Empreendedor de Itaperuna, no interior do Rio de Janeiro, André de Freitas Marreiros viu nos aplicativos de transporte uma oportunidade de complementar sua renda.
Em pouco tempo, começou a observar reclamações de motoristas e passageiros. Foi quando teve uma ideia: criar seu próprio app de mobilidade urbana.
“Percebi que havia espaço para algo diferente na cidade. Os aplicativos que existiam não tinham gestão, não ofereciam suporte e deixavam motoristas e passageiros sem segurança”, lembra. A experiência ao volante e o contato diário com clientes mostraram os gargalos do mercado local: corridas canceladas, carros sem manutenção, motoristas de fora da cidade e tarifas imprevisíveis”, explica.
Com investimento inicial de cerca de R$ 8 mil, gasto principalmente em panfletagem, marketing digital e na contratação da plataforma, lançou a Mobi22 em novembro de 2024.
No início, o maior desafio não foi atrair passageiros, mas convencer motoristas de que o novo aplicativo era confiável. “A cidade já tinha visto outras sete plataformas surgirem e desaparecerem. Muitos acharam que seria só mais uma”, conta André. A virada aconteceu com uma política de transparência, atendimento próximo e valorização do motorista. Hoje, todos os parceiros são da cidade, passam por checagem e recebem suporte direto pelo WhatsApp.
A Mobi22 já realiza cerca de 8 mil corridas por mês. O modelo adotado ajuda a fidelizar usuários:
- Tarifa fixa (sem dinâmica);
- Corrida mínima de R$ 10 para o passageiro e R$ 9 de ganho mínimo para o motorista por viagem;
- Taxa única de 10% sobre as corridas, bem abaixo das concorrentes, que chegam a cobrar até 30%;
- Incentivos como parcerias com postos, borracharias e oficinas para reduzir custos dos motoristas.
“Temos motoristas exclusivos que faturam em média R$ 4 mil a R$ 5 mil por mês apenas com a Mobi”, diz o gestor.
André afirma que adota estratégias para reduzir o número de corridas canceladas. “Atualmente, de cada 100 corridas solicitadas, 85 são realizadas. No início, ofereci R$ 5 para o motorista que aceitasse corridas pendentes — aquelas que foram solicitadas, mas não atendidas de imediato. Isso incentivou os motoristas a disputarem as chamadas e ajudou a garantir que os passageiros fossem atendidos”, explica.
O mercado em Itaperuna
A cidade tem transporte público precário, com linhas de ônibus reduzidas nos últimos anos. “A população depende cada vez mais do transporte por aplicativo”, explica André. Com universidades movimentando o comércio e uma vida noturna ativa, a demanda é constante. O público vai de jovens universitários a senhoras que preferem chamar corridas pelo WhatsApp, recebendo atendimento personalizado.
Enfrentar multinacionais como 99 e Uber foi visto por André como um desafio inevitável. “Me disseram que era impossível competir. Para mim, impossível não existe”, afirma. A estratégia foi atacar os pontos fracos das gigantes: motoristas de fora, tarifas imprevisíveis e experiências ruins de atendimento. Hoje, segundo ele, quem busca preço corre para a 99; quem quer qualidade, escolhe a Mobi22.
A meta é fechar 2025 com 10 mil corridas mensais e faturamento bruto acima de R$ 10 mil por mês. A empresa já planeja diversificar a receita com publicidade em tablets dentro dos carros e até parcerias para renovação de frota via consórcios. A expansão para cidades vizinhas também está no radar.
“Nosso trabalho é mostrar que, mesmo numa cidade do interior, é possível ter um aplicativo competitivo, com serviço de qualidade e impacto real na comunidade”, conclui André.