Em abril de 2016 a Uber dava incentivos, pagava por km, por tempo e todos trabalhavam muito sem reclamar porque a recompensa era boa; o tempo passou e vocês sabem o que aconteceu.
Os amigos taxistas precisam ficar bem atentos a essa jogada da Uber de introduzir a solicitação de táxi no seu aplicativo, que já é uma realidade em muitas cidades do mundo e está se expandindo no Brasil. Agora, por exemplo, acaba de chegar a mais 14 grandes cidades do país, e não para por aí. A Uber não dá ponto sem nó, meu amigo taxista.
Num primeiro momento, ela oferece taxa zero para que você fique com 100% das viagens, mas não se iluda. No fundo, o que a empresa quer é tirar a sua clientela. Ela pretende, com essa estratégia, habituar os clientes que hoje acionam a cooperativa ou ligam diretamente para o taxista, a utilizarem o aplicativo. E, uma vez no aplicativo de passageiro, ele terá o táxi como opção, mas também terá outras opções de Uber.
Então, muito cuidado. A Uber é esperta. Ela não está fazendo isso porque queira ajudar os taxistas. E quem fala isso é um dos motoristas mais experientes da Uber aqui em Salvador. Estou desde o primeiro dia. E lá em abril de 2016, quando começou, nossa, a Uber pagava por quilômetro e por tempo. Todo mundo trabalhava muito, muito mesmo. Mais de 12 horas. Mas ninguém reclamava, porque a recompensa era satisfatória. O tempo passou e virou isso que vocês sabem muito bem, embora quem é taxista não esteja do lado de cá como motorista de aplicativos.
Eu duvido muito que a Uber vá pisar na bola com os taxistas do mesmo jeito que fez com os motoristas. Mas é bom pegar a visão e ficar atento, porque, uma vez que ela coloca a clientela que hoje usa o táxi dentro do aplicativo, ela pode manipular a tarifa do jeito que quiser. E aí, meu amigo, o prejuízo é certo. Entenda uma coisa: quando a Uber está ganhando, o motorista está perdendo. Quem paga a conta do resultado da Uber é o motorista, e ela pode querer fazer o mesmo com você, taxista.
