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Uber faz parceria para acelerar planos de levar carros autônomos às ruas de Londres

Regulação acelerada no Reino Unido abre caminho para veículos sem condutor operarem via aplicativo.

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Notícia
Informações objetivas sobre fatos relevantes para o mercado de mobilidade, com apuração direta da redação.
Dois homens conversam em pé na frente de um carro autônomo branco em ambiente de laboratório tecnológico.
Foto: Reprodução/Linkedln

De forma simbólica, os CEOs da Uber e da Wayve, Dara Khosrowshahi e Alex Kendall, respectivamente, chegaram a bordo de um veículo autônomo da Wayve ao Cerebral Valley AI Summit, evento que reúne líderes do setor de tecnologia para discutir inovações e tendências em inteligência artificial. A cena marcou um novo momento da parceria entre as duas empresas, que buscam transformar Londres em um dos primeiros grandes centros urbanos do mundo a operar serviços de transporte com carros sem motorista. A aliança inclui o desenvolvimento e testes públicos de AVs (veículos autônomos), com previsão de início já em 2025, caso os marcos regulatórios avancem conforme planejado.

Os executivos participaram juntos de uma entrevista ao podcast Newcomer, comandado pelo jornalista Eric Newcomer, especializado na cobertura do ecossistema de startups e da indústria de tecnologia. O programa é conhecido por reunir líderes e investidores para debater os rumos da inovação e os bastidores do setor.

Conforme a conversa, o plano é replicar em Londres o que já acontece em Austin, nos Estados Unidos, onde carros da Waymo, outra parceira da Uber, podem ser solicitados via aplicativo. O objetivo, segundo Khosrowshahi, é fazer da Uber uma plataforma que conecte o usuário e as tecnologias de direção autônoma, e não necessariamente uma desenvolvedora do sistema em si: “Queremos realmente trabalhar com o ecossistema e buscar os melhores e mais brilhantes que estão desenvolvendo essa tecnologia”, afirmou sobre a parceria.

A Wayve é uma startup britânica que aposta em um modelo de IA de ponta a ponta, com capacidade de aprender diretamente com a experiência de condução e navegar por ambientes urbanos complexos. A promessa da empresa é operar com um sistema que se adapta, interpreta o cenário e toma decisões com fluidez. “A IA que desenvolvemos é capaz de lidar naturalmente com situações complexas e inéditas, sem precisar de mapas de alta definição”, explicou o CEO da Wayve. E destacou: “Isso é essencial para operar em ambientes urbanos como Londres”.

De acordo com Alex Kendall, o apoio do governo britânico foi decisivo para a ambição da empresa. “O que é muito empolgante para nós é a confiança e clareza que temos dos reguladores aqui no Reino Unido”, afirmou. Segundo o executivo, eles disseram que querem tornar isso possível, que vão acelerar a regulamentação em mais de um ano para viabilizar a operação.

A Uber já atua com a Waymo em Atlanta e Austin e, conforme reportado pelo New York Times, está em conversas com seu ex-CEO, Travis Kalanick, para financiar a aquisição da chinesa Pony AI, o que pode representar a reaproximação entre antigos rivais em busca de fatias no mercado bilionário da mobilidade autônoma.

Durante o encontro, Khosrowshahi criticou a falta de reconhecimento que a Uber tem recebido por sua atuação nessa área, especialmente se comparada a empresas como a Tesla. “Acho que 190 bilhões [de dólares de valor de mercado] serão apenas o começo, se conseguirmos realizar o que estamos desenvolvendo com a Wayve e outros parceiros”, determinou o CEO. Para ele, o mercado ainda não entende o valor dessas iniciativas. “Quando você está desenvolvendo novas tecnologias como empresa, precisa estar disposto a investir por muitos e muitos anos antes que o mercado compreenda ou reconheça o que você está fazendo.”

No passado, a Uber já tentou desenvolver tecnologia própria, por meio da unidade ATG. Mas, após um acidente fatal em 2018, a empresa mudou de estratégia: “No fim das contas, decidimos que o modelo de parcerias era o caminho certo a seguir. Com base em todos os principais players, exceto a Tesla, todos os outros estão abertos a trabalhar conosco”, afirmou.

Khosrowshahi argumentou que a tecnologia de direção autônoma provavelmente se tornará um recurso padrão nos veículos, o que permitirá a adoção em massa, inclusive por motoristas parceiros. “Acho que, daqui a dez anos, se um carro não tiver esse pacote disponível, ele nem vai conseguir ser vendido”, avaliou o CEO da Uber.

No trajeto até o evento, os executivos foram conduzidos por um veículo da Wayve com motorista de segurança, mas sem necessidade de intervenção. A experiência foi descrita como impecável, mesmo em situações desafiadoras como contorno de caminhões parados e fluxo intenso de pedestres londrinos. “A experiência de dirigir pelas ruas de Londres, contornando caminhões parados, lidando com pedestres e construções, foi perfeita, sem nenhuma intervenção”, relatou o CEO da Wayve.

A Uber acredita que poderá usar sua escala global e base de usuários para acelerar a adoção da tecnologia. “Podemos ajudar essas empresas altamente técnicas com operações locais, etc. E podemos ser um veículo para levar a tecnologia autônoma até os consumidores.” Mas o avanço precisa vir com responsabilidade, alerta o CEO: “O custo de um erro no mundo real é muito maior do que uma alucinação no mundo digital”.

Com os olhos voltados para um futuro onde humanos e IAs dividam as ruas, Uber e Wayve parecem determinados a colocar Londres na vanguarda da mobilidade urbana. “Acreditamos que essa é uma tecnologia que tem o potencial de tornar as ruas do mundo mais seguras. Isso é, de longe, o fator mais importante aqui”, disse o CEO da Uber.

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