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Entregas com drones? Novos caminhos na mobilidade urbana

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Motorista

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizou no dia 21 de Janeiro que entregas com drones sejam feitas no Brasil.

Para muitos, coisa de filme. Para os que acompanham o setor da mobilidade urbana, era uma questão de tempo.

Oficialmente já é possível que entregas sejam realizadas por meio de drones no país.

O pontapé inicial para esse tipo de operação em solo brasileiro, ou melhor, em espaço aéreo brasileiro, se deu na sexta-feira (21), quando o órgão responsável por regular a aviação civil assinou a 1ª permissão nacional desse tipo.

A liberação concedida pela Anac define que poderão ser feitas entregas comerciais, de objetos e alimentos, de até 2,5 kg em um raio de até 3 km. Além disso, em um primeiro momento apenas um modelo de drone poderá ser utilizado, o DLV-1 NEO, versão mais moderna desse modelo de drone, que é testado no Brasil desde 2020.

Funcionários da Agência Nacional de Aviação Civil em frente ao drone DLV-01 NEO em um teste de vôo.
ANAC/Reprodução

Além das especificidades quanto ao tipo de entrega, a Agência Nacional de Aviação Civil também definiu algumas medidas de segurança de vôo para as entregas via drone:

  • Não sobrevoar pessoas durante o trajeto.
  • Manter distância de possíveis fontes de interferência eletromagnética.
  • Observar alturas máximas e mínimas de navegação.
  • Atenção às condições metereológicas.

As caras por trás do delivery com drones

Como mencionamos, já haviam versões de drones em teste para tornar real as entregas por esse modal. Nós inclusive temos um conteúdo aqui, que fala justamente do contexto das entregas por drone na época.

Speedbird

Em agosto de 2020, a Anac autorizou a empresa brasileira Speedbird a testar entregas com aeronaves não tripuladas, os drones. Dessa forma, a empresa passou a ser a primeira no país com o Certificado de Autorização de Voo Experimental (CAVE).

Mas quem é a Speedbird? Fundada pelos sócios Manoel Coelho e Samuel Salomão, a empresa possibilita através de sua tecnologia a entrega de produtos por drones para empresas, serviços de logística e instalações de saúde.

A empresa se descreve como uma impulsionadora da indústria de drones no país, e dada a sua participação nesse momento inicial, isso não pode ser negado.

Além da construção dos drones utilizados, a empresa é a responsável pela autorização e gerenciamento do processo de criação de rotas pré-definidas por onde os drones circularão.

Enquanto a Speedbird entra com a parte da tecnologia, a demanda por entregas com drones não poderia vir de outro lugar: o iFood.

iFood

Um dos maiores interessados na concretização desse projeto é o principal nome das entregas de alimentos do Brasil. Com 80% de participação de mercado e cerca de 60 milhões de pedidos mensais, a companhia está sempre buscando formas de incrementar seus processos logísticos.

Não é à toa que a empresa será a primeira empresa a de fato ter suas entregas feitas por drones.

Desde 2019 o iFood já estava de olho nesse tipo de operação. Em entrevista ao Tech Tudo, contou que em parceria com a Speedbird, testava o equipamento na cidade de Barueri, região metropolitana de São Paulo.

Os primeiros testes de desempenho a juntar os drones com as encomendas do marketplace alimentício foram realizados de maneira controlada. Os drones foram testados dentro de shoppings, sendo utilizados para agilizar o processo de distribuição dos pedidos.

Por exemplo, no Shopping Iguatemi em Campinas, devido ao tamanho do shopping, os entregadores podem levar até 12 minutos para retirar a encomenda no restaurante. Com o uso do drone, esse tempo terá uma variação de 30 segundos a 1 minuto.

Qualquer mínimo aumento da eficiência logística já é muito importante para empresas de alto volume de vendas como o iFood. Logo, tornar seu processo de 12 a 24 vezes mais rápido é um marco impressionante.

Resta agora observar a implementação desse modal no cotidiano. É claro, não será algo imediato – o iFood certamente traçará um estratégia para maximizar a eficiência desse tipo de entrega. Porém, na medida que essa tecnologia for implementada poderemos estar diante de um novo salto de crescimento da empresa brasileira.

É uma conquista única para o Brasil. Esse é um marco histórico na aviação, mas também no desenvolvimento da sociedade. É o início de uma mudança que agilizará as entregas com o uso de um modal aéreo em parte das rotas.

Fernando Martins, head de logística e inovação no iFood.

Na prática, como serão usadas as entregas com drones?

Como apontado pelo head de logística da companhia e também pelo que foi realizado no período de testes, o iFood, em primeiro momento, pretende utilizar os drones em apenas parte dos trajetos. Ou seja, ainda não será possível abrir a porta e encontrar um drone segurando seu pedido.

É projetado que os pedidos sejam levados pelos drones até hubs do iFood, espaços de pouso e decolagens seguras, e de lá sejam coletados por um parceiro entregador, que fará a última parte do trajeto.

Essa forma de operação é definida pela própria Speedbird, a fornecedora dos drones. É uma maneira de garantir a segurança da população e do equipamento.

“Um cliente envia o pacote para uma de nossas instalações conhecidas como Droneport. O pacote é anexado à nossa aeronave por um operador treinado. O drone então decola para uma altura de cruzeiro de cerca de 40 metros (130 pés) acima do solo e voa por alguns minutos para o Droneport de destino.”

Speedbird

Mobilidade urbana aérea

As entregas com drones são mais um passo em direção a consolidação da mobilidade urbana aérea, que já deixou de ser simplesmente um conceito futurista.

Assim como o setor de entregas, o de transporte de passageiros também apresenta constantes evoluções nesta área. Empresas de tecnologia e aviação ao redor do mundo já desenvolvem projetos nessa linha, mas um dos mais interessantes e promissores envolve novamente uma empresa brasileira.

Trata-se da parceria entre Embraer e Uber, que deu origem a Eve, uma startup focada em unir a aviação com o transporte urbano de passageiros.

“A Eve está preparada para conceber a nova fronteira no transporte com aeronaves inteligentes, ambientalmente amigáveis e autônomas, o amplo suporte associado e soluções de gerenciamento de tráfego aéreo urbano”

Francisco Gomes Neto, Presidente da Embraer

As aeronaves inteligentes às quais Gomes se refere, são as eVTOL, sigla para veículo elétrico de pouso e decolagem vertical – o mais perto que temos da ideia dos “carros voadores”.

Esse é atualmente um dos principais projetos de inovação da Embraer, que até 2026 planeja já ter seus veículos em circulação no Brasil e na América Latina.

Segundo a revista Valor Econômico, a Eve já recebeu cerca de 800 encomendas de eVTOLs.

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