Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), temos 1,1 milhão de motoristas de aplicativo no Brasil.
Publicado em 18/12/2019 – Atualizado em 08/12/2021
Em outubro de 2021, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou um estudo mostrando que há atualmente no Brasil cerca de 1,1 milhão de motoristas de aplicativo.
O levantamento, nomeado de “A gig economy no Brasil: uma abordagem inicial para o setor de transporte“, mostra que havia, mais precisamente, 1.114.833 de motoristas trabalhando em plataformas durante o 2º Trimestre de 2021.
O estudo usou como base os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizada pelo Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE).
Em comparação ao 1º Trimestre de 2016, quando o instituto começou o levantamento dos dados, tivemos um aumento de 37% no número de motoristas de app.
Os dados coletados mostram que, no primeiro trimestre de 2016, o número de pessoas ocupadas no transporte de passageiros na Gig economy era de cerca de 840 mil. No primeiro trimestre de 2018, esse quantitativo atingiu 1 milhão de trabalhadores e chegou ao ápice no terceiro trimestre de 2019, com 1,3 milhão de pessoas. Por conta da pandemia de Covid-19, houve redução ao longo de 2020, mas o número logo se estabilizou nos dois primeiros trimestres de 2021 em 1,1 milhão de pessoas ocupadas em transporte de passageiros no regime de conta própria, valor 37% superior ao do início da série, em 2016.
Ipea
Período | Número de pessoas ocupadas no setor de transporte de passageiros no regime de conta própria |
2016.I | 813.450 |
2016.II | 839.716 |
2016.III | 832.349 |
2016.IV | 854.076 |
2017.I | 860.507 |
2017.II | 953.581 |
2017.III | 955.532 |
2017.IV | 963.072 |
2018.I | 1.040.696 |
2018.II | 1.047.340 |
2018.III | 1.064.772 |
2018.IV | 1.141.727 |
2019.I | 1.245.543 |
2019.II | 1.290.336 |
2019.III | 1.341.164 |
2019.IV | 1.298.813 |
2020.I | 1.318.264 |
2020.II | 1.083.464 |
2020.III | 951.277 |
2020.IV | 1.097.781 |
2021.I | 1.138.402 |
2021.II | 1.114.833 |
Principais pontos do estudo
Durante o estudo, os pesquisadores Geraldo Góes, Antony Firmino e Felipe Martins buscaram fazer uma contextualização geral da chamada Gig Economy, que é todo trabalho feito por intermediação de plataformas como Uber, 99 e iFood.
Eles explicaram que o termo Gig faz referência ao mercado musical norte-americano no século XX.
O Gig eram os shows de bandas em datas específicas, geralmente aos fins de semana, em que os músicos ficavam o restante da semana sem apresentação. Dessa forma, a Gig economy é caracterizada por “relações laborais entre trabalhadores e empresas que contratam essa mão de obra para a realização de serviços esporádicos e, portanto, sem vínculo empregatício (tais como freelancers e autônomos)”.
Assim, as 3 principais características deste mercado são:
- Ausência de vínculo formal na relação de trabalho (como a carteira de trabalho assinada);
- Possibilidade de prestação de serviços para vários demandantes;
- Jornada esporádica de trabalho.
Além da PNAD Contínua, o estudo usou como base a PNAD Covid-19, uma pesquisa elaborada também pelo IBGE, em caráter de urgência, para subsidiar as ações relacionadas com a pandemia do coronavírus.
(…) a PNAD Contínua e a PNAD Covid-19 não são desenhadas para apresentar se as pessoas ocupadas exercem seu trabalho por meio de aplicativos – por exemplo, motoristas no transporte de passageiros e entregadores de mercadorias. Assim, uma limitação é que as pesquisas do IBGE não captam apenas os trabalhadores de aplicativos nas categorias de transporte de passageiros e mercadorias, notadamente no caso dos taxistas.
Ipea
Para os pesquisadores, essa informação é relevante pois, apesar do aumento expressivo dos motoristas de aplicativo, a quantidade de taxistas no total da categoria não é desprezível.
O estudo tomou como base os trabalhadores autônomos das áreas de transporte de passageiros e mercadorias para estimar a quantidade de motoristas e entregadores nas plataformas.
Concluiu-se que há cerca de 1,4 milhão de trabalhadores em aplicativos.
Números em 2019
Em abril de 2019, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostrou que apps de entrega e de transporte já se tornaram o maior “empregador” do Brasil.
Uma comparação realizada pela Agência Estado mostrou que se fossem uma empresa única, esses apps teriam uma relação de funcionários 35 vezes maior que os Correios, maior estatal do Brasil.
O levantamento do IBGE também revelou que no segundo trimestre de 2019, o Brasil alcançou a marca de 1.125.092 motoristas. Isso significa que a cada duzentos brasileiros, um era motorista de aplicativo.
Desde 2012, quando a Uber chegou no Brasil, o país teve um salto de 228,64% no número de motoristas.
Mais da metade desses profissionais estão concentrados nos estados de São Paulo (263.600), Rio de Janeiro (188.406) e Minas Gerais (105.289). Já o Distrito Federal foi a unidade da federação que teve o maior salto percentual no número de motoristas.
Segundo dados da Uber, a empresa tem, no mundo, 3 milhões de motoristas, espalhados em mais de 700 cidades. No Brasil, em setembro de 2018, a empresa tinha 600 mil motoristas cadastrados.