André Porto, diretor executivo da Amobitec, discutiu a importância do trabalho flexível e as necessidades dos trabalhadores de aplicativos durante audiência no Congresso.
André Porto, diretor executivo da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), apresentou sua análise sobre o mercado de aplicativos de mobilidade. Amobitec representa oito empresas principais, incluindo Amazon, Flixbus, iFood, Uber, Buser, Zé Delivery, 99 e Lalamove.
Porto deu ênfase à complexidade do setor, que envolve uma série de partes interessadas – o usuário final, o motorista ou entregador e a plataforma que intermedia a relação. “Esse mercado é um mercado tipicamente de 3 ou mais lados, porque em algumas situações existe o quarto lado que é o estabelecimento comercial,” destacou Porto.
André Porto também apresentou alguns dados demográficos importantes sobre os trabalhadores de aplicativos. Baseado numa pesquisa realizada pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), o executivo explicou que atualmente existem aproximadamente 1.700.000 motoristas e entregadores, dos quais cerca de 1.270.000 são motoristas. Segundo a pesquisa, 37% desses motoristas utilizam aplicativos para complementar a renda, 43% dos que complementam têm um trabalho com vínculo tradicional e 64% querem continuar trabalhando com aplicativos.
Segundo o estudo, os profissionais que trabalham em aplicativos tem ganhos médios maiores do que pessoas com o mesmo nível educacional. “Não estamos falando, como costuma se colocar, de um trabalho precarizado”.
Porto sublinhou a flexibilidade como um dos principais atrativos para aqueles que trabalham em aplicativos de transporte. “A flexibilidade de horários é a principal atividade dos apps, segundo os trabalhadores,” disse ele. “Essa é uma característica típica do trabalho por aplicativo.”
O diretor executivo também abordou o impacto dos acidentes e a perda de renda como principais preocupações para esses trabalhadores. Ele defendeu a necessidade de um novo modelo que permita incluir os trabalhadores de aplicativos na previdência, reconhecendo a necessidade de abordar o déficit de inclusão previdenciária nessa categoria.
“Claramente há um déficit de inclusão previdenciária nessa categoria, apesar de ser possível que eles se inscrevam na Previdência como autônomos. A Amobitec defende a construção de um novo modelo, que permita incluir esses trabalhadores na Previdência,” concluiu Porto.