Confira como foi o primeiro dia de palestras do Summit Mobilidade Urbana 2021, evento promovido pelo Jornal Estado de São Paulo.
O Summit Mobilidade Urbana é o maior e mais relevante congresso do setor no país.
Nele são discutidos importantes questões sobre a mobilidade urbana, debatendo inovações, projetos, negócios e tecnologia com especialistas do Brasil e do mundo. Este ano o tema central é: transição para uma nova cidade.
O evento realizado de forma gratuita e 100% online pelo Estadão, entre os dias 17 e 21 de Maio, é uma excelente opção para quem busca conhecer e se inserir no mercado da mobilidade urbana.
Você terá a cobertura diária aqui no Blog da Machine.
Mobilidade e tendências
Para abordar com o panorama da mobilidade urbana no Brasil, foram convidados para a primeira mesa do Summit:
- Alexandre Baldy, secretário dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo;
- Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro;
- Edvaldo Nogueira, prefeito de Aracaju e presidente da Frente Nacional de Prefeitos;
- Rafael Calábria, Coordenador de mobilidade urbana do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC)
- Sergio Avelleda, consultor de mobilidade urbana e ex-secretário de Mobilidade e Transportes em São Paulo.
O debate foi mediado pela jornalista do Estadão Bia Reis.
Tendências da mobilidade no mundo e no Brasil: como ajudar o transporte público?
A pandemia modificou a sociedade em diversos aspectos, e um dos principais foi a mudança na relação das pessoas com o espaço público.
A limitação da circulação pelas cidades na tentativa de reduzir a transmissão da Covid-19, influenciou uma redução do uso do transporte público e um crescimento no uso dos modais de transportes individuais e privados.
Nesse momento, ninguém melhor que os prefeitos presentes para falar com propriedade sobre esse panorama das cidades.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, enfatizou:
Como toda pandemia na história das cidades, essa pandemia vai provocar um conjunto de modificações importantes. Alguns temas já debatidos anteriormente voltam com mais força, um deles obviamente é a diminuição do deslocamento das pessoas pelas cidades
Paes também relaciona as mudanças nos regimes de trabalho, como a expansão do modelo de Home Office, a uma alteração dos atuais modelos de distribuição da malha urbana, e consequentemente dos transportes.
A revitalização dos centros das cidades [já ocorre] com diversos escritórios adotando o regime de home office. Uma conversão dos escritórios em prédios residenciais favoreceria esse movimento, já que os centros das cidades brasileiras normalmente contam com muita infraestrutura e presença intensa de variados transportes.
Com isso, o prefeito do Rio alinha o desenvolvimento dos transportes a um melhor planejamento urbano nas cidades.
O prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, reforça que a lucratividade do transporte urbano no Brasil foi baseada no IPK (Índice de Passageiros por Km) e com o fluxo menor nos transportes públicos na pandemia a questão econômica também é um grande empecilho.
Nogueira ainda pontua:
O transporte público, principalmente os ônibus chegaram a ter uma redução de até 60% na quantidade de passageiros. Junto ao fato de que no Brasil os transportes são de responsabilidade Estadual ou Municipal, criou-se uma crise nos transportes das cidades.
Ele também aponta como solução, a aplicação de um modelo de transportes que conte com financiamento do Governo Nacional, que, segundo ele, além da melhora dos serviços também baratearia os preços oferecidos a população.
Com um pensamento a médio e longo prazo, Edvaldo vê a necessidade de investir em novas tecnologias e até mesmo na inclusão de novos modais de transporte às malhas já existentes.
Rafael Calábria sendo parte do órgão que assegura os direitos da população, ressalta também a importância de um investimento federal para que o serviço prestado pelos transportes alcance a qualidade desejada.
Países com um nível maior de desenvolvimento, como Estados Unidos e Alemanha, já realizaram durante a pandemia diversos ‘socorros emergenciais’ aos transportes. Só no EUA foram 3, o último deles em janeiro. Na Alemanha o objetivo também era mudar o atual sistema e aderir a um mais sustentável.
Essas declarações indicam um problema estrutural nos transportes, que não se resume a realidade de uma ou duas cidades, mas sim do país todo.
Mobilidade, Igualdade e o Futuro das cidades
Finalizando o primeiro dia do Summit Mobilidade, o palestrante internacional Marcel Porras trouxe um pouco da realidade da mobilidade em Los Angeles, maior cidade da Califórnia, estado dos Estados Unidos.
Marcel é Diretor de Sustentabilidade do Departamento de Transportes de Los Angeles.
Em seu discurso, Marcel por várias vezes reforçou a necessidade da inclusão de novas tecnologias que sejam cada vez mais sustentáveis, tomando como exemplo sua cidade.
Em Los Angeles há o incentivo por parte do Governo para a circulação de carros elétricos e veículos de menor porte, como as chamadas motonetas no Brasil.
O governo estadual de lá também tem uma meta de sustentabilidade a cumprir, e só pode receber mais investimento em transportes, caso a atinja.
Ele também pontuou a necessidade de que o planejamento de mobilidade e transportes urbanos leve em consideração a diversidade das situações de grupos e comunidades presentes na cidade, de forma que a infraestrutura construída respeite as necessidades de todos os grupos.