Qual é o melhor carro para trabalhar como motorista de aplicativo? Essa é a pergunta que todo iniciante faz, e, hoje, quero responder com base na minha própria experiência. São 7 anos e meio rodando, mais de 35 mil viagens somadas entre Uber e 99, e quatro carros diferentes ao longo da jornada.
Comecei com um HB20 Hatch, depois fui para um Fiesta Sedan com GNV, em seguida para uma Kicks e hoje estou com um híbrido, o Hyundai Ioniq, já quitado. Mas digo sem medo que, se eu fosse começar hoje, não começaria com esse carro.
Como começar sem se endividar?
Quem está iniciando está em cenários diferentes: alguns não têm nada para dar de entrada, outros já têm um valor guardado, e alguns já têm até um carro. Por isso, a primeira coisa que recomendo é, antes de comprar, alugar um carro por um mês para testar. Não vale a pena se endividar sem ter certeza de que vai continuar no aplicativo.
Depois desse teste, eu seguiria dois caminhos possíveis. O primeiro: começar com um carro X econômico, como um Kwid ou um Mobi. Trabalhando 10 horas em São Paulo, dá para fazer em torno de R$ 350, gastar R$ 50 de combustível e ficar com R$ 300 líquidos. Para quem está começando, isso já é um bom resultado.
O segundo caminho: se você está em uma cidade como São Paulo, pode valer a pena começar direto no Comfort, de preferência com um sedã de bagageiro grande e GNV. Versa, Logan, até Kicks, todos funcionam bem com GNV. Mas é fundamental fazer manutenção preventiva. Quando rodei com Fiesta Sedan GNV, cheguei a juntar mais de R$ 10 mil em um ano, além de adiantar parcelas.
Um detalhe importante é que não faz sentido colocar GNV em carro pequeno de categoria X. O bagageiro some e você perde oportunidades boas, como corridas para o aeroporto. Já num sedã 1.6, o GNV funciona muito bem e pode ser o grande diferencial para você economizar e guardar dinheiro.
Como escolho carro hoje
Depois de anos de experiência, minha forma de pensar mudou. Hoje, não vejo carro só como um bem que desvaloriza. Meu objetivo é fazer com que o patrimônio de trabalho se valorize, e isso é possível.
Comecei no aplicativo com apenas R$ 15 mil de entrada. Dois anos depois, já tinha R$ 24 mil para o próximo carro. Menos de dois anos depois, consegui dar R$ 45 mil de entrada na troca seguinte. Hoje, no Ioniq, tenho cerca de R$ 50 a R$ 60 mil em patrimônio só nesse carro, fora outros trabalhos que desenvolvi.
Isso só aconteceu porque eu aprendi a pagar a desvalorização do carro. Como? Amortizando, adiantando parcelas. Cada vez que você antecipa, além de pagar menos juros, você paga a desvalorização que não aparece em nenhum boleto, mas que sempre existe. Foi assim que consegui comprar carros mais caros pagando menos no total.
Se eu fosse começar hoje, testaria antes de comprar, depois escolheria entre um X econômico ou um Comfort com GNV, dependendo da região. E já entraria com a mentalidade de que o carro é meu instrumento de trabalho e que precisa se valorizar a cada troca.
Essa é a estratégia que usei para transformar R$ 15 mil iniciais em mais de R$ 50 mil de patrimônio. Não foi rápido nem fácil, mas foi possível. E você, que está começando agora, precisa pensar no carro não só como custo, mas como parte de um plano maior. E você, gostou dessa estratégia? O que faria diferente?
Um ótimo descanso para você que está em casa, um ótimo trabalho para quem está na pista.