Dado foi apresentando durante o SP Tech Summit, evento que debateu soluções de descarbonização por meio da eletromobilidade.
Diante do cenário que apresenta boas expectativas, mas também dificuldades a serem vencidas, entre abril de 2022 e fevereiro de 2023, a 99 colocou 450 veículos elétricos em 74 mil viagens realizadas pelo aplicativo, proporcionando a experiência da eletromobilidade para mais de 100.000 passageiros e evitando a emissão de 7 toneladas de CO2.
A empresa lidera a Aliança pela Mobilidade Sustentável, que inclui os principais atores do ecossistema da eletrificação. Por meio de um pacto setorial, a aliança busca democratizar a mobilidade elétrica. Empresas de energia, empresas de locação, empresas de carregadores, montadoras e até bancos estão reunidos para ajudar em todas as cadeias.
Segundo Fernando Pfeiffer, diretor de veículos elétricos da 99, há dois grandes desafios a serem enfrentados para a transição elétrica: o valor dos carros elétricos, que está acima dos padrões da realidade brasileira, e a infraestrutura de carregadores, que, apesar de estar se desenvolvendo de forma gradual, ainda é incipiente.
“Temos, em média, 750 mil motoristas conectados a 20 milhões de brasileiros ativos na nossa plataforma. Então, esse potencial de volumetria é suficiente, considerando a nossa atuação em mais de 1.600 cidades, para dar a capilaridade que a gente necessita para influenciar essa cadeia de valor. A partir do momento em que conseguimos influenciar as montadoras e também as empresas de locação para adquirir carros elétricos para alugar para os nossos motoristas, as empresas de energia se movimentam de maneira proporcional e levam infraestrutura e carregadores até os nossos motoristas”, explica o profissional da 99.
Para ilustrar a situação, Pfeiffer traz um exemplo concreto: “Hoje, um motorista que procura um veículo elétrico dentro do modelo de locação vai praticamente pagar o dobro do valor do aluguel que ele paga no veículo tradicional. No entanto, com o veículo elétrico, ele poderá reduzir os gastos com abastecimento em cerca de 80% em comparação ao uso de combustíveis fósseis. Essa redução de custo, considerando que ele roda mais de 5.000 km em média por mês, é suficiente para pagar o incremento no valor do aluguel e ainda oferecer maior rentabilidade. É por isso que os motoristas em situações reais de uso estão muito satisfeitos, tendo maior lucratividade e melhores condições de trabalho, já que o carro elétrico vibra menos, tem menos emissão de calor, não faz barulho e proporciona uma melhor experiência para os passageiros. Um fato curioso é que os motoristas de veículos elétricos ganham mais gorjetas do que os dos veículos convencionais, pois os usuários se surpreendem positivamente com a experiência de um carro elétrico”.
Leia mais: Carros elétricos podem gerar até 80% de economia para motoristas de app
O diretor ainda complementa, relatando que o motivo de trazer uma financeira como o Banco BV para a Aliança pela Mobilidade Sustentável é justamente prover recursos monetários que ajudem tanto a locadora a fazer a aquisição do carro quanto o motorista a fazer a aquisição de um carregador e assim por diante. “É assim que agregamos valor e juntamos todos os principais atores no mesmo ideal”, afirma Pfeiffer.
Apesar da falta de parcerias com o poder público nacional, que ainda se mostra tímido nas políticas públicas de fomento aos veículos elétricos, o setor privado se mobiliza para unir forças nesse sentido.
“Nosso interesse é que, gradativamente, o governo também entre nessa jornada e traga políticas que complementem os incentivos das empresas privadas, para que possamos atingir uma equação sustentável a médio e longo prazo. Os benefícios dos veículos elétricos são inegáveis, incluindo cidades mais verdes, com ar mais limpo e ruas mais seguras, devido à tecnologia avançada dos carros. Além disso, a conectividade permite um melhor monitoramento do tráfego e ajuda a planejar viagens que envolvem diferentes meios de transporte, como aplicativos, veículos públicos elétricos e bicicletas elétricas, por exemplo”, explica o profissional.
SP Tech Summit reuniu grandes nomes da mobilidade
Na última quarta-feira (12/04), ocorreu em São Paulo, no Espaço Itahy, a SP Tech Summit, que debateu soluções de descarbonização por meio da eletromobilidade.
Reunindo líderes de negócios, gestores públicos, especialistas e parceiros estratégicos, o fórum propôs ações e explorou as oportunidades de negócio relacionadas à transição elétrica, além de discutir seus desafios de implementação e as soluções trazidas pela adoção de veículos elétricos leves e levíssimos.
Representantes de empresas que oferecem serviços de transporte individual privado, entregas e de micromobilidade, como a Jadlog, Tembici e 99, estavam presentes.
Dividido em quatro painéis, o evento começou com uma apresentação geral do tema, conduzida pelo consultor em Mobilidade Urbana do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Sérgio Avelleda.
Avelleda expôs dados e ações, mostrando o potencial de novos negócios no segmento e os desafios para o crescimento do setor.
Segundo o consultor, 90% do espaço urbano da cidade de São Paulo é projetado para automóveis, enquanto apenas 26% das viagens são realizadas por carros. Além disso, os automóveis consomem 60% da energia, sendo um dos principais responsáveis pela queima de combustíveis fósseis e emissões de carbono na atmosfera.
“Há tempos estamos diante de um sistema de mobilidade urbana extremamente ineficiente e insustentável. Uma das causas é o planejamento das cidades: há um desperdício de espaço e de tempo, já que muitas pessoas têm que se deslocar mais de 15 km todos os dias para chegar ao trabalho. Ou seja, as pessoas são obrigadas a percorrer grandes distâncias, o que, por sua vez, gera problemas de mobilidade”, afirmou Avelleda.
“Porém, o potencial de mudança está justamente nas cidades: as experiências internacionais têm mostrado maneiras de superar essas barreiras, visto que há novos atores entrando no ecossistema de transporte e mudanças na forma de operação. Em Amsterdã, por exemplo, 36% das viagens são feitas em bicicletas, enquanto em Paris, os maiores conflitos de trânsito são entre pedestres e ciclistas. A cidade, inclusive, pretende chegar a uma frota de ônibus 80% elétrica até 2025. O que precisamos é de subsídios públicos para acelerar a transição elétrica e de um planejamento urbano democrático e sustentável que se adeque à realidade da cidade”, completou o especialista.
No 1º painel, “Da fábrica às empresas de logística na transição para a eletromobilidade”, foi apresentado como a adoção de modais elétricos para o transporte de mercadorias e serviços tem fomentado a transição energética na cidade e gerado oportunidades de negócios para empresas de diversos nichos, desde as que oferecem produtos de micromobilidade até grandes players do setor de logística.
O 2º painel, “Conexões modais: iniciativas de descarbonização por leves e levíssimos”, apontou as vantagens e o potencial da ampliação do uso de veículos elétricos levíssimos, como motocicletas, bicicletas e patinetes elétricos, para as entregas de curta distância de produtos e serviços na cidade.
Já o 3º painel, “Infraestrutura de eletromobilidade: gargalos e impacto na distribuição de energia”, propôs um debate sobre a necessidade da ampliação da infraestrutura para a eletromobilidade na cidade e no país, pontuando desafios para evoluir e as soluções que estão sendo aplicadas atualmente.
Por fim, o 4º painel, “Como as cidades podem apoiar a transição energética”, discorreu sobre o papel da cidade e dos atores do ecossistema de negócios no ambiente de soluções, modelos de viabilização e propostas de regulamentações para acelerar a transição energética.
Avoid, Shift e Improve
Uma das alternativas para a adoção de um sistema de mobilidade mais sustentável, apresentado durante o evento, é a implantação da abordagem Avoid, Shift e Improve.
Em “avoid“, o consumidor escolhe usar nenhum ou menos recursos; em “shift“, o consumidor muda de um método pouco sustentável para um mais sustentável; já em “improve“, o consumidor aumenta a eficiência dos recursos de um bem ou recurso existente.
Dentro dessa lógica, a redução do número de viagens, a adoção de uma bicicleta no dia a dia e a troca de um veículo pessoal movido a gasolina por um elétrico ou híbrido são ações que se enquadram na abordagem Avoid, Shift e Improve.