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App de mobilidade urbana coloca tarifa mínima de R$20 a partir das 19h: “Taxa do motorista varia entre 12% e 20%”

A Woptin começou onde todo mundo já estava — no WhatsApp — e virou referência em transporte digital de Ilha Bela.

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Entrevista
Conversas com especialistas, gestores e profissionais do setor, com perguntas conduzidas pela equipe do 55content.
Três carros estacionados em uma rua de paralelepípedos, todos com adesivos grandes da marca Woptin nas laterais, em uma área arborizada com vista para o mar.
Foto: Divulgação/Woptin

Em maio de 2020, em plena pandemia, o empresário David Kubiac percebeu um problema óbvio e ainda sem solução em Ilhabela (SP): não havia transporte individual acessível, digital e licenciado. Morador da ilha desde 1998, casado e pai de três filhos, ele lembra que “as big techs não tinham autorização para operar aqui, e o táxi era a única referência de transporte — caro, analógico e limitado”.

A primeira tentativa de Kubiac seguiu o caminho tradicional: contratar tecnologia terceirizada para lançar um aplicativo próprio. Mas o resultado foi frustrante. “O problema não era o produto, era o comportamento. As pessoas não baixavam novos aplicativos, só usavam Facebook, Instagram e WhatsApp”, explicou. Foi então que veio o pivô decisivo: se o usuário não baixa um app, o app entra onde ele já está.

“Criamos uma solução que funciona direto no WhatsApp, sem download, com inteligência artificial e atendimento automatizado”, contou. O desenvolvimento ficou em família — seu filho, Héctor Kubiac, programador, liderou a criação da integração via API. Assim nasceu a Woptin, em agosto de 2023: uma plataforma de mobilidade conversacional que une inteligência artificial, WhatsApp e um aplicativo próprio disponível para Android e iOS — integrando ainda recursos turísticos e comerciais em um único sistema.

Regulação, inclusão e legitimidade

A Woptin enfrentou desde o início o desafio de operar num território de regras rígidas. “Ilhabela tem acesso por balsa e exigências municipais rigorosas. Isso, que parecia um obstáculo, virou um diferencial”, disse Kubiac. A empresa foi a primeira plataforma oficialmente licenciada para operar na cidade e também a primeira incluída no chamamento público dos receptivos de navios de cruzeiro.

Esse reconhecimento garantiu credenciais municipais, estaduais e federais, permitindo integração com o turismo local. “Ajudamos a organizar a oferta de transporte durante a alta temporada e estimulamos os motoristas a conquistarem seus próprios alvarás”, explicou. Hoje, a Woptin reúne a maior frota licenciada de Ilhabela, com motoristas regularizados e treinados.

Do mensal fixo ao plano por corrida

O modelo de negócios também evoluiu. A empresa começou com mensalidade fixa, mas em 2025 os próprios motoristas, após uma assembleia, aprovaram a migração para cobrança por percentual de corrida. “Foi uma decisão coletiva. Cada motorista escolhe o plano que faz mais sentido para o seu perfil de renda e visibilidade”, disse Kubiac.

A Woptin criou três planos de adesão:

  • Bronze: taxa de 20%, adesivo discreto, voltado a iniciantes;
  • Prata: taxa de 16%, com capa de perfil de WhatsApp personalizada;
  • Ouro: taxa de 12%, com adesivo lateral grande no veículo e capa de perfil de WhatsApp personalizada.

“Assim, o motorista define a combinação de taxa e marketing que melhor se encaixa no seu objetivo”, explicou o CEO.

Atendimento humanizado e tese dos dois clientes

O sucesso da Woptin está na sensibilidade com os dois lados da operação. “Temos dois clientes: o passageiro, que busca economia e agilidade; e o motorista, que precisa de reconhecimento e remuneração justa”, disse Kubiac.

Para equilibrar os interesses, a empresa implantou incentivos locais, como promoções para moradores, sorteios de celulares, voucher de tanque cheio e planos de taxa reduzida em determinados períodos. “Alguns motoristas inclusive se tornaram diretores, participando da governança”, contou.

A diferença, segundo o fundador, é a forma como a equipe lida com as pessoas. “Sou psicanalista e bacharelando em psicologia. A maneira como tratamos as contingências interpessoais gerou um tipo de diálogo inédito no setor — atendimento humanizado e resolutivo”, afirmou.

Resultados e ganhos dos motoristas

Hoje, a Woptin opera em Ilhabela, São Sebastião, Caraguatatuba, Ubatuba e Almenara (MG), com mais de 250 motoristas cadastrados. A corrida minima custa 12$ das 6h as 18:59 e 20$ das 19h as 5:59h.

A renda, segundo Kubiac, é variável. “Não conseguimos definir uma média única, porque há motoristas que faturam R$ 500 por mês na baixa temporada e outros que chegam a R$ 8 mil”, disse.

O recorde até agora foi de R$ 23 mil líquido fazendo 575 corridas em um único mês de alta temporada. O diferencial, segundo ele, está na proporção de ganhos em relação às grandes plataformas.

Combate às corridas clandestinas

A empresa também mantém uma política ativa contra as corridas irregulares. “Incentivamos o uso do taxímetro digital — o que chamamos de maçaneta — e premiamos mensalmente os motoristas que mais abrem corridas pelo sistema, com tanques cheios de combustível”, contou Kubiac.

A taxa da “maçaneta” é fixa e baixa, incentivando o uso do sistema oficial. Além disso, a Woptin atua em parceria com o poder público. “A prefeitura de Ilhabela, a Polícia Militar e a fiscalização comercial têm feito um trabalho rigoroso. As multas por transporte irregular chegam a R$ 3.700, e já houve casos de apreensão e boletim de ocorrência”, explicou.

Segundo o CEO, essa combinação de fiscalização municipal e incentivo da plataforma reduziu drasticamente a clandestinidade. “Hoje, temos índices muito menores do que em outras cidades”, disse.

IA conversacional e braços de negócio

A tecnologia continua sendo um pilar central. “O diferencial da Woptin é unir IA e WhatsApp para oferecer uma mobilidade conversacional e fluida”, afirmou Kubiac.

A empresa ainda mantém dois braços complementares: Woptin Shop, voltado para entregas, e Woptur, que oferece passeios turísticos na região. “Nosso produto não é só transporte. É mobilidade, experiência e conveniência”, resumiu o CEO.

Organização e futuro da categoria

Em 2025, a Woptin e seus motoristas fundaram a ABRAMOBI — Associação Brasileira de Profissionais da Mobilidade Urbana por Aplicativo —, sediada em Ilhabela, para oferecer apoio institucional e jurídico à categoria.

A marca, cujo nome vem da junção de W (Way, caminho) + OPT (Option, escolha) + IN (Intelligence/Inovation), reflete a ideia de “caminho, liberdade e tecnologia”. E o futuro parece promissor: após a última temporada, o modelo da Woptin chamou a atenção de uma big tech chinesa, que já sinalizou interesse em uma parceria internacional para 2026.

“O que começou como uma necessidade local está se tornando um modelo exportável de mobilidade inteligente, com IA multilíngue e foco em turismo sustentável”, afirmou Kubiac.

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Redação 55content

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