Se o motorista demora para buscar o passageiro, recebe uma mensagem de que pode estar fazendo com que ele cancele a corrida; é necessário um órgão regulador independente para controlar o que a Uber faz.
O que trago hoje é a necessidade de que empresas como Uber, 99 e outros aplicativos tenham um órgão regulador independente, que faça análises sobre tudo o que essas empresas impõem aos motoristas e o que acontece com os passageiros.
Vejam por que é necessário esse órgão regulador: as empresas fazem o que bem entendem, do jeito que querem. Muitas coisas são impostas a nós, motoristas, mesmo eles dizendo que são apenas empresas de tecnologia e que não temos subordinação alguma em relação a elas. Está claro que sim, somos subordinados à empresa. A partir do momento que você liga o aplicativo, precisa atender às imposições deles.
Vou explicar por que é necessário um órgão regulador que defina o que a Uber, a 99 e outras plataformas podem ou não fazer. Vejam só o que está acontecendo hoje: um enorme prejuízo para nós motoristas.
Por exemplo, você aceita uma corrida, anda dois, três, quatro quarteirões ou até mais, e o passageiro cancela. Sabe o que acontece com a gente? Não recebemos absolutamente nada por isso, porque o tempo de cancelamento ainda está dentro do limite do passageiro. Ou seja, ele tem um tempo para cancelar, mas já gastamos combustível, já rodamos, já trabalhamos e não ganhamos nada. Agora, imaginem isso sendo multiplicado por milhares de vezes todos os dias, com milhares de motoristas. O prejuízo está sendo de quem? Da empresa? Não. Está sendo nosso, pois somos nós que trabalhamos.
Lógico que há a orientação para esperar um pouco e ver se o passageiro não vai cancelar. Mas até isso as empresas nos impõem. Se você demora para buscar o passageiro, recebe uma notificação de que pode estar fazendo com que ele cancele a corrida. Olha a subordinação. Me digam: só por isso, não seria necessário um órgão regulador independente para controlar o que a Uber está fazendo e para evitar que tenhamos esses prejuízos? É um absurdo.
Querem ver outro exemplo? Você faz uma viagem, muitas vezes uma viagem longa, e ela entra em suspeita no aplicativo, muitas vezes porque o passageiro estava sem saldo no cartão para pagar. O que acontece? A viagem entra em análise. A gente reclama, questiona, vai no chat da Uber ou da 99, e sequer respondem. Quando respondem, dizem que a viagem consta no sistema, mas houve uma inconsistência e, portanto, não vamos receber. Simplesmente perdemos aquela corrida. E, muitas vezes, são corridas longas. Como isso é possível? Não deveria haver um órgão regulador para dizer: “Não, espera aí. A relação entre o motorista e o passageiro não tem nada a ver com a relação entre a plataforma e o motorista. Se consta no sistema que você fez a viagem, você deve receber, independentemente de o passageiro ter pago ou não”. Quem tem que verificar se o passageiro vai pagar ou não são as empresas. Elas é que devem recorrer ao passageiro e cobrar dele, e não repassar esse problema, que é da plataforma, para nós motoristas.
Estou dando apenas dois exemplos aqui, mas há inúmeros outros. Gostaria que vocês deixassem aqui outros exemplos, para que outras pessoas também possam fazer análises. E, mais uma vez, questionamos a necessidade de ter um órgão regulador independente para controlar o que essas empresas fazem. Já venho falando sobre isso há muito tempo e nada acontece. Parece que o motorista não tem voz. Temos políticos, regulamentações estão sendo criadas, mas nada disso aparece nessas regulamentações. Então, este é o nosso grito, pedindo que haja sim uma entidade reguladora independente para os aplicativos como Uber e 99.