Se a corrida da 99 fica mais cara, o passageiro para de chamar – e quem fica no prejuízo é o motorista, parado esperando a corrida

99, por que é tão difícil mexer no valor que vai para o motoristas mas tão fácil mexer no que vai para o bolso da empresa? 99 vai lucrar mais e o motorista continua na mesma. 

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Opinião
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Foto: Daniel Piccinato para 55content

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A 99 vai aumentar o preço das corridas — e junto com isso, vai subir também a taxa dela. E aí vem a grande pergunta: quem vai pagar essa conta? Será que o passageiro vai arcar com esse aumento ou vai acabar sobrando menos para o motorista?

Recebi uma mensagem da 99 que me deixou com a pulga atrás da orelha. Eles vão aumentar a taxa para 24,99%, mas juram que isso não vai mudar em nada pra gente, motoristas.

Será mesmo? A 99 diz que o aumento da tarifa e da taxa vai ser repassado para o passageiro e que o lucro do motorista não será afetado. Essa mudança está prevista para acontecer a partir de segunda-feira, 14 de abril, mas apenas nas cidades de São Paulo e Vitória, por enquanto.

Segundo eles, os ganhos dos motoristas vão continuar os mesmos. As dinâmicas, os bônus, as campanhas — tudo vai seguir igual. Mas será que o passageiro vai perceber o aumento no preço? E se perceber, será que vai continuar pedindo corrida com a mesma frequência?

Corridas mais caras geralmente significam menos chamadas. Se o passageiro sentir no bolso, ele simplesmente para de chamar. E aí, quem sofre com isso? O motorista, que fica parado esperando corrida.

Fiquei pensando em uma coisa: toda vez que a gente pede aumento de tarifa, a resposta é sempre a mesma. As empresas dizem que não dá pra cobrar mais caro do passageiro, porque senão a demanda cai. E se a demanda cai, a gente fica mais tempo parado, esperando, e ganha menos.

Mas agora a conversa mudou. A 99 resolveu aumentar a própria taxa para 24,99%. E está dizendo que isso não vai mexer no bolso do motorista. Ou seja, vão cobrar mais caro do passageiro. A empresa vai aumentar o faturamento, o lucro dela… e o motorista? Continua igual.

Por que será que é tão difícil mexer no valor que vai para o motorista, mas é tão fácil mexer no que vai para o bolso da empresa?

E aí, você acredita mesmo que essa mudança não vai afetar o seu bolso? Acha que a 99 está sendo 100% transparente? Comenta aqui embaixo, quero saber sua opinião.

Na prática, a gente só vai entender mesmo nos próximos dias. A princípio, pode parecer que não mudou nada. Mas existe dois tipos de motorista:

  • O que aceita qualquer corrida, sem critério.
  • E o seletivo, que sabe identificar corrida boa, que entende o que vale ou não a pena.

Quem conhece bem seus números — quanto ganha por quilômetro, por hora, nos horários de pico, nos finais de semana, com a quilometragem zerada — vai perceber se essa mudança vai impactar ou não o bolso.

E vale lembrar: essa alteração veio logo após uma alta na demanda, no período de pagamento, quando os passageiros já estavam pagando mais caro. E agora, talvez nem percebam que estão pagando ainda mais — e o motorista recebendo a mesma coisa.

Na minha opinião, essa mudança afeta diretamente as categorias com taxa menor, como a 99 Plus e, principalmente, a 99 Eletronic Pro, que ficou por muito tempo — acho que uns seis meses — com taxa reduzida. Agora, ao que tudo indica, a 99 vai aumentar as taxas em todas as categorias.

Então, se você roda pela 99 Plus ou pela Eletronic Pro, abre o olho. Pode ser que você comece a ganhar menos por KM. Agora é o momento de ser seletivo, de aceitar só as corridas que pagam o valor justo.

Seja um motorista inteligente, estratégico. Não seja ansioso, não seja “dedo nervoso”. Porque é nesse tipo de comportamento que a empresa aposta: ela começa a jogar corridas mal pagas, mas como o passageiro está pagando mais, o lucro dela aumenta — e quem não tiver atenção vai sair perdendo.

Por mais que a 99 diga:

“A gente não vai mexer com o motorista, não vai aumentar a taxa do motorista, ele vai continuar ganhando a mesma coisa…”

Eu fico com o pé atrás. Como falei no começo, fico com a pulga atrás da orelha. A mudança parece beneficiar a empresa, e se a demanda cair, se os passageiros pararem de chamar porque está caro, a conta vai acabar vindo pro motorista.

Eu já vi esse filme antes. Isso já aconteceu outras vezes.

Tamo junto. Até mais, família! Valeu!

Foto de Daniel Piccinato
Daniel Piccinato

Daniel começou a trabalhar como motorista de aplicativos em 2016, buscando maior estabilidade após sentir insegurança na empresa onde estava. Inspirado por conversas com o filho do dono, ele logo se uniu a outros motoristas em um grupo de WhatsApp, onde trocava dicas para melhorar seu desempenho. Em 2018, criou um canal no YouTube para compartilhar orientações sobre horários e estratégias de trabalho. Com o sucesso, expandiu para o Instagram em 2020, continuando a ajudar motoristas ao compartilhar sua experiência.

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