Se o seu custo é de R$ 1/km e você rodar 250 km num dia, independente do seu ganho, precisa separar R$ 250

Nesse custo por quilômetro, além do combustível, você precisa considerar também a manutenção, o IPVA, o licenciamento e imprevistos.

Homem em um carro, com camisa branca e óculos, falando enquanto gesticula com as mãos.
Foto: Luis Hatada 55content

Motorista de aplicativo, hoje eu vou te ensinar como controlar as suas finanças de forma simples e prática.

Primeira coisa que você precisa entender logo de cara: você é um empreendedor. Embora algumas pessoas digam que não somos empreendedores, na verdade, na prática, somos. Precisamos ter o controle total do nosso trabalho, e isso é o papel do empreendedor. Você é dono do seu negócio, e trabalhar com aplicativo é um negócio. Você precisa levar isso a sério se quiser que sobre algum dinheiro, certo?

Ah, mas eu vou trabalhar muito! Todo trabalho hoje precisa de esforço, não tem outro caminho, né? Então, é assim que começamos, é assim que crescemos e encontramos novas oportunidades.

Agora, vamos começar o planejamento. Não tem como fugir disso. Você precisa descobrir quanto custa por quilômetro o uso do seu carro. Quanto mais você roda, maior será o seu custo. O custo do seu carro, sua ferramenta de trabalho, é medido pelo quilômetro rodado, independente do seu ganho. Por isso, os motoristas falam que não gostam de “bater lata”, não gostam de andar vazio, né? Porque, caso contrário, você vai estar pagando sem estar recebendo dinheiro.

Então, vamos lá, vou colocar um exemplo para ilustrar o entendimento. Vamos supor que seu custo seja R$ 1 por quilômetro. Isso significa que, se você rodar 250 km num dia, independente do seu ganho, você precisa separar R$ 250. Se você abastecer com R$ 100, vai sobrar R$ 150.

Então, você vai guardar R$ 150, os R$ 100 você já usou para o abastecimento, e o restante vai deixar para as suas despesas pessoais, da sua casa. Isso é mais ou menos metade. O custo pode variar de 40 a 45% e, no máximo, de 55 a 60%. Essa é a faixa de custo do seu trabalho, pelo menos na realidade de São Paulo, onde eu trabalho. Mas, provavelmente, não deve fugir muito disso.

Com esse planejamento, você vai separando o dinheiro e pode pensar: “Poxa, mas vou ter que guardar todo dia?” Parece muito, mas esses R$ 150 vão ser usados para pagar as manutenções, revisões, e imprevistos. Sempre deve ter uma margem extra, porque imprevistos acontecem. Então, sempre tenha um valor a mais.

Quando sobra, não é porque você está ganhando muito, é porque está planejando. Nesse custo por quilômetro, além da manutenção, você precisa considerar também o IPVA e o licenciamento. Esses são custos que não dá para medir com precisão, mas você pode fazer uma estimativa para calcular o valor. Assim, quando chegar o ano, o seu IPVA já está pago, porque você fez o planejamento financeiro. Você já previu o custo do ano. Quando chegar a data para pagar o IPVA, você paga e ainda consegue o desconto.

Ah, mas eu ganho pouco, não dá para fazer isso. Não, não é que não dá, é que você não está organizando direito. Quando o dinheiro entra, você muitas vezes abastece, faz manutenção, e se sobra, você acha que está sobrando dinheiro e gasta com outra coisa. Mas, quem faz o planejamento, sabe exatamente o que fazer com esse dinheiro que sobrou.

O planejamento financeiro é assim: você separa o dinheiro para o seu custo pessoal, e separa outro valor para o custo do trabalho, da sua empresa. Você vai criar dois caixas: um para o trabalho e outro para as suas despesas pessoais. E com isso, você vai ter clareza dos seus custos. Isso é controle financeiro e previsibilidade. Vai estar tudo visível lá na frente.

Como mencionei em outro texto, quando você compra um carro novo e vai trocá-lo aos 100.000 km, você já sabe o que precisa fazer de manutenção até lá. E quando for trocar o carro com 150.000 km, você sabe o que mais precisará fazer. Essa previsão começa lá atrás, e não apenas quando a manutenção é necessária.

O planejamento é essencial. Quando você troca o carro com 100.000 km, já sabe o que vai trocar. Você já prevê isso no custo real e vai separando o dinheiro. Quando o carro atinge 150.000 km ou 200.000 km, você já sabe que vai precisar trocar peças como pastilhas de freio, óleo, etc. Então, quando chegar o momento de trocar o carro, você já tem o dinheiro separado.

Quem não faz planejamento acha que dá trabalho, mas é assim que aprendemos. Se errarmos, vamos aprendendo com os erros e melhorando. Quem faz esse planejamento vai crescer, vai entender os ganhos e os custos e aprender sobre o dinheiro. Como controlar seus recursos e para onde destinar.

Não tem segredo, mas é necessário fazer. Sem essas contas, você não tem visão de onde o dinheiro está indo. Quanto você já gastou esse ano com combustível? Quanto já gastou com troca de óleo? Se você não sabe, é só olhar, está tudo anotado. Para isso, você vai precisar de alguma tecnologia, um sistema, ou até uma planilha. Isso é o básico.

Não tem como fugir, você precisa fazer o controle financeiro do seu trabalho. Trabalhar como motorista de aplicativo é um negócio, é o seu negócio. E, se você aprender sobre isso, vai ter muito mais tranquilidade, porque saberá onde está indo o seu dinheiro e poderá pagar as contas conforme o planejamento. Você planeja e executa. Depois, confere o que planejou com o que está entrando e saindo, que é o seu fluxo de caixa. Está batendo? Não está? Onde estou errando? Com isso, você faz uma análise.

Espero que vocês tenham gostado desse artigo. Deixe seu comentário, sua opinião. Fale se você faz o controle, se anota ou não. Deixe também suas dúvidas, quem sabe podemos fazer um texto específico para responder sua dúvida e ajudar outros motoristas também.

Foto de Luis Hatada
Luis Hatada

Luis Hatada, conhecido como "Uber do Japa", é motorista de aplicativo desde 2018 e, ao perceber as dificuldades dos colegas em gerenciar ganhos e despesas, criou um canal no YouTube em 2019. Nele, compartilha orientações sobre gestão financeira e desenvolvimento pessoal, defendendo que a profissão exige uma mentalidade empreendedora. Seu conteúdo aborda temas como administração financeira e autodesenvolvimento, com o objetivo de ajudar motoristas a melhorar a rentabilidade e superar desafios diários.

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