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“Nosso objetivo é eliminar a necessidade de dinheiro físico e cartões”, revela CEO da inDrive em entrevista exclusiva ao 55

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Aplicativos de Transporte, inDrive, Motorista
Arsen Tomsky
Arsen Tomsky

Em uma entrevista exclusiva ao 55, Arsen Tomsky, CEO da InDrive, compartilhou os planos da companhia para o futuro, incluindo investimentos significativos, expansão de operações e atividades sem fins lucrativos no Brasil.

O momento atual é de transição com a chegada do novo presidente global, Mark Loughran, na InDrive. “Agora estamos presentes em 48 países e tivemos um bom desempenho no ano passado, ficando em segundo lugar no ranking dos aplicativos de mobilidade mais baixados do mundo. Nossa meta é ser o número um nos próximos quatro anos. Temos planos de nos tornarmos um grupo de empresas e estamos buscando adquirir novas empresas para fortalecer ainda mais nossa posição e Loughran ficará atento a essa parte”, explica o CEO. 

Com a ajuda de um investimento milionário da General Catalyst, Tomsky explica que a InDrive tem planos para utilizar os recursos em três frentes principais. Primeiro, aprimorar continuamente o produto e serviço, visando oferecer a melhor experiência possível aos usuários. Em segundo lugar, expandir as operações para os Estados Unidos, começando pelo lançamento em Miami. E por fim, parte do investimento será destinado a aquisições estratégicas, fortalecendo ainda mais a posição da empresa no mercado.

Desafios com segurança no Brasil e meios de pagamento

Segundo o CEO, uma das maiores preocupações da empresa é a segurança, especialmente no Brasil. Tomsky afirma que a empresa está comprometida em garantir a segurança de seus usuários e investe em tecnologias avançadas para esse propósito.

Com sistemas como o SHIELD para identificação de criminosos e o FACE++, uma plataforma baseada em inteligência artificial para verificar a autenticidade das fotos dos motoristas, a empresa possui um índice de segurança global de 99,96%. No Brasil esse número cai para 99,86%, mas o executivo almeja que em um futuro próximo o país alcance a porcentagem mundial de segurança.

“Temos grandes planos para o Brasil. Além de expandir nossas operações para outras cidades, nosso foco é lançar diversos novos negócios nos próximos anos. Queremos investir em áreas como tecnologia de saúde, fintech, entre outras, sempre buscando oferecer soluções que beneficiem as pessoas. Além disso, continuaremos investindo em programas sem fins lucrativos, como iniciativas educacionais para crianças, apoio ao esporte e startups locais. Nosso objetivo é criar um impacto positivo na sociedade brasileira e tornar a InDrive ainda mais relevante para os brasileiros”, esclarece Tomsky. 

Outra questão importante abordada durante a entrevista é a introdução do pagamento via “cashless”, ou seja, sem a necessidade de usar dinheiro físico.  Atualmente, ao final de uma viagem, é preciso pagar em dinheiro ou através do PIX, o que acaba gerando uma certa resistência de alguns motoristas que optam pelo uso do cartão de crédito por receio de calotes da parte dos passageiros.

“Nossa abordagem consiste em aplicar uma taxa de 10% do valor total da corrida para manter os custos acessíveis, pois se optássemos por utilizar cartões bancários, teríamos que arcar com 3% em taxas para os bancos. Entendemos que a ideia pode gerar dúvidas e preocupações. Considerando isso, estamos explorando alternativas que combinem economia e conveniência, como a adoção do PIX, que nos permitiria evitar os encargos associados aos cartões bancários. É possível que, em algumas regiões, a taxa possa ser ajustada para 15% para cobrir os custos, mas sempre visamos manter o valor o mais baixo possível”, explica o CEO. 

“Nosso objetivo é, eventualmente, eliminar a necessidade de dinheiro físico e cartões, focando no PIX como a principal forma de pagamento. Entendemos que essa mudança pode gerar certa resistência no início, mas acreditamos que, a longo prazo, será benéfico para os motoristas, tornando o sistema mais seguro e eficiente. Nesse processo, valorizamos o feedback dos motoristas, buscando sempre aprimorar nosso serviço de acordo com suas necessidades e preferências”, completa. 

Concorrência e 99 adotando “modelo inDrive”

Sobre a concorrência, o CEO acredita que o modelo peer-to-peer e a missão social da InDrive os destacam em relação a outras empresas de transporte no Brasil, como o 99 que recentemente adotou o mesmo modelo de negócio. “Acreditamos que a concorrência com outras empresas de transporte não é uma preocupação séria para nós. Nossa abordagem é diferente, focamos em combater injustiças e oferecer um serviço de qualidade com uma taxa justa para os motoristas. A 99. por exemplo, reserva esse modelo para as cidades menores e onde temos maior participação. Quando conseguimos obter 90% de domínio, eles começam a usá-lo. Para eles, isso se torna uma espécie de defesa, pois o aplicam em suas cidades menores, já que não conseguem penetrar nas grandes devidos a suas altas taxas. Não acreditamos que isso represente uma competição séria para nós, pois consideramos bastante seguro o uso desse modelo.Acreditamos que nosso modelo peer-to-peer de negócio e nossa missão social nos destacam e nos permitem crescer de forma significativa no mercado brasileiro nos próximos anos”. 

“Quanto ao retorno financeiro oferecido aos motoristas, acreditamos que o InDrive oferece a melhor taxa, fixada em 10%. Entendemos que isso é justo e diferente da taxa exorbitante de 40-45% que outras empresas, como a Uber, aplicam aos motoristas. Essas taxas elevadas são consideradas injustas, e estamos determinados a evitar tal cenário. Nossa preocupação é garantir uma remuneração justa para os motoristas”, assegura o CEO. 

Regulamentação e preocupação social

Sobre regulamentação do trabalho por aplicativo, Tomsky acredita que é necessário chegar a um ponto de equilíbrio entre todos os agentes. “A empresa leva muito a sério a aplicação das regulamentações trabalhistas no Brasil para os motoristas. Mudanças drásticas podem afetar negativamente muitas pessoas, por isso buscamos uma abordagem equilibrada. Comprometemo-nos a cumprir todas as regulamentações locais”. 

No campo social, a InDrive pretende continuar se envolvendo em atividades sem fins lucrativos no Brasil. A empresa investe em programas como o InVision, que busca desenvolver, através de projetos nas áreas da educação, meio ambiente, esportes e empreendedorismo, comunidades locais. Com o objetivo de ampliar os investimentos para mais de US$ 100 milhões por ano  e lançar uma universidade sem fins lucrativos até 2025, o CEO reitera que busca impactar positivamente a sociedade brasileira, proporcionando oportunidades de aprendizado e crescimento para as pessoas.

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Giulia Lang

Giulia Lang é líder de conteúdo do 55content e graduada em jornalismo pela Fundação Cásper Líbero.

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