Lucas Dias diz que é um absurdo motoristas terem que aceitar corridas que pagam apenas R$1,09 por km rodado.
Durante uma audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor nesta quarta-feira (8), Lucas Dias, o Uber Histórias, expôs uma série de desafios enfrentados pelos motoristas de aplicativos no Brasil.
Dias detalhou como a deterioração na qualidade do serviço prestado aos passageiros está diretamente relacionada à redução na remuneração dos motoristas, apesar de os valores pagos pelos usuários não terem diminuído.
“Eu, por exemplo, lavava meu carro três ou quatro vezes por semana, quase todos os dias. Hoje, passam-se 10 ou 15 dias sem lavar, devido aos custos. Quando digo que os valores caíram várias vezes desde 2019, refiro-me à introdução da taxa variável pela plataforma. Há corridas que as taxas chegam a 50%, 60%. Isso nos leva a outro aspecto, sobre o qual acredito que o André tenha falado: a dificuldade de regulamentar e definir uma tarifa fixa por quilômetro, como R$2,00 por quilômetro e R$0,40 por minuto. Pergunto, por que até 2019 vocês pagavam dessa forma e depois tudo mudou para uma taxa variável?”, questiona.
O representante dos motoristas também criticou a recente campanha anunciada pela Uber, que aparentemente oferece melhores condições para motoristas classificados como ‘diamante’, mas na prática, pouco altera a taxa de serviço cobrada. Dias argumentou que mesmo para os motoristas com classificação mais alta, a taxa máxima de serviço continua sendo uma grande fatia dos seus ganhos:
“Hoje a Uber anunciou uma promoção: motoristas diamante na plataforma terão uma taxa máxima de cobrança da plataforma de 19%. Essa taxa pode chegar a 50% dependendo da viagem. Motoristas de nível ouro e platina possuem uma taxa de desconto de apenas 24%. Mas hoje, um motorista nível azul, o pior nível, onde a maioria dos motoristas está, porque, sinceramente, não dá para aceitar todas as corridas, teve uma taxa de 23,6% em uma corrida. A taxa de serviço da Uber, referente às viagens de 8 de abril a 6 de maio, foi de 23,6% do preço total da viagem do usuário, sem contar valores extras. E vocês anunciam isso como se fosse uma conquista. Mas, espera aí, se chegar ao nível ouro e platina, vai descontar apenas 24%, mas hoje o nível azul está descontando 23,6%. Que promoção é essa? Que benefício é esse dentro da empresa?”.
Além disso, Dias relatou que os motoristas estão sendo forçados a aceitar quase todas as corridas para manter suas classificações na plataforma, comprometendo sua segurança e a viabilidade financeira de sua operação. Ele destacou que, antes de 2019, a remuneração por quilômetro rodado e por tempo permitia uma receita mais estável e justa, uma prática que foi abandonada pelas plataformas em favor de uma taxa variável que raramente favorece o motorista: “é um absurdo que nós, motoristas consumidores de aplicativos, tenhamos que aceitar corridas que pagam apenas R$1,09 por quilômetro rodado.”
