Logtech brasileira Eu Entrego aposta no Envoy, sua plataforma Software as a Service, para alcançar novos caminhos.
Com a pandemia, enquanto o e-commerce cresceu exponencialmente, a queda inicial do transporte de passageiros levou muitos motoristas de aplicativos a buscar plataformas de entrega para continuar gerando renda para suas famílias.
Uma das empresas que vem crescendo nos últimos anos é a logtech Eu Entrego. Em 2022, ela registrou um crescimento de 23% na receita. Levando em conta o período do Natal e Black Friday, o crescimento foi de 71%.
Atualmente, a empresa está presente em 300 cidades do Brasil, com uma frota de 50 mil motoristas cadastrados.
A Eu Entrego ficou famosa justamente por ser uma plataforma que conecta grandes marcas como Vivo, Ri Happy, Cobasi, Raia Drogasil, O Boticário, Petz, Kalunga e Bemol a motoristas autônomos que realizam essas entregas.
A empresa precifica o frete por meio de uma tabela desenvolvida pela própria plataforma e, em seguida, oferece o serviço para a rede de entregadores. O algoritmo repassa o valor do serviço para o entregador de acordo com alguns fatores como a quantidade de pacotes, região, trânsito, clima e se é um dia comum ou feriado. A plataforma também possibilita que os varejistas ofereçam um bônus direto para o entregador em determinada rota, incentivando-o a realizar o serviço em momentos especiais.
Além da diferença entre o que o estabelecimento paga pelo frete e o que a empresa repassa para os entregadores, a Eu Entrego também recebe uma mensalidade dos autônomos, que pagam R$ 18 por mês para realizar as entregas na plataforma. A taxa não é cobrada de entregadores que não atingem R$ 100 em ganhos em uma quinzena.
O cadastro inicial é feito no site e, após o entregador passar por uma checagem que avalia antecedentes criminais, geolocalização e validação de documentos, ele fica ativo na plataforma. A empresa está presente em todos os estados do país, mas novos entregadores só são liberados de acordo com a demanda de entregas.
Solução para empresas é a grande aposta da Eu Entrego.
Além do take rate pela entrega e da mensalidade, a Eu Entrego passou a ter parte de sua receita oriunda do Envoy, sua solução Software as a Service para estabelecimentos.
Segundo a empresa, o software foi desenvolvido com tecnologia própria. “Trata-se da versão SaaS do sistema Eu Entrego, adaptado para atender às necessidades específicas de cada cliente, porém trazendo ainda todas as funcionalidades e, principalmente, os aprendizados coletados ao longo da jornada de gerir uma base tão grande de entregadores autônomos”.
O resultado do teste in loco foi tão positivo que os varejistas/clientes se interessaram em utilizar a plataforma para gerir 100% de suas entregas, mesmo as que não são feitas pela Eu Entrego.
Em poucos meses de aplicação, a companhia já integra dezenas de clientes, seja com frotas próprias, seja com transportadoras terceirizadas. De acordo com o CEO Vinicius Pessin, a expectativa é que o modelo de SaaS seja responsável por até 30% do faturamento da empresa em 2023. Em 2022, ela foi responsável por 12%. “Acabamos de fechar com uma grande varejista que ainda não podemos revelar, por isso, achamos que é um número bem factível”.
O sistema funciona com geolocalização inteligente adaptada para os desafios do Brasil; roteirização otimizada baseada em machine learning para aprimoramento das rotas; tracking em tempo real que permite a visualização do entregador e a sincronização da coleta, com comprovante de entrega e de pagamento; gestão de entregas por meio de torre de controle completa que favorece o acompanhamento de frota própria e terceirizada e, claro, o aprimoramento da operação logística com base nos dados coletados; e sistema de expedição eficiente que organiza todas as etapas, eliminando os gargalos da operação.
Segundo o CEO da Eu Entrego, o Envoy nasceu de uma demanda dos clientes da empresa. “Nós percebemos que toda eficiência que construímos do momento em que pegávamos o pacote até realizar a entrega era perdida em situações como a do entregador que precisava esperar muito tempo no ponto de entrega, pois o pacote não estava disponível. Com o Envoy, nós utilizamos nossa capacidade de desenvolver tecnologia para o lado de dentro do balcão do varejista, dando mais eficiência na hora da separação e etiquetagem do produto e, principalmente, de comunicação com a rede de entregas”.
Quando a roteirização da entrega é feita, o lojista ou o hub sabe imediatamente quem é o entregador, qual o horário em que ele chegará, qual a forma da entrega e, através do sistema de segurança, elimina riscos de fraude ou furto. A tecnologia também possibilita a comunicação entre o balcão do varejista, o entregador e o consumidor final que pode, inclusive, dar orientações sobre a entrega.
“A última milha é a última fronteira da experiência com o cliente. Ela deixou de ser um assunto só de logística e passou a ser um assunto de marketing. Não adianta você ter uma experiência de compra online excelente se você pecar na entrega”.
Com o Envoy, a empresa criou uma nova linha de receita, sendo que os varejistas podem contratar tanto o serviço de última milha para utilizar apenas os entregadores cadastrados na Eu Entrego quanto contratar o Envoy para digitalizar toda a cadeia. “É possível mostrar para o varejista o melhor local para enviar o produto”.
Empresa foca no mercado Business to Business
Segundo o CEO da Eu Entrego, desde sua fundação, a empresa concentra seus esforços em atender apenas outras empresas, conectando o que eles chamam de embarcadores, que são as grandes varejistas que fazem vendas através do e-commerce, com uma rede de entregadores autônomos (crowdshipping).
“Atualmente, atendemos cerca de 160 clientes, todos estão na lista dos 300 maiores varejistas da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo. Por isso, contamos com um time comercial de executivos com bom trânsito entre essas grandes contas”, explica Pessin.
Apesar de, no final do processo, a Eu Entrego realizar o deslocamento do pacote de um ponto A para um ponto B, o CEO entende que a empresa não vende transporte, mas uma experiência de entrega baseada em tecnologia. Isso porque, além de conectar as varejistas aos entregadores autônomos, a plataforma captura a demanda, roteiriza a entrega e consolida a carga de forma a gerar mais economia para o processo.
Ao final, a Eu Entrego também realiza todo o monitoramento da entrega e as comprovações de que o serviço foi realizado ou não, através da geolocalização e assinaturas digitais ou físicas.
Expectativas para o ano
A expectativa para 2023 é que o crescimento da receita seja de 50%, realizando mais de 6 milhões de entregas por meio da expansão da plataforma e chegando a 600 cidades. A empresa ainda pretende expandir em 22% seu quadro de funcionários.
O carro-chefe da empresa continua sendo o ship from store, que são as entregas que saem diretamente da loja para a casa do consumidor. E, além do Envoy, a empresa aposta na criação de hubs metropolitanos. Atualmente, a Eu Entrego já conta com 5 hubs em São Paulo, 2 no Rio de Janeiro e 1 em Belo Horizonte. Até o final do ano, a expectativa é chegar a 15 a 20 hubs para armazenamento de produtos das varejistas atendidas pela empresa.
“Apoiados no ship from store e nos hubs, queremos entrar mais forte no mercado das entregas expressas. Afinal, a gente cresceu com as entregas no mesmo dia, mas o cliente está cada vez mais exigente, querendo que o produto chegue em horas. Por isso, já estamos testando esse modelo com os nossos principais clientes”.
Pessin explica que os hubs não são próprios da Eu Entrego, mas sim parcerias e, inclusive, em uma delas, eles realizam um processo de “airbnbzação”, em que o dono de um imóvel localizado em uma região estratégica aluga o espaço para a empresa armazenar seus produtos, sendo remunerado para isso.
