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Passageiro cancelou a corrida com menos de 24h e ainda assim me pagou R$160

Mesmo com o cancelamento de última hora, recebi 20% do valor da corrida particular. O cliente estava ciente das regras e não houve reclamações.

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Opinião
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Homem de barba curta, vestindo camisa polo branca com logotipo “GoHop”, sentado no banco do motorista de um carro moderno, olhando diretamente para a câmera enquanto fala. Ele segura as mãos em frente ao corpo e um celular com texto visível está apoiado sobre a perna.
Foto: Ian Rocha para 55content

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do 55content

Você já pensou em fazer contrato com o seu cliente quando fecha um serviço particular ou de transporte executivo? Isso pode evitar calotes ou cancelamentos de última hora. Estou falando sobre isso porque recentemente passei por uma situação de cancelamento que, se eu não tivesse me resguardado com um contrato, teria me causado um prejuízo considerável. Vou explicar melhor.

Atualmente, sou motorista da categoria Black e estou migrando gradualmente para o transporte Executivo. Já publiquei alguns textos e vídeos na coluna do 55content, explicando como fazer essa transição, como cobrar pelos serviços e atender com carros padrão Black ou Executivo.

À medida que começamos a atuar nesse segmento e nossa agenda vai se enchendo, enfrentamos situações que talvez você ainda não tenha pensado. Quando fecho um serviço particular ou Executivo, com data e horário definidos, não posso aceitar outro cliente naquele mesmo período. Se o primeiro cliente cancelar, eu fico no prejuízo.

Muitos motoristas contornam isso passando o serviço para outro colega e recebem uma comissão por isso. Por exemplo, se você cobra R$ 250 por um trajeto até Confins, pode pagar R$ 190 ou R$ 200 para outro motorista e embolsar R$ 50. Assim, todos saem ganhando. No entanto, às vezes você simplesmente perde o cliente e, com isso, o faturamento daquele dia.

É aí que entra a importância do contrato. Aprendi recentemente a adotar esse recurso, com a ajuda do Marcelo, do Instagram @UaiMotorista, que me passou um modelo que adaptei. Quando mandei o orçamento para o cliente, já incluí os termos do contrato. Por causa disso, consegui transferir a corrida para outro passageiro e evitar prejuízo, pois surgiu outra solicitação para o mesmo dia e horário.

Vou compartilhar o orçamento que enviei, baseado no modelo do Marcelo, com alguns ajustes:

  • Ponto de partida: Hotel Mercury, região de Lourdes/Savassi em Belo Horizonte.
  • Destino: Inhotim, uma espécie de cidade de arte onde se passa o dia.
  • O serviço incluía: translado de ida, espera no local e translado de volta.
  • Valor total: R$ 800,00 (pagamento via Pix, dinheiro ou cartão).
  • Entrada: R$ 160,00 (20% do valor total) no fechamento; o restante ao final do serviço.

Costumo ajustar a porcentagem de entrada conforme o valor do serviço. Por exemplo, em serviços menores, como um trajeto até o aeroporto por R$ 250, cobro até 50% (R$ 125) de entrada.

Sobre cancelamentos, as regras são claras:

  • Cancelamento com menos de 24 horas: sem reembolso.
  • Cancelamento com até 48 horas: reembolso parcial de 50%.
  • Cancelamento antes de 48 horas: reembolso integral.

No caso específico, o cliente cancelou com menos de 24 horas de antecedência. Como já havia recusado outro serviço (um aeroporto de R$ 200) por conta deste, não reembolsei. O cliente estava ciente das regras e não houve reclamações. Expliquei que, por causa do contrato e da minha agenda, perdi outra oportunidade de trabalho. Faço questão de explicar tudo para manter o relacionamento, já que o cliente pode voltar a contratar o serviço futuramente.

O texto que enviei ao cliente com o orçamento e os termos do contrato estava completo em outras conversas. Mas, quando envio o contrato inteiro, explico claramente: cancelamento com mais de 48 horas tem reembolso total ou parcial; menos de 24 horas, sem reembolso da taxa de entrada. Isso evita furos e prejuízos.

Muita gente diz que vai fazer o serviço e, no dia, simplesmente não aparece. Você fica no local, esperando, sem garantia nenhuma. Quando há pagamento antecipado, o cliente tende a cumprir com o combinado. Isso reduz drasticamente os cancelamentos.

Não tenha medo de perder passageiros por exigir entrada ou contrato. Pelo contrário, isso é uma proteção. Você evita prejuízos e ainda se profissionaliza. Essa dica que aprendi com o Marcelo também passei para minha namorada, que é cabeleireira. Ela já tomou calote atendendo noivas e madrinhas. Um sábado — o dia mais lucrativo no salão — ficou praticamente vazio porque todas cancelaram dois dias antes. Agora, ela também faz contrato e exige entrada. Quem paga, pensa várias vezes antes de cancelar.

Espero que esse relato te ajude, principalmente se você já trabalha com transporte particular ou está querendo migrar para o Executivo.

Um abraço, é nóis!

Foto de Ian Rocha
Ian Rocha

Ian Rocha começou a trabalhar como motorista de aplicativo em busca de uma nova oportunidade e logo percebeu a importância de entender melhor a dinâmica do setor. Estudou estratégias, analisou os melhores horários e locais para otimizar seus ganhos e passou a compartilhar suas descobertas com outros motoristas. Ao notar a falta de conteúdo informativo sobre a profissão, criou um canal no YouTube para dividir suas experiências. Com o tempo, tornou-se uma referência no segmento, ajudando motoristas a trabalharem de forma mais eficiente e informada.

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