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A regulamentação vai voltar. Motorista vai ganhar R$32 a hora em corrida, com gasolina batendo R$7 e carro a R$100 mil

Homem com barba, cabelos curtos e grisalhos, vestido com uma camiseta preta, sentado em frente a uma parede branca.
Fernando Floripa durante uma gravação, vestindo camiseta preta, com fundo branco.

Você gostaria de ter os seus próprios clientes e definir quanto que vai custar o seu serviço? Ou prefere continuar refém de aplicativo, onde eles mandam e você obedece? Eles dizem quanto você ganha, e você não consegue um reajuste.

Motorista, você já reparou que, a cada dia que passa, está mais difícil trabalhar com aplicativos? E, olha, neste ano de 2025, as coisas podem mudar ainda mais — e, infelizmente, não é para melhor. Com o custo de combustível nas alturas, o governo atrás da gente querendo taxar e regulamentar, e novas categorias, mais concorrência chegando, eu te pergunto: onde será que vai parar esse nosso trabalho de motorista de aplicativo? 

E eu até já te pergunto: o que você espera do trabalho de motorista de aplicativo para esse ano de 2025? Você acha que melhora ou piora? O que você acha? Deixe nos comentários. Quero saber a sua opinião!

Vem comigo neste artigo, porque eu quero bater um papo com você sobre três coisas que vão afetar diretamente a nossa vida e o nosso trabalho de motorista de aplicativo nesse ano de 2025.

Olha, sempre que começa um ano, vem aquela reflexão na cabeça: será que esse ano vai ser melhor? Será que, nesse ano, a tarifa vai subir? Será que o trabalho de motorista de aplicativo vai ser um pouco mais fácil? Ou será que o desafio vai ser ainda maior? Todo início de ano essa reflexão surge, essa dúvida aparece na cabeça de muitos motoristas.

Inclusive, vários vieram me perguntar, me questionar. Recebi muitos comentários, muitos directs no Instagram. Até, se você ainda não me segue, já segue lá: @fernandobfloripa no Instagram. Procura lá! No TikTok também!

Agora, todo mundo começou a perguntar: “E aí, Fernando, o que você espera para 2025? Será que melhora? Será que não melhora? Pô, o combustível tá subindo! O governo tá querendo regulamentar, tão querendo taxar a gente. Tá entrando nova categoria, mais concorrência. O que vai acontecer com a nossa vida nesse ano de 2025?”

Bom, é sobre isso que eu quero bater um papo com você, trazer algumas reflexões e, no final, quero te dar um conselho sobre o que você pode fazer para este ano de 2025 ser um pouco menos sofrido para nós, motoristas.

Primeiro ponto, a primeira coisa que vai afetar diretamente o nosso trabalho de motorista de aplicativo, e que já vem afetando ano a ano, e esse ano já começou o ano nas alturas, que é a inflação e o preço do combustível. Não sei aí na sua cidade, mas, em várias cidades do Brasil, a gasolina e o etanol já passaram de R$5 o etanol, e a gasolina já está batendo R$7 em muitas cidades.

Eu até já te pergunto: quanto está a gasolina aí na sua cidade? Aqui, na minha, já passou de R$6,50. Estamos batendo na porta dos R$7. Isso afeta diretamente o nosso trabalho de motorista. A grande maioria roda na gasolina. E quando a gasolina aumenta, o nosso maior custo — que é o combustível — também aumenta.

E aí você pensa: “Poxa, há pouco tempo atrás, a gasolina era R$5, R$5 e pouquinho, e agora, de repente, foi para R$7.” De R$5 para R$7 é um aumento de quase 50%! A tarifa tá acompanhando? Os valores das corridas aumentaram 50% aí na sua cidade? De R$5 para R$7 foi quase 50% de aumento no nosso custo direto, no nosso maior custo.

E sabe o que é o pior de tudo isso nessa história?

É que esse custo pode subir ainda mais, pressionado pela inflação que vem crescendo no Brasil. E, com a inflação, não é só a gasolina que sobe. Sobe o óleo, sobe o pneu e sobe o preço do carro. Qualquer carro popular hoje custa, mais ou menos, R$100 mil.

Já parou para pensar nisso? Se você quiser trocar de carro, pegar um carrinho melhor, poxa, qualquer popular, com o básico, no Brasil hoje está por volta de R$100 mil. Aí você vê o carro a R$100 mil, a gasolina a R$7 e a tarifa a R$5. O que justifica isso? Nada!

E, para quem está pensando: “Beleza, a gasolina tá subindo, então talvez o negócio seja ir para o carro elétrico.” Com certeza, o carro elétrico é uma excelente alternativa para gente fugir do preço do combustível. Só que, com a inflação alta, o carro também está subindo de preço. E, com a taxa de juros nas alturas, o financiamento também está caro.

Você precisa tomar muito cuidado nesta hora. Para este ano de 2025, reflita bem antes de se enfiar em dívidas. Não pense que, só porque alguém falou que o carro elétrico é a melhor coisa do mundo, que ele vai ser melhor para você. Cada pessoa tem uma realidade própria.

Eu já falei algumas vezes aqui no canal: o carro elétrico é para quem consegue carregar em casa e para quem vai conseguir financiar com uma prestação baixa. Ainda hoje, eu estava conversando com um motorista sobre isso.

Ele falou que estava querendo trocar de carro e ele falou: “Até pensei no elétrico, mas não vou fazer uma prestação muito alta.” E ele, inclusive, ele mesmo falou que que tem um amigo que se emocionou, pegou um carro elétrico, fez uma prestação cara, e hoje está ralando. O cara saiu de um carro quitado, mais antigo, mais simples, para ir para um elétrico que, agora, está ralando porque a prestação ficou muito alta.

Então, o meu conselho: cuida muito com as taxas de juros se pensar em financiar um carro elétrico. E a prestação do carro elétrico tem que ser menor do que o que você gastava com combustível — no máximo, uns 80% ou 85% do que você gastava. Então, se você gasta R$3.000 com combustível, a sua prestação não deve ser maior do que R$2.400 ou R$2.500. Sob pena de você se ferrar para pagar depois. Já fica o meu alerta.

Segundo ponto que vai afetar diretamente a nossa vida nesse ano de 2025: regulamentação e STF.

A regulamentação não acabou. Sei que nos últimos tempos, o pessoal meio que parou de falar sobre isso, deixou o assunto quieto. Muita gente até esqueceu. Mas a regulamentação não acabou, e nessa última semana, o ministro Luiz Marinho, do Trabalho, voltou a falar de regulamentação. Ele falou que, no ano passado, não conseguiram emplacar porque houve uma certa resistência dos motoristas, mas que, nesse ano de 2025, a regulamentação vai voltar.

E ele quer colocar os entregadores na equação também, porque, até o momento, os entregadores ficaram de fora da regulamentação. E o Ministro do Trabalho já avisou: “Vou trazer para dentro e nós vamos botar esse PL para andar.” Se ela entrar, dependendo de como ela entrar, ela prejudica nosso trabalho e a nossa atividade.

Você já leu o projeto, o PL 12/2024? R$32 a hora em corrida, e bruto. Você vai ficar uma hora em corrida, hora parada não conta, então é só o tempo em corrida, para ganhar R$32, com gasolina batendo R$7 e carro a R$100 mil. O que você acha? Você acha que uma regulamentação dessas vai ajudar? Já comenta aqui! 

Além da regulamentação, também temos o STF querendo julgar a relação de trabalho. O STF tá com um processo lá que eles estão debatendo, inclusive agora em dezembro, teve audiência pública sobre a relação de trabalho, onde sindicatos e representantes dos motoristas foram lá e disseram que o trabalho é um vínculo empregatício e que tudo leva a crer que tem que ir para a CLT.

Eu até concordei com esse pessoal em parte. Realmente, do jeito que está hoje, o nosso trabalho como motoristas de aplicativo é um trabalho com vínculo empregatício. A empresa manda, o motorista obedece. A empresa define quem entra, ela contrata, define quem é bloqueado, ela demite, ela define as regras do jogo, incluindo até o ano do carro que você pode usar para trabalhar. E o pior: ela que dita o preço, ela que diz quanto o motorista vai ganhar.

Aí eu te pergunto: isso não é uma relação de trabalho?

Os caras mandam até no quanto que eu vou ganhar e ainda vem dizer que eu sou autônomo. Então, do jeito que está hoje, realmente tudo leva a crer que é um trabalho CLT. Mas é o que a gente quer? Eu não! Eu quero ser autônomo de verdade. Eu quero ser que nem o tiozinho da pipoca, quero ser que nem o cara que pinta a parede de casa, quero ser que nem qualquer prestador de serviço que tenha autonomia para ter os seus próprios clientes, não ser obrigado a trabalhar por aplicativo e definir o próprio preço com base nos meus custos.

Só eu posso dizer quanto que vale o meu trabalho, com base no meu custo. Eu tenho um carro, eu tenho um aluguel para pagar, eu tenho filho, eu tenho um monte de coisa. Então eu sei onde meu calo aperta e eu sei quanto que tem que custar a minha corrida, o meu trabalho. Eu quero ter essa liberdade.

Só que hoje, no Brasil, eles não dão essa liberdade. A lei não deixa a gente ter os nossos próprios clientes nem prestar o nosso serviço. E é isso que tem que mudar.

O que você acha? Você gostaria de ter os seus próprios clientes e definir quanto que vai custar o seu serviço? Ou você prefere continuar refém de aplicativo, onde eles mandam e você obedece, eles dizem quanto você ganha e você não consegue um reajuste?

O que você acha? Comenta aqui!

E o terceiro ponto que vai afetar drasticamente o nosso trabalho nesse ano de 2025 já vem acontecendo. Você talvez nem tenha percebido, mas é algo que já vem acontecendo com o passar dos anos, veio forte no ano passado e, nesse ano, deve se intensificar: o crescimento da concorrência pela criação de novas categorias e a chegada de novos trabalhadores para disputar o mesmo espaço.

Os aplicativos, como Uber e 99, grandes empresas, querem o quê? Abrir o portfólio, ampliar o leque de opções para trazer alguns novos passageiros e atender os passageiros que já têm. Por isso, estão trazendo o táxi. Você viu o Uber Táxi, que tá vindo forte? No ano passado começou devagar, e, no final do ano, já expandiu. Este ano, ela vai atacar o táxi para trazer mais taxistas para a plataforma.

E tem a questão do ônibus. Você viu o Uber Shuttle, o serviço de ônibus? Pois é, está começando tímido, apenas em São Paulo, mas o UberX começou assim: começou devagarinho, lá em São Paulo. De repente, abriu para uma cidade, para outra, e, quando viu, dominou o Brasil inteiro.

Tem também a moto. A gente está vendo a briga da 99 com a Prefeitura de São Paulo para ampliar o serviço de moto. Na hora que abrirem as porteiras de São Paulo, isso vai vir forte para o Brasil inteiro também. O aplicativo até fala: “Estamos trazendo as pessoas que gostam do táxi para a plataforma, as pessoas que andam de ônibus, as pessoas que preferem a moto.”

E aí, na hora que todo mundo estiver na plataforma, a pessoa tem dia que vai pegar a moto, tem dia que vai pegar o carro, tem dia que vai pegar o táxi, tem dia que vai pegar um ônibus. Só que eles esquecem que tem muita gente que também pega o carro e, em outros dias, vai usar outros serviços. Consequentemente, o nosso serviço dilui. É mais gente disputando o mesmo pedaço de bolo.

Então, isso já vem afetando o nosso trabalho, e, nesse ano de 2025, pode ter certeza: os aplicativos vão intensificar essas categorias. Pois a ideia deles é não depender só de motoristas. Eles querem ter várias opções, porque, no dia que faltar carro nos aplicativos, eles vão ter o táxi, vão ter o ônibus, vão ter a moto. Você tá entendendo?

Os próprios aplicativos já nos dão a dica do que fazer: não depender de um único serviço. Por isso, eles estão abrindo o portfólio. E essa dica tem que ficar para nós, nesse ano de 2025. Meu amigo, minha amiga motorista, se você trabalha hoje única e exclusivamente como motorista de aplicativo, se você depende desse trabalho, se você depende dessa atividade, o meu conselho a você: diversifique as suas opções.

Busque outras formas de ganhar dinheiro. Tente depender menos dos aplicativos nesse ano de 2025, porque eles já estão deixando bem claro: eles não querem depender da gente. Eles não querem só trabalhar com a gente. Eles querem trabalhar com todo mundo. Eles querem colocar vários tipos de serviço para atender os mesmos passageiros.

E quem perde nessa história? Eles, pelo contrário, eles ganham. Eles ganham mais com mais viagens acontecendo. Agora, nós, na hora que tem mais gente querendo comer o mesmo bolo, o que acontece? 

Concorda comigo? Não concorda? É maluquice minha ou eu tenho alguma razão? Deixa nos comentários. Quero saber a sua opinião!

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Fernando Floripa

Fernando Dutra, conhecido como Fernando Floripa, é motorista de aplicativo em Florianópolis e referência nacional para motoristas. Desde 2016, ele compartilha dicas e conteúdos nas redes sociais, alcançando quase 1 milhão de seguidores no YouTube, Facebook, Instagram e TikTok. Casado e pai de três filhos, com formação em Ciências da Computação e Administração, ele trabalha ativamente como motorista e incentiva a união da categoria, consolidando-se como um influenciador na área de mobilidade.

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