Vale Driver: “Motorista fez R$15.000 em 1140 corridas e pagando 12% para a plataforma”

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Entrevista
Conversas com especialistas, gestores e profissionais do setor, com perguntas conduzidas pela equipe do 55content.
Homem de óculos, cabelo curto e camisa polo azul com o logo Vale Driver, sentado em um sofá, sorrindo para a câmera.
Foto: Divulgação/Vale Driver

Aplicativo regional está presente em 80 cidades do Brasil com uma média de 2 mil corridas diárias na central.

Edson Rodrigues, formado em administração de empresas, adquiriu a customização do aplicativo Vale Driver, em 2019, que atua em 80 cidades do país, e iniciou-se em Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais.

Iniciando as operações no início de 2020, o gestor conta que não tinha muitos recursos para investir e que tiveram medo do período da pandemia, mas contorna: “Não tínhamos dinheiro. Hoje, enxergo que foi a melhor decisão que eu fiz”, diz. E ainda completou, contando que, na época da aquisição da plataforma, pagou R$2 mil pela customização do serviço.

Edson conta que está presente em todos os processos de criação, desenvolvimento e customização da plataforma, sempre atento aos detalhes: “A maioria das novas ferramentas e projetos, testamos antes da implementação.”

Desempregado na época, o empresário ficou conhecido por fazer a divulgação da Uber em sua cidade, que chegou em 2018: “Foi fácil, porque as pessoas já me conheciam. Qualquer coisa que acontecesse, o pessoal me chamava.”

Ele, que conheceu o seu sócio em 2019, que também atuava como motorista de aplicativo, decidiu investir no ramo da mobilidade urbana, e lembra: “Cada cidade impõe condições diferentes.”

Quando questionado sobre a tarifa dinâmica, ele respondeu que pode chegar até 5,3 vezes o valor original: “5,3 vezes foi o máximo que já registramos. Não sei se pode passar disso, mas foi registrado. A gente atingiu esse valor no Carnaval, durante as festas da cidade. É nesses momentos que o fator dinâmico se mostra mais eficiente.”

Com uma média de 2 mil corridas diárias e 150 motoristas ativos em sua central, Sapucaí, o gestor explica que o valor do km dentro da cidade é de R$1,50, podendo chegar até R$3 em viagens fora do município.

“Um motorista conseguiu produzir R$15.000 no mês de novembro, pagando apenas 12% para a plataforma. Esse modelo realmente funciona. Com 1140 corridas finalizadas no mês”, relatou.

Como conquistou e fidelizou a confiança dos motoristas?

“Nós temos hoje uma tarifa maior e uma porcentagem menor. A gente tem uma ferramenta muito melhor que as grandes plataformas. Nós temos quatro bandeiras dentro do app, que funciona em quatro horários diferentes. Nos finais de semana, as tarifas são diferentes.

E ainda temos um fator dinâmico, que é aquele em que, quando a demanda aumenta, o valor da corrida aumenta automaticamente. E é tudo automatizado. Hoje, eu cobro 12%. Em uma cidade que já está consolidada, como Santa Rita, por exemplo. Porque, em uma cidade que está começando, eu dou zero. Zero porcentagem nos três primeiros meses. Aí, conforme a demanda aumenta, você vai ajustando.

Então, usando Santa Rita como base: a taxa é de 12%, e nós temos um valor de corrida mínima de R$8,00 para corridas de até 1 km. Coisa que, na Uber, por exemplo, é R$6,09 aqui em Santa Rita para a mesma distância. Nós oferecemos R$8,00 dentro de 1 km, desde que o pagamento seja via PIX ou em dinheiro.

Se o pagamento for com cartão de crédito na maquininha, no app ou através de voucher corporativo, há um acréscimo de 5%. Isso eu consigo configurar e automatizar. Porque, no caso do cartão de crédito, o motorista já paga, no mínimo, 5% para a maquininha. Então, essa taxa é repassada no valor da corrida.

A corrida mínima, quando válida, é R$8,00 para pagamentos via PIX ou dinheiro, que não possuem taxas adicionais. Nós também oferecemos pagamento online, vouchers corporativos e o pagamento por maquininha. No caso do PIX, dentro da plataforma, ao finalizar a corrida, a chave PIX já aparece automaticamente para o passageiro realizar o pagamento.

Nos horários das 6h às 17h, a tarifa mínima é R$8,00 para 1 km. Além disso, temos o fator dinâmico. Por exemplo, hoje está chovendo bastante aqui, e a tarifa dinâmica está elevada. Nós conseguimos chegar até 5,3 vezes o valor original. Esse foi o máximo registrado, durante o Carnaval e festas da cidade.”

Qual o seu principal desafio como gestor da plataforma?

“Hoje, a minha maior preocupação é em relação ao governo, às leis que possam ser criadas e aos projetos que estão em andamento. Isso me trava um pouco.

Eu desliguei 16 cidades em Pernambuco por causa disso. E eu sei que, um dia, essa regulamentação vai acontecer. Eu digo isso com base em situações como a de Santa Rita de Sapucaí. Aqui, nós temos uma regulamentação municipal que é horrível.

Precisei entrar com uma ação no Ministério Público para derrubar alguns artigos que eram inconstitucionais. Mas, até você provar que algo é inconstitucional, muitas coisas acabam passando. Então, estamos aqui para lutar.

É complicado. Eu desliguei cidades importantes em Pernambuco, como Petrolina e Recife, e até aquela cidade com Porto de Galinhas, que tem uma praia incrível — esqueci o nome agora. Estávamos liberados lá, tudo funcionando, mas precisei parar as operações com os motoristas. Notifiquei e avisei a todos.

As cidades estão liberadas tecnicamente, mas nossas operações estão paradas por causa dessa falta de regulamentação. É uma situação que trava o crescimento, sem um desastre imediato, mas também sem avanço.”

O que você espera para o futuro da plataforma?

“Para 2025, a gente tem um projeto de expansão bem bacana. Nosso objetivo para o futuro é continuar crescendo, talvez não tão rápido, porque priorizamos a qualidade do nosso trabalho. O Vale Drive vai completar cinco anos agora em janeiro, e durante esse período, nosso crescimento sempre foi com qualidade.

Por exemplo, em Santa Rita do Sapucaí, nós conseguimos resultados impressionantes. Se não me engano, nossa plataforma movimentou cerca de R$10 milhões na cidade, que é bem pequena. Isso impacta diretamente no crescimento econômico do município, gerando oportunidades e aquecendo a economia local. É algo que me deixa muito satisfeito.

Um dos maiores motivos de orgulho é ver como o nosso trabalho transformou a vida de tantas famílias. Em Santa Rita, temos cerca de 150 famílias vivendo bem graças à nossa plataforma. Nós começamos lá pequenos, sem experiência, e erramos bastante no começo. Mas aprendemos, corrigimos os erros e estamos cada vez mais certos de que fizemos a coisa certa.

Uma das nossas premissas é continuar levando o nosso serviço para cidades menores. Muitas vezes, as pessoas têm dúvidas sobre investir em cidades pequenas, achando que não dá certo. Eu ouvi muito isso quando comecei em Santa Rita. Mas o nosso modelo é diferente. Em cidades menores, é mais fácil conquistar o público e fidelizar os clientes. É um processo mais tranquilo e suave, enquanto, em grandes metrópoles como São Paulo, o desafio é muito maior.

Tenho colegas que querem levar nossa plataforma para São Paulo, mas, sinceramente, ainda não sei se quero entrar nesse mercado agora. É um trabalho muito mais intenso e complexo. Prefiro focar em cidades menores, onde conseguimos resultados mais rápidos e um impacto mais direto na vida das pessoas. Nosso projeto para o futuro é continuar crescendo, com qualidade e planejamento, sempre respeitando as características de cada local.”

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