A Waymo, empresa de carros autônomos do Google, anunciou um marco expressivo: já realizou 10 milhões de viagens pagas sem motorista, operando em cidades como Austin, Los Angeles, San Francisco e Phoenix. Esse número dobrou desde dezembro do ano passado, quando havia atingido 5 milhões de corridas.
“Isso mostra que os robo-táxis estão, de fato, se tornando parte da rotina das pessoas, não só uma curiosidade turística”, destacou Tekedra Mawakana, co-CEO da Waymo, em entrevista à rede norte-americana CNBC durante o Google I/O 2025.
Atualmente, a empresa faz cerca de 250 mil viagens por semana. Apesar disso, Tekedra evitou prometer quando a Waymo será lucrativa. Segundo ela, o foco é reduzir custos, mas sem abrir mão da segurança.
“Nossa prioridade é garantir o caminho mais seguro, não o mais barato”, reforçou. “Pedir que alguém coloque sua família num carro sem motorista exige confiança. E segurança é a base disso.”
Tesla na cola: corrida pela liderança dos robo-táxis
A Waymo também comentou sobre a movimentação da Tesla, que promete lançar seu serviço de robo-táxis no próximo mês, sem o uso de sensores LIDAR — tecnologia que a Waymo considera essencial para segurança, especialmente em condições noturnas.
“Nosso carro vê melhor que um humano. Não estamos criando um sistema para que alguém tenha que assumir o volante num momento crítico. A proposta é que você entre, relaxe no banco de trás e chegue seguro”, explicou Tekedra.
Ela também alertou que qualquer acidente grave de concorrentes pode gerar reações negativas que afetam toda a indústria, inclusive com restrições dos órgãos reguladores.
Expansão, novos modelos e parcerias
Além das cidades onde já opera, a Waymo planeja chegar em breve a Atlanta, Miami e Washington DC. Para acelerar a expansão e reduzir custos, a empresa está desenvolvendo uma nova frota em parceria com fabricantes como Zeker, Hyundai (Ioniq 5) e Toyota.
O acordo com a Toyota, aliás, abre caminho para um novo modelo de negócios: carros autônomos de propriedade pessoal, além dos atuais serviços de transporte por aplicativo. “As montadoras estão interessadas em ter acesso ao nosso driver autônomo”, revelou Tekedra.
Parcerias para escalar
A Waymo também aposta em parcerias para escalar seu serviço. Em Austin e Atlanta, opera em conjunto com o Uber, que fornece a demanda de passageiros. Já em Miami, trabalha com uma empresa especializada na gestão da frota.
“Cada parceiro contribui de uma forma. Uber traz passageiros desde o primeiro dia. Já os parceiros de frota ajudam na operação direta dos carros”, explicou a executiva.
Desafio: conquistar confiança fora da costa oeste
Expandir para cidades fora da região conhecida como “Sunbelt” (onde estão Los Angeles e Phoenix) traz um desafio extra: conquistar a confiança do público, que ainda vê os robo-táxis como algo futurista. “O maior desafio é quebrar a ideia de que isso é ficção científica. Já está acontecendo”, garantiu Tekedra.
Outro desafio é avançar na operação em rodovias (freeways), algo que a empresa está priorizando para melhorar a experiência dos usuários e abrir novas rotas.
Pressão por regras nacionais nos EUA
Sobre regulação, Tekedra defendeu a criação de uma lei federal para veículos autônomos, algo que, segundo ela, traria mais segurança jurídica e ajudaria os Estados Unidos a se manterem líderes na inovação.
Ela se mostrou otimista de que isso possa ser aprovado ainda no atual governo americano. “A indústria na China tem apoio total do governo. Os EUA precisam fazer o mesmo para não ficarem para trás”, afirmou.