Nesta terça-feira (27), o Insper e o iFood realizaram um evento em São Paulo para apresentar à comunidade acadêmica os detalhes da parceria firmada entre as duas instituições e discutir o uso de dados da plataforma iFood em pesquisas científicas. A iniciativa visa qualificar as discussões sobre políticas públicas voltadas para entregadores de aplicativo, por meio de estudos fundamentados em evidências.
Segundo o iFood, a colaboração, oficializada em novembro de 2024, permitirá que pesquisadores tenham acesso a dados desagregados da empresa em um ambiente controlado e seguro: as Salas Seguras do Centro de Dados e Inteligência Artificial (CDIA) do Insper. O objetivo, de acordo com as instituições, é fomentar a produção de conhecimento científico sobre o trabalho mediado por plataformas digitais e seus impactos sociais, econômicos e urbanos.
Estrutura e funcionamento das Salas Seguras
As Salas Seguras foram criadas para garantir a segurança no tratamento de dados sensíveis, conforme explicou Suelane Garcia Fontes, coordenadora técnica do CDIA. Ela afirmou que os espaços seguem padrões internacionais de governança e segurança da informação, permitindo que dados sejam utilizados por pesquisadores de maneira responsável. “Esperamos que essa iniciativa não apenas amplie as oportunidades de pesquisa, mas também inspire outras organizações a contribuírem para o fortalecimento da produção científica orientada por dados”, declarou a coordenadora.
De acordo com o Insper, o CDIA conta com um comitê que avalia os pedidos de acesso aos dados. Após a aprovação, os pesquisadores poderão utilizar informações como ganhos dos entregadores, número de horas trabalhadas, engajamento com a plataforma, além de dados relacionados a programas de capacitação promovidos pelo iFood, como o “Meu Diploma do Ensino Médio” e o “Decola”.
Estudos em andamento e potencial de análise
“Estamos hoje utilizando os dados de rotas dos entregadores em uma pesquisa sobre segurança viária em São Paulo. Nossa análise é totalmente independente e baseada em métodos científicos, mas sem essa parceria e o acesso aos dados do iFood, teríamos menos insumos para produzir uma pesquisa mais robusta e relevante para a sociedade”, afirma Adriano Borges, coordenador acadêmico do Centro de Estudos de Cidades – Laboratório Arq.Futuro do Insper.
Débora Gershon, diretora de Políticas Públicas e Economia do iFood, disse que a empresa busca ampliar a transparência e colaborar com a produção acadêmica. “Assim, estamos colaborando com a produção de conhecimento sobre o trabalho intermediado por plataformas digitais, incentivando a produção de pesquisas acadêmicas baseadas em evidências e que resultam no aumento da nossa compreensão sobre essa nova dinâmica de trabalho. Isso possibilita a formulação de políticas públicas mais robustas e eficazes”, afirma Débora.
Entre os temas que poderão ser abordados em futuros estudos, a empresa menciona também os impactos da atividade dos entregadores no trânsito urbano e os efeitos de programas educacionais na trajetória profissional dos trabalhadores vinculados à plataforma.
Participação e histórico da parceria
O evento, realizado na sede do Insper, reuniu cerca de 70 participantes e contou com a presença de representantes das duas instituições. Participaram das discussões nomes como Sérgio Avelleda, Cristine Pinto, Johnny Borges, Helena Carvalho, Luciana Arjona, Marina Merlo, Marcela Costa, entre outros.
Segundo o Insper, a parceria teve origem em julho de 2024, durante uma atividade de campo de um curso de férias sobre mobilidade urbana e desenvolvimento sustentável. Os alunos visitaram a sede do iFood para discutir segurança viária e o uso de dados na formulação de políticas internas. A partir desse contato, surgiu a proposta de compartilhamento de dados para fins de pesquisa.
Portal de Dados e ampliação da transparência
O iFood lançou, em setembro de 2024, o Portal de Dados, um painel digital disponível no site iFood News que apresenta informações agregadas sobre os entregadores cadastrados na plataforma. A empresa afirma que o portal faz parte de sua estratégia de ampliar a transparência sobre o funcionamento do trabalho via aplicativo.
Com a criação da Sala Segura em parceria com o Insper, a empresa afirma que o próximo passo é fornecer dados mais detalhados, com acesso restrito a pesquisadores, a fim de apoiar estudos mais aprofundados.
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