TCAR: “Nosso motorista ‘camisa 10’ já chegou a fazer R$17 mil em um mês e mantém uma média de R$12 mil a R$13 mil”

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Entrevista
Conversas com especialistas, gestores e profissionais do setor, com perguntas conduzidas pela equipe do 55content.
Duas pessoas vestidas com camisas vermelhas posam ao lado de um carro com o logo da empresa TCar Transporte de Passageiros.
Equipe da TCar mostrando o serviço de transporte de passageiros. Foto: Divulgação

Aplicativo regional de Minas Gerais, com média de 2 mil corridas mensais, pretende expandir operações para outras regiões do país.

Thiago Franklin é gestor e idealizador do aplicativo regional TCAR, com operação em Iturama, Minas Gerais. Natural de Maceió, ele desistiu de seu trabalho em uma usina elétrica para se empenhar em sua própria plataforma.

Depois de trabalhar por um ano como motorista em outro app de sua cidade, observou as falhas e pontos que precisavam ser solucionados. Em 2021, criou o TCAR e comenta: “Você tem que dominar a cidade”.

Ele também conta que é necessário ter persistência: “Fui taxado como louco”. Thiago explica ainda sobre um problema que enfrenta em sua região: as corridas particulares. Ele revela que, em muitas situações, os moradores optam por selecionar um motorista de confiança para realizar todas as corridas: “80% a 90% das viagens são feitas por motoristas particulares”.

Ainda sobre a plataforma, Franklin ressalta como funciona o recrutamento: “O motorista não chega aqui de manhã e diz ‘eu quero ser motorista’ e à tarde já está rodando. Não, não é assim que funciona. Ele tem que seguir um cronograma, tanto em relação ao conhecimento da cidade quanto ao uso da plataforma”.

Para isso, ele conta que oferecem treinamento, com aulas teóricas e até práticas, se necessário, com corridas pela cidade: “é um trabalho de conscientização”.

O que exatamente você via de errado e como é que vocês conseguiram mudar isso na TCAR?

“O que tinha de errado, primeiramente, é que o aplicativo não incentivava as pessoas a baixarem o aplicativo e solicitarem corrida por ele. Então, o que acontecia era que o aplicativo operava todo errado. O dono do aplicativo dizia: ‘Olha, a plataforma tá aí, se vira.’ Ele só queria receber o pagamento na data X todo mês.

O motorista que se virasse; ninguém respeitava ninguém, não havia hierarquia no grupo. Criaram um grupo do aplicativo e, quando um motorista não podia ir à corrida, mandavam no grupo, e quem estivesse disponível pegava a corrida. Totalmente diferente do que eu trabalhava anos atrás. Isso não é legal, não funciona.

Comecei a perceber que o primeiro ponto era a falta de atenção do dono do aplicativo, tanto com o cliente quanto com os motoristas. Os motoristas estavam desamparados, sem alguém que pudesse dar suporte para eles. O motorista precisa saber que, se tiver um problema, pode mandar uma mensagem para a central, e a central vai resolver. Essa falha também ocorre nos grandes aplicativos. Quando trabalhávamos na Uber ou na 99, não tínhamos esse suporte.

Então, comecei a focar em direcionar a população para o aplicativo, fazendo promoções e sorteios. A cidade é pequena, onde todos se conhecem, o que facilita. Dessa forma, a TCAR começou a se destacar entre os outros aplicativos. Peguei os pontos negativos dos outros aplicativos e usei a nosso favor. As coisas começaram a acontecer após dois anos.

Havia cerca de 40 a 50 motoristas distribuídos em quatro aplicativos. O que foi essencial para o nosso crescimento foi começar a dar atenção ao motorista e receber um feedback positivo da população. Até hoje, eu dirijo, amo o que faço e consigo coletar informações diretamente.

Os outros aplicativos começaram a se sentir ameaçados. A diferença é que, enquanto eles têm alto poder aquisitivo para investir, eu conheço a cidade e estou no campo, não apenas atrás de uma mesa. Ninguém sabe mais do que eu sobre as dores de um motorista e de um passageiro, porque estou com eles todos os dias.”

Como vocês cobram dos motoristas? Há uma mensalidade? Taxa? Quanto é essa taxa? Como é feito o controle?

“Eu precisava criar algo atrativo para trazer motoristas. Quando começamos, a maioria dos aplicativos locais cobrava mensalidade, então adotamos essa prática também, com uma taxa de R$100, enquanto os rivais cobravam R$150. Com o tempo, ajustamos para R$200 por motorista. Atualmente, temos 22 motoristas ativos na cidade e também entramos em outra cidade, no Goiás, com 3 motoristas cadastrados.”

Qual o valor da corrida mínima?

“A corrida mínima no horário comercial custa R$9,99. Temos três tarifas: bandeira um, R$9,99; bandeira dois, R$11,99; e bandeira três, para a madrugada, R$12,99 como valor inicial.”

E como é feito o controle por quilômetro e minuto? Há um preço fixo?

“Na bandeira comercial, cobramos R$1,87 por km e R$0,45 por minuto. Também temos a bandeirada, que cobre aproximadamente de 1 a 1,2 km.”

Quanto, em média, um motorista do app fatura?

“Para quem usa o app como complemento de renda, consegue faturar bruto de R$4 a R$5 mil, com líquido entre R$2.500 a R$3 mil. Nosso motorista ‘camisa 10’ consegue manter uma média entre R$12.000 e R$13.000 mensais, e já chegou a R$17.000 em um mês, bruto.”

Qual sua média de corridas e seus planos futuros?

“Registramos em média de 1.500 a 2.000 corridas mensais. Meu maior desejo é expandir a TCAR e atuar no Nordeste, especialmente em meu estado de origem, como uma questão de honra.

Também queremos realizar um trabalho social através do aplicativo, criando um projeto em que, um dia por mês, o valor da corrida seja um kg de alimento, que será arrecadado e distribuído em cestas básicas. Estudamos a viabilidade com o apoio do prefeito, que aceitou bem a ideia.

Estamos envolvidos com a política local e queremos regulamentar o serviço em Iturama no ano que vem, para profissionalizar o serviço. Queremos evitar que alguém apenas compre uma placa com o nome ‘Uber’ e se declare motorista de aplicativo.

Nossa ideia é tornar o TCAR um patrimônio da cidade, com apoio do prefeito. Temos certeza de que, com isso, tanto a população quanto a nossa equipe só terão a ganhar.

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