O motorista de aplicativo Rubens Aincheberg, que atua na cidade de São Paulo há quatro anos, afirma ter sido bloqueado injustamente pela Uber e agora enfrenta dificuldades financeiras sem conseguir reaver seu pagamento. Segundo ele, a plataforma impediu seu acesso no último domingo, após um incidente com passageiros na noite anterior.
De acordo com Rubens, no sábado à noite, ele foi chamado para uma corrida em frente à Igreja Universal do Itaim Paulista. No local, encontrou quatro adultos, um adolescente e uma criança de aproximadamente sete anos, totalizando seis passageiros – número superior ao permitido por lei para um veículo de passeio. Ao informar que não poderia transportá-los, enfrentou resistência por parte dos clientes. “A mulher insistiu, o marido também, mas eu expliquei que, se tomasse uma multa, teria que pagar e ainda correria o risco de perder minha conta”, relatou.
Diante da negativa, a passageira reagiu de forma agressiva. “Ela me xingou, bateu a porta do carro com força e disse que faria com que eu saísse da Uber”, contou o motorista. No dia seguinte, ao tentar acessar o aplicativo para trabalhar, Rubens descobriu que sua conta estava bloqueada. “Acredito que o bloqueio foi consequência dessa situação, porque a Uber não ouve o motorista. Eles só escutam o passageiro e te bloqueiam sem chance de defesa”, afirmou.
Além do impacto profissional, o motorista relata dificuldades financeiras, pois trabalha com um carro alugado e tem contas a pagar. “Eu pago R$ 600 no aluguel do veículo e tinha um repasse de R$ 538,78 para receber na segunda-feira, mas agora não consigo acessar esse valor”, lamentou. Atualmente, ele está atuando apenas pelo aplicativo concorrente 99, mas diz que a renda não é suficiente. “A 99 está melhor hoje, mas para sobreviver é preciso trabalhar com os dois aplicativos.”
Rubens tentou contato com a Uber para reverter a situação e receber o valor devido, mas não obteve resposta. “Tentei falar pelo suporte, mandei e-mails, liguei para o 0800, mas nada resolve. Eles simplesmente ignoram. Esse dinheiro faz muita falta, especialmente agora, que minha conta de luz foi cortada”, disse.
O motorista critica a falta de suporte da plataforma e a postura da empresa diante das denúncias feitas pelos passageiros. “Se um cliente alega que foi maltratado, assediado ou roubado, a Uber não tenta apurar a verdade, simplesmente bloqueia o motorista. Eles não querem saber se o carro é alugado, se temos contas para pagar ou se dependemos do aplicativo para sobreviver”, desabafou.
Até o momento, Rubens segue impossibilitado de trabalhar pela Uber e continua cobrando a liberação do valor que considera seu por direito. “Trabalho noites inteiras, sob chuva e alagamentos, para ganhar esse dinheiro. Mas a Uber simplesmente bloqueou minha conta e ficou com o meu pagamento. Isso é apropriação indevida”, finalizou.
A Uber ainda não se pronunciou sobre o caso. A equipe do 55content solicitou um posicionamento da empresa e aguarda resposta.