Samuel defende que vantagens oferecidas por apps como Uber e 99, como descontos em combustível, dependem do cumprimento de metas e podem acabar não sendo tão benéficas.
Samuel de Almeida, motorista de aplicativo e influenciador, compartilha sua visão sobre os desafios e dificuldades enfrentados pela categoria nos últimos anos. Com a experiência de quem está na linha de frente, ele aborda a falta de valorização dos motoristas pelas empresas, a necessidade de conhecimento sobre a profissão e as mudanças que considera essenciais para melhorar as condições de trabalho. Confira a entrevista completa abaixo.
- Como você avalia as mudanças no trabalho dos motoristas de app nos últimos anos?
Como acontece todos os anos, a tendência tem sido aumentar a dificuldade para os motoristas. As empresas lançam produtos ou modalidades que não nos são interessantes, favorecendo apenas os passageiros. Um exemplo disso é a modalidade “Uber Seu Preço”, que dificulta obter viagens lucrativas. Além disso, o valor dos preços dinâmicos foi reduzido para os motoristas, enquanto os valores cobrados dos passageiros aumentaram.
2. Quais os principais desafios que você enfrenta atualmente na profissão?
O esforço exigido para atingir as metas é cada vez maior. É necessário passar muitas horas online para conseguir bater a meta, o que tem se tornado uma tarefa cada vez mais difícil e desgastante.
3. Você percebe alguma mudança positiva no setor?
Infelizmente, não notei mudanças positivas. Empresas como Uber e 99 até oferecem algumas vantagens, como descontos em abastecimento. No entanto, essas vantagens geralmente dependem do cumprimento de metas, e, sem o devido conhecimento, podem não ser tão vantajosas assim. Além disso, não estamos recebendo os reajustes necessários no valor das corridas, o que considero a pior situação enfrentada pelos motoristas.
4. Na sua opinião, ainda vale a pena trabalhar como motorista de aplicativo?
Se a pessoa tiver conhecimento sobre como o sistema funciona, pode valer a pena, sim. Porém, é um trabalho árduo e com baixa remuneração. Eu vejo essa profissão como uma transição, até que o motorista consiga algo melhor. Para ter algum retorno, é preciso muito controle, perspicácia e regularidade. Se não houver dedicação total e um entendimento claro do trabalho, todo o esforço acaba beneficiando apenas as empresas. Nesse caso, não vale a pena.
5. O que você espera das empresas e do governo em relação aos motoristas?
Espero um melhor entrosamento entre as empresas e os motoristas. Atualmente, elas não nos dão a devida importância. O governo até demonstra interesse em regulamentar o setor, mas, mesmo com algumas regulamentações, os benefícios fundamentais para nós, motoristas, ainda não chegaram.
6. Qual é o conselho mais importante que você daria para quem está começando?
Adquirir conhecimento é essencial. É importante acompanhar o trabalho de pessoas que possam auxiliar e informar os novos motoristas. Muitas vezes, os erros acontecem por falta de informação, e esses erros acabam resultando em prejuízos financeiros.
7. Que melhorias você acredita serem mais urgentes para a categoria?
Precisamos de mais reconhecimento por parte das empresas, o que significa melhores valores para as corridas, que estão muito defasadas, e melhores condições de trabalho. Sugiro programas que realmente tragam benefícios para os motoristas. Além disso, seria importante que os passageiros tivessem mais respeito, pois muitos transformam as viagens em um caos, quando deveriam ser gratos pela viagem segura e tranquila que proporcionamos.
8. Para finalizar, qual é o principal aprendizado que você compartilha com outros motoristas?
Reforço novamente a importância de obter conhecimento sobre o trabalho. Nossas ações determinam se o resultado será positivo ou negativo. Costumo dizer que, se cometi um erro hoje, amanhã não devo repeti-lo. É assim que, com o tempo, vamos nos aperfeiçoando.