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Número de trabalhadores via plataformas digitais no Brasil cresceu de 2,7 milhões para 4,2 milhões entre 2012 e 2019

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Tadeu Henrique Lopes da Cunha
Tadeu Henrique Lopes da Cunha

Dado de um estudo do DIEESE foi apontado pelo Procurador do Trabalho Tadeu Henrique Lopes da Cunha durante audiência na Câmara.

Durante a audiência sobre o impacto das plataformas de aplicativos na cidade, realizada na Câmara dos Deputados, o Procurador do Trabalho e Coordenador Nacional do Combate às Fraudes nas Relações de Trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT), Tadeu Henrique Lopes da Cunha, discutiu a importância crescente do trabalho por meio de plataformas digitais. Ele destacou a necessidade de maior escrutínio legal e regulatório em relação a essas empresas de tecnologia, que, segundo ele, atualmente operam com vantagens competitivas significativas em relação às empresas tradicionais.

De acordo com um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), citado por Cunha, o número de trabalhadores via plataformas digitais no Brasil cresceu de 2,7 milhões para 4,2 milhões entre 2012 e 2019, um aumento de 55%. No entanto, essa rápida expansão veio com seu próprio conjunto de desafios.

“O mesmo estudo aponta que a remuneração média desses trabalhadores era de cerca de R$11,84, o que equivale a 86,5% da mesma remuneração dos trabalhadores do mesmo segmento econômico, mas com a carteira assinada”, disse Cunha. “Além de receber uma remuneração inferior, esses trabalhadores também não têm os mesmos direitos.”

Cunha também ressaltou a de recolhimentos previdenciários baixos entre esses trabalhadores, com apenas 18,2% contribuindo, em comparação com 46% dos trabalhadores autônomos no geral.

Em sua fala, o procurador enfatizou que as empresas de aplicativos se categorizam como intermediárias de tecnologia, isentando-se, assim, de responsabilidades e custos associados ao papel de um empregador tradicional. Esse modelo de operação, segundo Cunha, resulta em vantagens significativas para as empresas, mas deixa os trabalhadores em desvantagem.

Cunha exemplificou: “Quando a gente pede um veículo por aplicativo, na visão da empresa, eu estou contratando como transportador aquela pessoa, aquele ser humano que dirige o carro. Então o contrato de transporte seria entre mim e esse motorista, e não entre mim e a empresa por onde eu pedi o carro.”

Segundo ele, essa visão operacional permite que essas empresas evitem responsabilidades como custos trabalhistas, de trânsito, ambientais e até mesmo impostos, o que dá a elas uma vantagem competitiva significativa sobre outras empresas no setor.

O procurador concluiu seu discurso alertando para a necessidade de se ter em mente a expansão desse modelo de trabalho e que é fundamental levar em consideração os direitos trabalhistas na hora de criar novas legislações para regular o setor.

Vinícius Guahy

Vinícius Guahy é jornalista formado pela Universidade Federal Fluminense e coordenador de conteúdo do 55content.

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