R$ 72 por hora. R$ 2,50 por quilômetro. Corrida mínima de R$ 15. E reajustes anuais dentro de um piso nacional para motoristas de aplicativo. O que você acha disso? Eu começo esse vídeo já com números, e números que, pra ser sincero, me chamaram atenção de cara.
Que proposta é essa?
Essa proposta foi discutida na Câmara dos Deputados e apresentada pelo secretário-geral da Fenasmapp, o Carlos Cavalcante, que também é motorista em Natal.
E eu já digo: achei a proposta fabulosa. Eu, que gosto de falar de ganhos por hora, de meta por tempo, gostei demais desses valores. Eu costumo fazer uma média de R$ 50 por hora, às vezes mais, dependendo do dia e da estratégia. No fim de semana, estoura. Mas imagina poder trabalhar com R$ 72 por hora como piso? É animador.
O que me deixou mais satisfeito é que esses números não vieram de gabinete. Vieram da rua. O Carlos, além de sindicalista, roda todos os dias, acorda 4h30 da manhã pra trabalhar. Me identifiquei muito com ele, porque eu também sou assim. Quatro da manhã, primeira corrida. É gente que entende a realidade, que sabe o que é dirigir, pagar combustível, lidar com passageiro e ainda tentar manter a saúde e a rotina.
É só vantagem?
Mas, como tudo na vida, tem dois lados. Eu gosto de olhar os números e entender de onde eles vêm. Que cálculos foram feitos pra chegar nesse valor? Como aplicar um piso nacional num país com tanta diferença de realidade? Porto Alegre não é Natal, que não é São Paulo, que não é uma cidadezinha do interior. A categoria é plural. Tem motorista que trabalha 12 horas por dia, tem o aposentado que faz renda extra, tem o cara que roda só à tarde.
Eu pergunto: quem paga essa conta? A Uber? As plataformas? Ou o passageiro, com tarifas mais caras? Porque se for repassado pro usuário, será que vai ter corrida pra todo mundo?
Eu acho louvável que motoristas estejam debatendo isso, e não políticos ou oportunistas que nunca rodaram um dia sequer e querem se passar por representantes. Mas, ao mesmo tempo, a gente precisa olhar pra esses números com responsabilidade.
Eu, por exemplo, fiz quase R$ 3.700 essa semana, rodando cerca de 10 horas por dia, sempre cuidando da saúde, do sono e da alimentação. Teve dia que deu R$ 300, teve dia que deu R$ 700. Minha média ficou em torno dos R$ 500 diários. Sei o que é um bom ganho. E sei também que fixar um valor igual pra todo o país é complicado.
Mesmo assim, acho que esse debate é um avanço. E o mais importante é que está vindo de quem vive o aplicativo, não de quem só fala de fora.
Qual seria o ganho ideal por hora pra ti? Concorda com esse piso nacional de R$ 72? Ou acha que isso engessa demais e puxa pra um modelo muito CLT? Comenta aqui embaixo, vamos conversar.
Tamo junto. Grande abraço!