e ver se haveria aderência dos motoristas”, contou.

Mesmo com a tecnologia pronta no início de 2025, o lançamento atrasou por questões burocráticas nas lojas de aplicativos. “Queríamos lançar no aniversário de São Vicente, mas demorou mais por conta das autorizações da Apple Store e do Google Play”, relembra.

O 013 Mobi finalmente foi ao ar entre abril e maio de 2025 — mas o início foi mais difícil do que o esperado. “Eu imaginava que os motoristas iriam aderir rápido, mas enfrentei resistência. Muitos diziam: ‘você não é motorista, não entende a nossa realidade’”, contou Sidnei. Foi aí que o caminho do aplicativo cruzou com o de Luan Felipe Monzoli, motorista experiente e influenciador digital da Baixada Santista.

“Quando o Luan entrou, tudo mudou. Ele tinha a voz que eu não tinha dentro da categoria. As mesmas coisas que eu dizia, ele falava e os motoristas ouviam”, relatou. Para o programador, a sociedade foi um divisor de águas: “Deveria ter feito isso desde o início. Eu sou programador, mas vivo das mesmas dores de qualquer trabalhador: a luta para pagar as contas, para ter renda. Os motoristas passaram a me motivar a continuar.”

Um motorista com voz ativa

Luan Felipe Monzoli conheceu o projeto em setembro de 2025, por indicação de amigos em comum. “O Sidnei me chamou, explicou a proposta e disse que estava com dificuldade em convencer os motoristas de que era um app bom. Quando analisei, percebi que a ideia era realmente sólida — justa e viável”, contou Luan.

O motorista, que tem forte presença nas redes sociais, aceitou o convite para se tornar sócio e embaixador da marca, focando em divulgação e relacionamento com os condutores. “Hoje o Sidnei é o sócio majoritário, mas trabalhamos juntos. Eu fico mais à frente do diálogo com os motoristas e dos materiais de conscientização com os passageiros”, explicou.

A parceria começou há pouco mais de um mês, mas já trouxe resultados perceptíveis. “Ele tinha lançado o aplicativo lá por abril, mas o crescimento estagnou. Agora, com a comunicação voltada aos motoristas, o app voltou a reagir”, disse Luan.

Hoje, o 013 Mobi atua nas nove cidades da Baixada Santista — Bertioga, Guarujá, Santos, São Vicente, Cubatão, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe —, com foco atual em São Vicente, Santos e Praia Grande, onde a operação é mais intensa. “A pretensão é abranger toda a região, de Bertioga a Peruíbe, com presença estável e motoristas ativos em cada cidade”, concluiu Sidnei.

Tarifas equilibradas e ganhos reais

O 013 Mobi nasceu com uma proposta simples: equilibrar o valor pago pelo passageiro e o ganho do motorista. “As grandes plataformas cobram tarifas altíssimas, de até 40% na Uber e 30% na 99. Isso destrói a margem do motorista”, explicou Luan.

Ele cita exemplos comuns. “Uma corrida de R$ 30, em 20 quilômetros, às vezes paga menos de R$ 2 por km rodado. E quando o motorista vai ver, o passageiro pagou R$ 50, R$ 53. É revoltante. O motorista perde porque ganha pouco, o passageiro perde porque paga muito.”

No 013 Mobi, a lógica é inversa. “Nosso foco é tarifa justa. O passageiro paga um valor que entende como razoável, e o motorista ganha de forma digna. A taxa média é de 10% por corrida — às vezes até menos”, disse. Segundo Sidnei, o ticket médio das viagens gira em torno de R$ 13 a R$ 20, e a tarifa de repasse para o app fica em torno de R$ 1,80 por corrida, valor fixo que garante previsibilidade.

“A ideia é que o motorista saiba exatamente quanto vai pagar, sem surpresas. É um modelo que valoriza quem trabalha e cria confiança entre as partes”, completou.

Tarifas e remuneração

A corrida mínima da 013 Mobi é de R$ 10 para deslocamentos de até 1 km; acima desse limite, o valor sobe progressivamente. Ele afirma que o formato tem reduzido rejeição de corridas curtas e encurtado o tempo de espera: houve registros de viagens curtas a R$ 15 e de 7,7 km por R$ 55 em horário de maior demanda.

De acordo com Sidnei Rodrigues, quando a corrida é paga no cartão, o valor pode ser solicitado no dia útil seguinte à liquidação do intermediário financeiro; quando é Pix direto ao motorista, a taxa de 10% é compensada via saldo que pode ficar negativo e é abatida em corridas futuras pagas com carteira do passageiro ou quitada via transferência. Neste início, os saques são processados manualmente via WhatsApp “para controle contábil”, com função de saque automático pronta para habilitação após estabilização operacional.

Comparativo com grandes plataformas

Durante a entrevista, Luan mostrou capturas de tela de uma corrida recente: um passageiro que andaria pouco mais de 1 km pagou quase R$ 17 no 013 Mobi, enquanto a mesma viagem custaria R$ 5,51 na Uber. “É três vezes mais, mas o motorista finalmente recebe um valor digno. A Uber é uma empresa bilionária e ainda paga R$ 5,50 por corrida mínima — é absurdo. Ninguém consegue se manter com isso”, afirmou.

Ele acrescentou que o modelo da 013 Mobi busca corrigir distorções da concorrência. “Não é barato ser motorista: tem combustível, manutenção, troca de óleo, prestação do carro. Não dá para trabalhar ganhando R$ 5 por corrida. E o passageiro também entende isso — se quer ser atendido rápido e bem, precisa pagar um valor justo”, disse.

Resultados e destaques operacionais

Mesmo em estágio inicial, alguns condutores já se destacam. Douglas, motorista do Guarujá, foi um dos primeiros a apostar na plataforma e, no primeiro mês, faturou R$ 250 com cerca de 10 corridas, ainda em fase de testes. “Ele acreditou desde o início e virou um símbolo para a gente. Se tivéssemos começado com 50 motoristas como o Douglas, o app teria decolado muito antes”, disse Sidnei.

Com o aumento das divulgações e a entrada de novos condutores, o ritmo acelerou: “Hoje já esperamos fechar o mês com 400 a 500 corridas, e em novembro queremos bater mil. A meta real é chegar a 1.000 a 5.000 corridas por dia até 2026”, afirmou Luan.

Adoção e crescimento na Baixada Santista

Na aquisição e ativação de oferta, Luan relata que o esforço do último mês — concentrado em Stories, grupos regionais de WhatsApp e distribuição de materiais com QR code — adicionou mais de 1.200 passageiros e levou a base a quase 500 motoristas cadastrados na Baixada Santista. Segundo Sidnei, o volume de corridas finalizadas saiu de 2–3 por dia (cerca de 100/mês) para 10–20 por dia.

A prioridade, porém, tem sido formar oferta online antes de campanhas de massa ao público final: no dia do bug nacional da 99, o aplicativo registrou 134 chamadas não atendidas em 24 horas, o que, na avaliação de Luan, indica a necessidade de pelo menos 150 motoristas online simultaneamente para absorver picos de demanda.

Qualidade e experiência do passageiro

Para padronizar a experiência, o cadastro de condutores exige fotos do veículo (frente, traseira e laterais), usadas na avaliação de conservação. “O objetivo é padronizar o atendimento e garantir conforto”, diz Luan. Ele acrescenta que motoristas têm divulgado resultados em grupos locais e que o boca a boca tem acelerado a adesão, especialmente em corridas curtas, que agora são mais aceitas por conta da mínima de R$ 10.

A comunicação com a base também busca manter os condutores online (e não apenas conectados), condição que o app considera crítica para iniciar divulgação em massa aos passageiros e garantir a fluidez das corridas.

Pagamento, promoções e saldo

Sidnei explica que parte dos motoristas aguarda acumular valor antes de solicitar saque para “ajudar o caixa” no início da operação, enquanto outros fazem resgates imediatos para testar o fluxo de pagamento. Ele comenta que promoções de primeira corrida — como 30% de desconto ou saldo em carteira — são usadas para que passageiros experimentem o app, e que esses créditos ajudam a abater automaticamente saldos negativos de taxas quando o motorista recebe via carteira do passageiro.

Planos e expansão regional

A operação trabalha com metas de atendimento presencial na região. Luan afirma que a empresa pretende instalar uma sede em São Vicente e pontos de apoio para motoristas, em resposta à ausência de suporte físico das grandes plataformas no litoral paulista. Segundo ele, o objetivo é manter a taxa máxima de 10%, expandir a base online e consolidar o app como alternativa justa para passageiros e motoristas da região.

A ideia, inspirada por experiências como a do ex-vereador paulistano Marlon Luz, é oferecer infraestrutura básica de conforto e manutenção: uma área para lavagem rápida do veículo, aspirador e vap, sala de descanso com TV, cozinha com micro-ondas e mesa. “O motorista vai poder parar, comer sua marmita, dar uma higienizada no carro e voltar revigorado. É sobre qualidade de vida e respeito a quem trabalha”, explicou Luan Felipe.

O conceito, reforça Sidnei Rodrigues, é que o aplicativo pertence ao motorista. “O app é dele. É para que ele trabalhe melhor, ganhe mais e viva com mais dignidade”, afirmou. A dupla reconhece que hoje, nas grandes plataformas, a renda digna exige jornadas exaustivas: “O motorista que diz que ganha bem rodando seis ou sete horas por dia está se iludindo — na prática, precisa rodar 12 horas ou mais”, comentou Luan.

Expansão gradual e foco em oferta ativa

Os sócios reforçam que a prioridade do 013 Mobi neste momento é consolidar a base de motoristas online para garantir que o passageiro seja atendido sempre que chamar. “Não faz sentido divulgar amplamente para o público se não há estrutura suficiente de oferta. Primeiro precisamos estar prontos para atender”, disse Sidnei. A plataforma atingiu recentemente um recorde de 60 motoristas simultaneamente conectados, superando a média anterior de 30 a 50.

Nos últimos 30 dias, o aplicativo cresceu de forma consistente, saltando de poucos cadastros ativos para 1.250 passageiros registrados e cerca de 600 motoristas. “Com 150 motoristas online, já é possível atender 500 chamadas diárias de forma equilibrada. A equação funciona”, explicou Luan. Ele acrescenta que, para preservar o equilíbrio entre oferta e demanda, a empresa pode limitar novos cadastros quando atingir o número ideal de condutores. “Quem acreditou no começo e está fazendo a diferença vai colher os frutos. É um compromisso com quem está junto desde o início”, afirmou.

Metas e estrutura de crescimento

Atualmente, a meta operacional é manter entre 500 e 600 motoristas online nas nove cidades da Baixada Santista, cuja população é estimada em 1,9 milhão de habitantes. A região concentra, segundo os sócios, 25 mil a 30 mil corridas diárias em plataformas de transporte. O objetivo do 013 Mobi é alcançar 100 corridas diárias no curto prazo e, gradualmente, atingir 1.000. O plano de médio prazo é captar cerca de 5.000 corridas por dia, garantindo escala suficiente para sustentar os pontos de apoio e benefícios aos condutores.

A equipe acredita que o modelo regional é sustentável porque mantém a renda e os investimentos circulando localmente. “A gente consegue se conectar com lava-rápidos, oficinas, seguros, planos de saúde, empresas da região. É bom para o motorista, para o passageiro e para a economia local”, explicou Sidnei.

Reeducação da categoria

Sidnei e Luan destacam que o 013 Mobi também tem caráter pedagógico, buscando “reeducar” o motorista de aplicativo, acostumado a práticas de grandes plataformas que fragilizam a categoria. “O motorista se habituou a trabalhar sob condições ruins e passou a achar que isso é o normal. Nosso papel é mostrar que não é”, afirmou Sidnei.

Ele reforça que o relacionamento entre motorista, passageiro e plataforma deve ser de parceria, não de oposição. “Não existem inimigos. A plataforma não é o vilão, o passageiro também não. Há uma tríade que precisa funcionar em equilíbrio”, disse. Para aproximar a comunidade, o 013 Mobi vem promovendo encontros presenciais, como o marcado para o domingo seguinte, na Praia Grande, com o objetivo de ouvir sugestões e fortalecer o vínculo com os condutores.

Investimento e estrutura financeira

O investimento inicial, segundo Sidnei Rodrigues, foi alto e fracionado em etapas. “Quando comecei o desenvolvimento, larguei meu emprego e passei a viver da minha reserva. Foram meses de dedicação integral, sem renda. Se eu contabilizar as horas de trabalho e os custos de desenvolvimento, contabilidade e plataformas, já investi algumas centenas de milhares de reais”, relatou.

Ele reconhece que o aplicativo ainda opera no negativo, mas demonstra confiança. “Acredito que, quando estivermos rodando a pleno vapor, com 5 mil corridas diárias, será questão de um ou dois meses de faturamento para recuperar o investimento”, afirmou.

Metas de fim de ano e projeção para 2026

Com o aplicativo totalmente funcional e a base técnica consolidada, Sidnei Rodrigues e Luan Felipe definiram o último bimestre do ano como fase decisiva para crescimento em escala e equilíbrio financeiro. “Nesses dois meses, queremos aumentar muito o número de passageiros e motoristas ativos, para chegar em dezembro com o sistema girando sozinho e já faturando”, afirmou Luan. A meta imediata é triplicar ou quadruplicar os números atuais de usuários e encerrar 2025 com saldo positivo, abrindo espaço para pensar em receita líquida apenas a partir do primeiro trimestre de 2026.

Segundo Sidnei, o foco é funcionalidade e volume de corridas finalizadas, mais do que lucro no curto prazo. “Queremos ver o serviço funcionando plenamente, com fluxo constante e sem necessidade de aporte. Se novembro fechar no positivo e dezembro tiver faturamento de cerca de R$ 5 mil, já é uma vitória para nós”, explicou. A projeção leva em conta o aumento natural de demanda no fim de ano, quando o turismo de verão aquece o transporte em cidades como Santos, São Vicente e Guarujá. “A Baixada Santista é uma região turística, então novembro e dezembro são meses muito fortes. Já vemos outras plataformas, como a inDrive, voltando a investir pesado em anúncios por aqui”, comentou Luan.

Além disso, o 013 Mobi joga com a sazonalidade a seu favor. “Janeiro aqui é bom. A cidade lota”, diz Luan Felipe, lembrando que o Festival de Verão da Praia Grande mantém a região fervendo do fim de dezembro até quase o final de janeiro. “Só ali, por baixo, circulam mais de 7 mil pessoas por dia. É gente saindo de casa, indo para a praia e voltando — demanda real.” O efeito colateral já apareceu: motoristas da capital, onde a procura cai após o Natal, sinalizam que vão “descer” para trabalhar na Baixada durante a alta temporada. A 013 prepara ações simples e diretas para capturar esse fluxo: panfletagem em pontos de evento, QR codes para download imediato e comunicação pesada no WhatsApp e grupos locais.

Diferenciais estratégicos e postura próxima da base

O diferencial da plataforma, segundo Sidnei, é a proximidade com os motoristas e a transparência. “Fomos um dos últimos aplicativos a chegar na região, e isso foi uma vantagem: vimos quatro ou cinco concorrentes aparecerem e sumirem em menos de seis meses. Em novembro, completamos sete meses no ar, e seguimos crescendo”, afirmou.

Há também uma diferença na abordagem: enquanto concorrentes locais e franquias investem em marketing agressivo, o 013 Mobi aposta em presença humana e escuta ativa. “Tem aplicativo que gasta 100 vezes mais e não tem a efetividade que a gente alcança com 1% desse valor, porque não se aproxima do motorista. Nosso modelo é ouvir, conversar, estar junto”, disse Sidnei.

Luan reforça que a empresa faz questão de estar acessível. “Existe essa ideia de que o dono do aplicativo precisa ser distante, ficar trancado num escritório. A gente faz o oposto: aparece, fala com o motorista, ouve reclamação e propõe melhoria. Não existe aplicativo sem motorista”, afirmou. Ele lembra que aplicativos como a Maxim erraram ao focar apenas no passageiro: “Eles anunciaram corridas a partir de R$ 3. É um tiro no pé. Nenhum motorista vai aceitar isso. A gente chegou para valorizar o trabalhador e reverter essa lógica”.

Aquisição pé no chão (e sem “artificialização”)

A plataforma rechaça incentivos de curto prazo que viciam operação. “Mesmo se eu tivesse caixa para pagar ‘R$ 100 para ficar online’, eu não faria”, afirma Sidnei Rodrigues. “Isso cobra juros depois — e quem paga é o motorista, via taxa alta. Nosso caminho é orgânico: boca a boca entre passageiros, material de rua de baixo custo, motoristas como embaixadores e proximidade para ouvir dor e corrigir rápido.” A estratégia inclui adesivos pequenos já em uso e um estudo de adesivação grande — Sidnei desenhou mockups que devem virar ação no começo de 2026. “Marketing que a cidade vê e reconhece.”

Cinco anos à frente: consolidação regional e “hub” de regionais

No horizonte, o 013 Mobi se vê consolidado na Baixada Santista. “Daqui a cinco anos, não me surpreenderia se os dois gigantes já não estivessem mais aqui”, projeta Sidnei. A tese dele: como as big techs miram direção autônoma, o motorista vira ‘problema a ser removido’ — e o Brasil tende a ficar fora do plano prioritário. No vácuo, os apps regionais devem se multiplicar, principalmente em cidades médias e turísticas.

O executivo enxerga dois desfechos possíveis: “Ou surge uma regional que vira gigante nacional, ou aparece um ‘marketplace de regionais’, um app único para o passageiro chamar qualquer plataforma local, sem precisar baixar um app por cidade. Usuário odeia atrito; alguém vai resolver essa ponte.”

Entre a urgência do verão e a paciência do orgânico, o 013 Mobi aposta no básico bem-feito: corrida mínima digna, taxa que não passa de 10%, escuta ativa e presença. “Nosso objetivo imediato é fechar novembro no positivo e fazer dezembro faturar algo perto de R$ 5 mil. A partir daí, 2026 começa com tração e investimento no que importa: motorista valorizado e passageiro bem atendido”, resume Luan.

Foto de Giulia Lang
Giulia Lang

Giulia Lang é líder de conteúdo do 55content e graduada em jornalismo pela Fundação Cásper Líbero.

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