A Uber acredita em tudo que o passageiro fala e o motorista que não grava as suas corridas pode ser punido

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Opinião
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Homem de meia-idade com barba e cabelo grisalhos, usando óculos e camisa azul, está sentado dentro de um carro com iluminação azul ao fundo, olhando diretamente para a câmera.
Foto: Cláudio Sena para 55content

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Quem é motorista de aplicativo sabe: todo dia estamos sujeitos a passar por perrengues com passageiros. E, infelizmente, não é raro alguém inventar uma história e reportar algo totalmente falso para a Uber. O pior? A plataforma, muitas vezes, penaliza o motorista sem nem investigar.

Agora me diz: se isso acontecer com você, tem como provar que é mentira? Tem uma gravação da viagem pra se defender?

Se a resposta for não, desculpa a sinceridade… mas você ainda não está se comportando como um profissional.

“Ah, mas eu não tenho dinheiro pra comprar uma câmera.” Imagina um médico sem bisturi. Imagina um mecânico sem a chave certa pra consertar o carro de um cliente. Não dá, né?

Hoje em dia, tem câmera pra todos os bolsos — desde pouco mais de cem reais até modelos de mil reais ou mais. O importante é entender que gravar as viagens virou uma necessidade. Uma câmera dentro do carro é, muitas vezes, a única forma que a gente tem de se proteger de relatos mentirosos.

Eu já fui vítima. E conheço muitos motoristas que também foram. Se você entrar nas redes sociais, vai ver: o que mais aparece são vídeos de confusão entre motorista e passageiro. E sabe quem está salvo nessas situações? Quem grava tudo.

O passageiro alegou agressão? Mostra a gravação. A passageira acusou assédio? Mostra a gravação. Não tem? Complica. Mas se tiver, aí é caso pra processo — e você se protege.

E se for com você? Vai mostrar o quê? Ser honesto, infelizmente, não é o suficiente. Não adianta dar desculpas: “ah, não posso por isso”, “não dá por aquilo”… Na hora do aperto, quem não tem como se defender, acaba pagando o pato. É como dizem: se a onça vai beber água e tem um jacaré no rio, não importa se ela é forte — vira vítima.

Se não tiver o registro da viagem, fica muito difícil provar que o que disseram sobre você não é verdade. E o risco de não conseguir voltar pra plataforma, nem mesmo pela Justiça, é real.

A verdade é dura, mas precisa ser dita: a Uber acredita em tudo que o passageiro fala. E a sua única forma de escapar de um banimento injusto é ter provas. Ou seja: grave suas viagens.

Abre o olho. Se previna. Sem mimimi, sem desculpa. Se você é um profissional, tem que agir como um. Tem câmera de cento e poucos reais que grava só o interior do carro. Algumas são tão simples que nem mostram o lado de fora. E tudo bem. O mais importante é o que acontece dentro do carro.

Espero de verdade que essa dica te ajude. Forte abraço e até o próximo encontro.

Fui.

Foto de Cláudio Sena
Cláudio Sena

Cláudio Sena iniciou sua trajetória como motorista de aplicativo em 2016, quando começou a trabalhar com a Uber.

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