Hoje, eu quero compartilhar seis informações que mudaram a minha vida como motorista de aplicativo nesses nove anos de pista. São coisas que me fizeram entender as regras do jogo e, de fato, conseguir faturar com mais inteligência.
Primeira dica: seja mais esperto que o passageiro de má fé
A primeira é simples, mas essencial: como evitar as pegadinhas das corridas em dinheiro. Eu sempre aceitei corrida em dinheiro, desde a época do UberX, e, hoje, ainda mais, porque a demanda é grande. Mas é ali que mora a dor de cabeça e o perigo de ser assaltado.
A maioria paga no Pix, beleza, mas a dica é, quando o passageiro entrar, confirma o nome, confirma o destino e pergunta: “Eu vi que sua corrida é em dinheiro, você está com o valor trocado?”. Esse detalhe simples já corta boa parte do risco, porque quem tá de má fé normalmente responde que vai “jogar pra próxima”, e você já evita o calote. E se você roda no inDrive, melhor ainda receber antes. Já pede o Pix ou o dinheiro no embarque, para não ter dor de cabeça depois.
Segunda dica: vou te ensinar a calcular, de verdade, os seus custos
A segunda informação que mudou meu jogo foi descobrir o custo real do meu carro por km rodado. Muita gente ignora isso e acaba rodando de graça. Eu vou simplificar: soma todos os custos do carro, aluguel, parcela, IPVA, seguro, manutenção, divide por mês e depois calcula quanto seu carro gasta de combustível.
Por exemplo, carro alugado por R$ 1 mil a semana, R$ 4 mil no mês, rodando 5 mil km. Se ele faz 10 km por litro, são 500 litros. A R$ 6 o litro, dá R$ 3 mil de combustível. Ou seja, o total do mês é R$ 7 mil. Divide pelos 5 mil km e, pronto, dá R$ 1,40 por km rodado. Esse é o seu custo. Descobrir isso foi divisor de águas pra mim.
Terceira dica: acha que os seus custos de vida não contam?
E aí, a terceira informação é quanto você tem que faturar para ter lucro de verdade, porque não adianta só saber o custo do carro, tem que somar o custo da sua vida. Casa, internet, alimentação, tudo. Se o seu custo de vida é R$ 3 mil e o carro custa R$ 7 mil, você precisa faturar R$ 10 mil por mês. Agora, divide isso pelos 5 mil km e descobre: são R$ 2 por quilômetro. Isso significa que, abaixo de R$ 2, você tá pagando para trabalhar. A partir do momento que eu fiz essa conta, eu comecei a escolher corrida de outra forma. Nunca mais aceitei corrida barata achando que era “melhor do que nada”.
Quarta dica: olho o valor por km ou por hora?
A quarta informação é equilibrar ganho por km e ganho por hora. Não existe essa de “só olho o km” ou “só olho a hora”, tem que olhar os dois. Já vi motorista feliz porque fez R$ 5 por km, mas no fim do mês não pagava as contas porque trabalhava pouco. Já vi gente fazendo R$ 15 mil, mas rodando tanto que, depois de pagar combustível e manutenção, sobrava quase nada.
A regra que mudou minha vida é fechar o dia olhando os dois. Quanto eu faturei, quantas horas rodei, quantos km foram. Se no fim do dia der R$ 50 por hora e R$ 2 por km, você tá no caminho certo. É isso que importa.
Quinta dica: nosso trabalho é igual CLT?
A quinta informação é trabalhar com inteligência. Nosso trabalho não é CLT, não adianta sair segunda a sexta de 8h às 18h achando que vai render igual escritório. A cidade tem seus fluxos e a gente tem que estar na pista nos melhores horários. Horário de pico é ouro. Fim de semana paga muito bem, principalmente no Black. E os primeiros 15 dias depois do quinto dia útil são os mais fortes do mês. Se você aproveita esses períodos, consegue faturar mais em menos horas, com menos desgaste. Trabalhar em horário ruim é a receita para o estresse, porque você força, não fatura e ainda fica cansado para o dia seguinte.
Sexta dica: o que fiz com todas essas dicas?
E, por último, a sexta e mais importante de todas: aplicar tudo isso. Não adianta você ouvir, concordar, achar legal e amanhã estar na rua sem saber o custo do seu carro, sem anotar ganhos, sem planejar nada. Salva essas dicas, anota seus custos, começa a controlar hoje mesmo. Foi quando eu passei a anotar e analisar de verdade que a minha vida mudou. Trabalhar sem ter clareza dos números é como dirigir sem GPS, você até vai andar, mas não vai chegar a lugar nenhum.
Essas seis informações foram decisivas pra mim. Espero que façam sentido pra você também. Testa, coloca em prática e depois me conta.
Tamo junto. Abração.