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Motorista transforma grupo de Whatsapp em app de mobilidade e faz 50 mil corridas mensais

GP Car começou como grupo de motoristas no Whatsapp, virou plataforma própria e é impulsionada por características turísticas da região.

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Entrevista
Conversas com especialistas, gestores e profissionais do setor, com perguntas conduzidas pela equipe do 55content.
Homem de barba curta vestindo camiseta branca com detalhes laranja e logotipo da CP CAR, posando em frente a uma parede com arte geométrica colorida.
Gesiel Capistrano é o fundador da GP Car. Foto: Acervo Pessoal.

Natural de Olímpia (SP), Gesiel Capistrano atuava há oito anos na área administrativa e financeira de obras no interior do estado. A distância da família o levou a mudar de rumo profissional.

“Trabalhei praticamente dez anos nesse ramo e não vi meus filhos crescerem. Ia embora na segunda e voltava na sexta. Aí montei uma casa de temporada. Começamos a alugar bastante. Foi o que me deu base para retornar à cidade. Pedi demissão da empresa, que também me auxiliou com o acerto. Aí voltei para a cidade e comecei a trabalhar por aplicativo”, relata.

Com o tempo, passou a construir uma rede de clientes fixos.

“Conversava com os passageiros, sempre com bom atendimento. Vi que não estava dando conta e comecei a trazer motoristas. Montamos um grupo”, lembra.

O grupo no WhatsApp funcionava como uma central de mobilidade com corridas de preço fixo. No entanto, a operação feita manualmente começou a gerar dificuldades.

“Eu tinha uma central no carro, atendia o telefone enquanto dirigia e disparava chamadas. Vi que estava ficando perigoso. Uma vez, buscava uma senhora que fazia tratamento de câncer em Barretos. Ela me disse que não iria mais comigo. Achei que tivesse feito algo errado, mas era porque meu telefone não parava de tocar. Aí percebi que precisava separar as funções. Meu número pessoal virou o da central, e depois pedi outro para uso privado. A família começou a ajudar: esposa e filho passaram a atender”, conta.

A experiência levou à criação de um aplicativo próprio de mobilidade urbana: a GP Car.

“Nos aplicativos tradicionais, a gente pagava para trabalhar. Mesmo com clientela particular, era difícil calcular. Muitas vezes tomávamos prejuízo. Com o aplicativo conseguimos corrigir isso. Hoje, uma corrida média na cidade custa entre R$ 17 e R$ 18. Antes, fazíamos corridas por R$ 10 e perdíamos dinheiro. A tecnologia ajudou muito.”

O investimento inicial foi de R$ 5 mil, incluindo plataforma e divulgação. Segundo ele, a maior parte da divulgação ocorreu por meio do boca a boca, aproveitando a base de clientes já existente.

Hoje, o serviço opera em três cidades. Em Olímpia, o volume chega a 50 mil corridas durante a alta temporada. A cidade tem cerca de 55 mil habitantes. Em períodos de maior demanda, o número de motoristas pode chegar a 150. Na baixa temporada, gira em torno de 120.

Capistrano afirma que o cenário local favorece o crescimento da operação.

“Olímpia é a capital nacional do folclore. Em agosto, a festa atrai gente do Brasil inteiro. Também somos uma cidade turística, com parques aquáticos entre os mais visitados do mundo. Em feriados e férias, a população praticamente dobra. Com a promessa de um aeroporto internacional, a tendência é crescer ainda mais. Olímpia está evoluindo rapidamente.”

A localização também favorece a operação durante grandes eventos na região. Durante a Festa do Peão de Barretos, que ocorre a 40 km de Olímpia, a demanda cresce significativamente.

“Neste período, trabalhamos praticamente 24 horas por dia. Temos contratos com resorts para atender exclusivamente os hóspedes. Isso ajuda a evitar motoristas de fora que não são credenciados ou nem utilizam aplicativo. É um serviço estruturado, com segurança e seguro incluído nas corridas. De dois anos para cá, conseguimos organizar e atender com mais eficiência.”

A taxa por corrida para os motoristas é de cerca de 15%. Para corridas acima de R$ 100, a taxa cai para 10%. Em viagens longas, como para aeroportos, o sistema ajusta os valores para compensar pedágios. A corrida mínima é de R$ 10. Há também uma categoria econômica, com valor mínimo de R$ 7,99, ativada em horários de menor demanda.

“Aqui, o foco é na qualidade. O motorista não recusa corrida. O atendimento é rápido, de 1 a 5 minutos. O cliente paga porque valoriza o serviço. Em aplicativos internacionais, muitas vezes o preço é baixo, mas o motorista não aceita a corrida. O serviço fica sem controle. Aqui temos uma central que resolve qualquer problema, ajusta valores automaticamente em caso de desvio de rota, e o passageiro pode ligar diretamente. Isso gera confiança.”

De acordo com Gesiel, a média de ganhos mensais dos motoristas varia entre R$ 10 mil e R$ 15 mil. Em agosto, mês de alta temporada, já houve casos de faturamento bruto de R$ 20 mil. Também há motoristas que atuam apenas em horário comercial e chegam a ganhar R$ 4 mil, o dobro da média salarial da cidade, segundo ele.

A meta agora é manter a qualidade e crescer de forma planejada.

“Quero expandir com responsabilidade. Meu sonho é entrar em polos como São José do Rio Preto, mas com serviço executivo. Prefiro crescer devagar, com pé no chão. Em Olímpia, a meta é manter as 50 mil corridas mensais. Com o novo aeroporto, a cidade vai crescer — e nós vamos crescer junto.”

Vinícius Guahy

Vinícius Guahy é jornalista formado pela Universidade Federal Fluminense e coordenador de conteúdo do 55content.

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