Nos dias chuvosos, os serviços de entrega de comida continuam ativos, e a preocupação com os entregadores se intensifica. Você já evitou fazer um pedido pensando na segurança dos motoboys?
O Brasil conta com mais de 1,6 milhão de pessoas trabalhando com entregas ou como motoristas de aplicativo, segundo dados do CEBRAP e da AMOBITEC. Com isso, as plataformas de delivery continuam crescendo, atraindo clientes que preferem pedir comida sem sair de casa.
A rotina corrida, os afazeres domésticos e outras obrigações influenciam na decisão de cozinhar ou usar o app de delivery. A porcentagem de brasileiros que afirmam não ter tempo para preparar suas refeições cresceu de 27% em 2021 para 31% em 2023, segundo a YouGov. É nesse contexto que os entregadores desempenham seu papel, trazendo a comida até nós.
Percebe-se que, em dias chuvosos, alguns clientes podem hesitar antes de fazer o pedido, já que as pistas ficam mais escorregadias e os pedidos podem sofrer atrasos devido à alta demanda e à redução do número de entregadores nas ruas.
Lara Malacrida, estudante de 20 anos que mora sozinha em São Paulo, comenta que nunca deixou de pedir em dias de chuva, mas se preocupa com os entregadores: “Eu peço muito delivery porque não tenho tempo nem paciência para cozinhar, mas sempre levo em conta a chuva. Como consumidores, devemos ter compaixão pelos trabalhadores. Dias de chuva já são perigosos no trânsito, especialmente para motocicletas”.
Por outro lado, alguns entregadores veem nos dias chuvosos uma oportunidade de ganhar um dinheiro extra. Raul Araujo, entregador há mais de quatro anos, explica: “Se a chuva for leve, coloco minha capa e continuo trabalhando, pois os aplicativos geralmente oferecem um valor adicional por corrida nesses dias. Se a chuva estiver muito forte e o risco for alto, prefiro parar e esperar que a tempestade diminua, pois minha segurança vale mais do que uma entrega de R$7,00”.
Segundo a Kantar, 28% dos brasileiros pedem delivery de comida pelo menos uma vez por semana. Nancy, de 39 anos, mãe de gêmeas e uma adolescente, conta: “No fim de semana, prefiro não cozinhar. Mesmo que esteja chovendo, acabo pedindo delivery, e às vezes até me esqueço dessa questão”.
Gabriel de Souza, que trabalha doze horas por dia como entregador, relata: “Dias chuvosos complicam vários aspectos, pois os clientes demoram mais para receber as entregas. Precisamos ligar, mandar mensagens, buzinar e até gritar o nome, e mesmo assim, às vezes, eles não aparecem”.
Com os entregadores expostos às intempéries, campanhas foram criadas nas redes sociais para incentivar os clientes a não pedirem delivery em dias de chuva, promovendo uma discussão sobre a ética dessa prática.
Fóruns têm sido organizados para debater se é correto ou não pedir deliveries nesses dias, e as opiniões estão divididas. Alguns defendem não avaliar negativamente os entregadores e restaurantes em dias de chuva, pois entendem que a qualidade do serviço pode ser afetada, enquanto outros consideram isso irrelevante, argumentando que os entregadores precisam trabalhar.
A equipe do 55content entrou em contato com o iFood e a Rappi para obter seus posicionamentos. O iFood optou por não participar da reportagem, enquanto a Rappi informou que:
“Em consideração aos entregadores parceiros, o Rappi oferece a eles, entre outros benefícios, suporte em tempo real, pontos de apoio, informativos com dicas de segurança no trânsito, cursos de segurança viária, capacitação online, botão de emergência para situações de risco e seguro para acidentes pessoais, invalidez permanente e morte acidental. Regularmente, a empresa organiza campanhas de distribuição de itens de segurança ou vestuário, incluindo camisas UV, corta-ventos, capas de chuva e jaquetas. Adicionalmente, em dias de chuva, os entregadores automaticamente recebem um valor adicional por cada entrega realizada.”
