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Faturar R$ 400 rodando 300 km em 8 horas ou R$ 250 rodando 50km em 8 horas? Será que R$ 250 por dia é suficiente para cobrir suas contas no fim do mês?

Corridas curtas pagam melhor por km e corridas longas pagam melhor por hora. O segredo talvez esteja em equilibrar as duas.

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Opinião
Textos assinados que refletem o ponto de vista do autor, não necessariamente da equipe do 55content.
Homem dentro de um carro olhando para a câmera, com texto sobreposto em amarelo que diz: “35 corridas, R$250,00, 7 a 8 horas, 50km rodados”.
Foto: Ian Rocha para 55content

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do 55content

E aí, o que é melhor: corrida longa ou viagem curta? Você já parou para colocar na ponta do lápis e analisar as vantagens e desvantagens de cada uma? Essa é uma pergunta importante, e, para mim, a resposta parece óbvia. A questão é: quando vale a pena fazer corrida longa e quando é melhor apostar nas curtas? Vale a pena focar só em uma das duas?

Vamos refletir sobre isso juntos. Primeiro, vamos analisar as vantagens e desvantagens das viagens curtas.

Entre os pontos positivos, o principal é o maior ganho por quilômetro rodado na maioria dos casos. Outro benefício relevante é que as corridas curtas geram mais oportunidades de conseguir um passageiro particular ou até uma gorjeta. E, se você for como eu, que vende produtos no carro — no meu caso, perfumes —, essas viagens te colocam em contato com mais pessoas, o que aumenta as chances de venda.

Agora, falando das desvantagens: com corridas curtas, você acaba fazendo muitas viagens ao longo do dia. Isso aumenta bastante a chance de estresse e de lidar com passageiros diferentes — e todos nós sabemos que lidar com pessoas é uma das partes mais difíceis do nosso trabalho. A essa altura, você já deve ter percebido que ser motorista de aplicativo não é só dirigir, é saber lidar com todo tipo de gente. Para mim, essa é, inclusive, a parte mais desafiadora da profissão.

Outra desvantagem é o tempo parado entre uma chamada e outra, principalmente nos horários de baixa demanda. Além disso, há o tempo perdido esperando o passageiro, que muitas vezes diz “estou descendo”, “estou no elevador”, mas nunca está realmente na porta.

Esse tempo entre corridas e na espera do passageiro atrasa sua produtividade. E, mesmo que o ganho por quilômetro seja bom, o ganho por hora acaba sendo menor. Em horários de pico, o trânsito torna as corridas curtas ainda mais complicadas — você perde dinheiro.

Vamos pensar juntos: em uma viagem longa de uma hora, você se desloca uma vez para buscar o passageiro e depois segue direto até o destino. Agora imagine fazer quatro corridas curtas de 15 minutos cada, também em horário de pico. Mesmo que somem uma hora de corrida, você terá feito quatro deslocamentos. E esses deslocamentos, nesse horário, podem consumir até 15 minutos cada só para buscar o passageiro — fora o tempo de espera no “estou descendo”.

São quatro chances de atraso, quatro vezes que o passageiro pode cancelar. Ou seja, na corrida longa, você só espera uma vez; nas curtas, são quatro potenciais dores de cabeça.

Diante disso, parece que a corrida longa é a melhor opção? Vamos analisar as vantagens.

Primeiro, ela costuma pagar melhor por tempo. Segundo, seu carro tende a gastar menos combustível, já que, nas viagens longas, normalmente você pega estradas como BRs, onde o consumo é mais eficiente. E, principalmente fora do horário de pico, a corrida longa pode ser ótima. Ela ocupa um tempo que, normalmente, ficaria ocioso, pois não tocaria quase nada. Então, pegar uma corrida longa num horário parado é uma maneira de brilhar — ela literalmente salva o seu turno.

Mas também há desvantagens. Uma corrida longa pode te deixar longe de zonas de alta demanda. Você vai bem para o destino, mas muitas vezes não consegue voltar com uma corrida boa, ou acaba pegando algo mal pago. Além disso, apesar de pagar bem por hora, ela paga menos por quilômetro rodado — o oposto da corrida curta.

E se, por azar, o passageiro for aquele tipo que fala demais, é folgado ou até mesmo… fedido — que, pra mim, é o pior tipo —, você terá que aguentá-lo por uma hora dentro do carro. Nas curtas, você tem mais chances de estresse, é verdade, mas ele acaba logo. Na longa, se for estressante, é muito pior.

Então qual é o segredo para escolher entre corrida curta e longa?

Na minha visão, o que mais importa para faturar bem é saber equilibrar. O ideal é escolher a corrida certa, que se encaixe no seu objetivo do dia, e que não te faça perder dinheiro.

Vamos comparar: se você fizer dez corridas longas no dia e faturar R$ 400 — ou seja, R$ 40 por corrida — em 7 ou 8 horas de trabalho, mas rodou 300 km, será que realmente fez dinheiro? Seu carro pode ter um custo superior a R$ 1 por quilômetro. Quem tem carro elétrico não sente tanto, mas quem roda com carro comum precisa prestar atenção nisso.

Agora, pense no oposto: você faz 35 corridas curtas no dia, fatura R$ 250 nas mesmas 7 ou 8 horas de trabalho, mas rodou só 50 km. Seu ganho líquido foi muito maior. Mas aí vem a pergunta: será que R$ 250 por dia é suficiente pra cobrir suas contas no fim do mês?

Entende como o equilíbrio é fundamental? Não é sobre escolher só curtinha ou só corrida longa. Também não é apenas olhar o ganho por hora ou só o ganho por quilômetro — os dois importam. Seu tempo tem valor e o quilômetro rodado do seu carro tem um custo.

Uma dica valiosa pra quem está começando — ou mesmo pra quem já está na estrada e não equilibra bem — é tentar encontrar corridas que paguem bem tanto por hora quanto por quilômetro. Não se prenda a uma só métrica.

Sabe aquela corrida que toca pagando R$ 9 por quilômetro, mas com um ganho médio por hora de R$ 35 ou R$ 36? Faz ela. Depois, compensa com uma que paga R$ 100 por hora, mas só R$ 1,60 por quilômetro rodado. No final do dia, o importante é o equilíbrio.

Na minha época de UberX, meu objetivo era terminar o dia com uma média de R$ 2 por quilômetro rodado. Então eu pegava algumas corridas longas, que derrubavam um pouco essa média, mas depois fazia algumas curtas que elevavam de novo. O resultado era um faturamento bom, tipo R$ 400 no dia, mas rodando apenas 180 a 200 km — não 300 km.

E quanto eu ganhava por hora? Sempre mais de R$ 40, R$ 50. Média excelente. Então, pra mim, o segredo está no equilíbrio.

Nunca escolha apenas corrida curta ou só corrida longa. Escolha com consciência de que seu tempo e seus quilômetros têm valor — e busque equilíbrio entre eles.

Claro que eu entendo quem prefere trabalhar só com curtinhas ou só com longas. Mas o que eu estou te mostrando aqui é o “pulo do gato” pra alcançar os melhores resultados.

Quero saber a sua opinião: você é do time das corridas curtas, das longas, ou é daqueles que calcula bem e escolhe a que paga bem nas duas pontas? Comenta aí. Grande abraço e tamo junto!

Foto de Ian Rocha
Ian Rocha

Ian Rocha começou a trabalhar como motorista de aplicativo em busca de uma nova oportunidade e logo percebeu a importância de entender melhor a dinâmica do setor. Estudou estratégias, analisou os melhores horários e locais para otimizar seus ganhos e passou a compartilhar suas descobertas com outros motoristas. Ao notar a falta de conteúdo informativo sobre a profissão, criou um canal no YouTube para dividir suas experiências. Com o tempo, tornou-se uma referência no segmento, ajudando motoristas a trabalharem de forma mais eficiente e informada.

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