Com 8 anos de experiência nos aplicativos, Jonilson Caloti fala sobre a realidade de quem ainda tenta viver como motorista de app em 2025. Ele denuncia corridas que pagam menos que um café, lucros reduzidos à metade e distorções absurdas entre o valor pago pelo passageiro e o que o motorista recebe. Crítico da “tarifa variável”, que chama de “câncer”, revela estratégias para driblar o sistema — como operar apenas com dinâmico alto — e afirma: “Hoje, trabalhar com app é só para complementar renda. Não desejo isso nem pro meu pior inimigo.”
Você trabalha com os apps? Uber, 99?
Jonilson: Sim, trabalho com os apps há 8 anos já.
E como o senhor começou a trabalhar? O que te motivou, o que te levou a começar como motorista de aplicativo?
Jonilson: Na verdade, foi por indicação de um amigo. Naquela época, no finalzinho de 2015, era uma função extremamente vantajosa. Aluguei um carro e dei início às atividades. Comecei na Uber e, posteriormente, me cadastrei na 99 e também participei da Skiffy. Atualmente, trabalho apenas com a Uber — especificamente no Uber Comfort — e também com a inDrive.
E por que parou de usar a 99?
Jonilson: Parei por causa da política que eles implementaram em relação à taxa de aceitação. Sou totalmente contra. Cheguei a ser bloqueado por 5 dias porque minha taxa de aceitação ficou abaixo de 70%. E o pior é que, na 99, se o passageiro cancela, isso também afeta a minha taxa, que eles chamam de “taxa de finalização”. Então, desinstalei o app. Não me faz falta nenhuma.
Então, hoje você trabalha só com Uber e inDrive?
Jonilson: Isso. Trabalho com o Uber Comfort. O Uber X, só se tiver algum dinâmico, caso contrário, está impraticável. Os valores estão extremamente baixos — muito, muito baixos mesmo. Chega a ser como pagar para trabalhar. Não tem condições.
É o que muitos motoristas têm falado. Agora, minha próxima pergunta é sobre a sua rotina. A gente sabe que cada motorista tem seus próprios horários e formas de trabalhar. Como você organiza a sua semana? Trabalha todos os dias? Tem folga? E quanto tempo fica na rua? Você segue alguma meta diária?
Jonilson: Hoje eu trabalho exclusivamente em horários de alta demanda: das 5h às 9h da manhã, e depois retorno das 16h até umas 22h. Segunda-feira, por exemplo — que é o rodízio do meu carro aqui em São Paulo — eu aproveitei para fazer a troca de óleo. Fiz quatro viagens, faturei R$ 200, troquei o óleo e voltei pra casa. Foi um dia atípico, normalmente nem trabalho às segundas.
Minha meta diária é R$ 300 líquidos. Trabalho com poucas corridas e quase nenhuma curta. Prefiro médias e longas. Quando saio para trabalhar, esse é o meu objetivo.
E você faz só Uber ou tem outras fontes de renda também?
Jonilson: Eu também trabalho com outras atividades. Tenho comércio de paletes, vendo e revendo. E também atuo com leilões de veículos e de eletroeletrônicos. É um segmento que eu gosto e já estou inserido há um tempo. Então, aproveito o meio do dia para me dedicar a essas outras frentes.
E com essa rotina nos apps, quanto você costuma gastar por dia com combustível?
Jonilson: Fico na faixa de R$ 80 a R$ 100 por dia. Aqui em São Paulo, o litro da gasolina está a R$ 6. Eu trabalho só com gasolina.
Perfeito. E trabalhando da maneira que você trabalha, quanto dá para tirar no final do mês? Faturamento e lucro, né? Esses dois valores.
Jonilson: Trabalhando dessa forma, sem tomar prejuízo nenhum e ainda deixando um saldo negativo de taxa para a Uber — como foi o caso dessa semana, que fiquei com menos 40% de taxa — eu consegui tirar R$ 1.100. Para ser exato, R$ 1.056 bruto.
Bruto?
Jonilson: Bruto. Então, líquido, isso praticamente cai pela metade, né? Se você for contabilizar custo com o carro, combustível… O carro é próprio, né? Então, hoje, é um complemento de renda. Não tem como mais ser uma atividade principal.
Entendi. E antes, quando você começou, você fazia dos aplicativos a sua renda principal?
Jonilson: Sim. Até 2018 era minha renda principal. A gente aceitava qualquer tipo de corrida, porque era vantajoso. Hoje, minha taxa de aceitação na Uber é de 20%. Só aceito corridas lucrativas.
Como você consegue manter esse saldo negativo com a Uber?
Jonilson: A Uber não ganhou nem R$ 1 de taxa minha durante essas últimas semanas. Como meu carro é Comfort, eu coloco no Comfort. Quando abre um dinâmico — tipo mais R$ 10, R$ 20, às vezes até R$ 30 aqui em São Paulo — eu ativo o Uber X e faço uma corrida curta. Aí eu zero e deixo a taxa negativa.
Nem R$ 1. Minha taxa essa semana foi de – 40% porque só trabalho com dinâmico ativo. Sem dinâmica, eu não faço nenhuma corrida, não tem condições. No X, entendeu? No Comfort ainda dá pra trabalhar.
No Comfort dá?
Jonilson: Sim, veja bem, o que acontece: houve um tempo em que a Uber lançou o Uber Promo, não sei se você lembra. Eram corridas com valores extremamente ridículos. Hoje, o Uber X virou o Promo. O Comfort virou o X. E o Black virou o Comfort — em termos de valores.
Então, se aqui em São Paulo — que é a maior cidade e o maior mercado da Uber — já está impraticável fazer Uber X sem dinâmico, eu realmente tenho pena de quem aluga carro ou trabalha em outras cidades do país. É um sofrimento. É quase um sistema de escravidão, sem regulamentação, sem limitação de número de carros, sem profissionalismo. Vejo muita gente endividada com agiota, com a própria família, porque é inviável hoje. Quanto mais tempo você passa na rua, maior é o prejuízo.
E você falou que está com quanto de taxa na Uber?
Jonilson: Menos 40%. Segundo o relatório semanal da Uber, essa semana foi quase – 40%. Eles pegaram a taxa das minhas corridas e deu isso.
Menos 40%? Nossa.
Jonilson: Isso mesmo. Eles não tomaram 40% do meu faturamento, não. É sempre assim.
E como funciona isso, essa taxa negativa? Pode dar um exemplo?
Jonilson: Claro. Vamos supor que o passageiro pague R$ 10 para a Uber. Eles me pagariam R$ 5,62, certo? Esse seria o valor com a taxa deles. Mas aí eu estou com um dinâmico de mais R$ 10. Então, em vez de R$ 5,62, eu recebo R$ 15,62. Se a Uber cobrou R$ 12, ela fica no prejuízo. É assim que eu trabalho.
Como eu costumo dizer: só paulada na medula dela pra ver se aprende. Por exemplo, no domingo peguei um dinâmico de mais R$ 30, fiz uma corrida que pagaria R$ 5,62 e levei R$ 35,62. E o passageiro pagou só R$ 11 pra Uber. Então a taxa ficou negativa, consigo zerar o que pagaria pra Uber dessa forma.
E você acredita que não há outra maneira de trabalhar hoje?
Jonilson: Nenhuma. Já tentei trabalhar 24 horas direto. Não funciona mais. Não se adapta mais. Antigamente, até 2018, era fácil sair pra rua e fazer R$ 500 por dia. Hoje, se você passar o dia inteiro suando a camisa, faz R$ 300 com muito custo.
O problema é que tem muito influenciador grande por aí, e eu não sei se é só por causa dos negócios que têm ou se tem alguma influência dos próprios aplicativos — se recebem alguma coisa da Uber ou da 99 — mas eles dizem que ganham R$ 1.000, R$ 800 por dia. Isso é irreal, isso não existe. É pura mentira.
E isso ilude muita gente. Pessoas desavisadas entram nos apps achando que vão ganhar tudo isso, e acabam se quebrando.
Então, porque hoje o que acontece? As pessoas estão desesperadas porque o país está quebrado, né? O país está numa inflação terrível, as pessoas estão sem emprego… E qual é o emprego que menos precisa de qualificação? Ser motorista de app, praticamente, é só ter um carro — que nem precisa ser seu, pode ser alugado, emprestado, leiloado, roubado… A gente sabe de casos. Coloca um EAR na habilitação e vira motorista. Mas se a pessoa entra sem saber trabalhar, como acontece com a maioria, em três meses ela já está quebrada.
E você deixou de trabalhar totalmente com a Uber em 2018, né? A que você atribui isso? Qual foi o maior motivo? Os valores das corridas? Como foi isso?
Jonilson: A Uber adotou um câncer na vida dos motoristas: a tarifa variável. Esse é o grande problema. Ela paga o que quer, quando quer, como quer. Eu estive, inclusive, em uma reunião semana passada, a convite da Uber. Chamaram nove motoristas para entender o que estava acontecendo com o aplicativo. Foi um evento na Vila Olímpia.
Eles nos bonificaram com R$ 400 para participar da pesquisa, recebi tudo certinho. Lá conseguimos expor exatamente esses pontos. Pelo que entendi, estavam presentes diretores da América do Sul, a presidente da Uber Brasil, gerentes… Muita gente da empresa querendo entender por que os motoristas estavam recusando tantas corridas.
E como foi essa abordagem deles?
Jonilson: Eles nos mostraram cinco cartões de oferta, perguntando quais corridas aceitaríamos ou não. Das nove pessoas, ninguém aceitou nenhuma. Os valores estavam muito baixos. Além disso, a distância para buscar o passageiro era muito grande. Estavam pagando R$ 1,30 por quilômetro, enquanto em outras plataformas já é mais.
E qual foi a interpretação deles sobre a rejeição de chamadas?
Jonilson: Pelo que entendi, eles achavam que os motoristas não estavam entendendo os cartões de chamada da Uber. Mas a gente bate o olho e já entende tudo. Hoje, para sobreviver — não é nem lucrar — a nossa métrica é R$ 2 o km e R$ 1 o minuto, com corridas acima de R$ 10. Menos que isso, estou pagando para trabalhar, nem ligo o carro.
Como vocês avaliam as chamadas da Uber?
Jonilson: A primeira coisa que a gente vê é a distância para buscar e a distância da corrida. Se são 2 km para buscar e mais 8 km de corrida, dá 10 no total. Uma corrida de R$ 20 seria o mínimo. Mas a Uber oferece por R$ 12, R$ 13 e vai leiloando como se fosse a inDrive. Só que a inDrive cobra só 10% de taxa, enquanto a Uber chega a cobrar 40%, 50% de quem não sabe trabalhar. Por isso tanta gente reclama.
E em 2018, quanto você conseguia fazer mais ou menos?
Jonilson: Na faixa de R$ 500 por dia. Nunca fui extremamente assíduo ao aplicativo, meu objetivo sempre foi, no máximo, 15 corridas por dia. Mas minha média era 10. Sempre foquei em corridas médias e longas. Hoje já não compensa mais fazer corrida longa, o valor não vale a pena. Se não tiver dinâmico e não for no Comfort, não dá para fazer.
Hoje mesmo, peguei uma corrida no Comfort para rodar 25 km, que pagou R$ 81. Ótimo, quase R$ 3 por km. Agora, no UberX, essa mesma corrida pagaria R$ 50, R$ 55. Não vale a pena.
A Uber virou um aplicativo de carona, efetivamente, né? Quase um BlaBlaCar.
E a política da empresa é essa. O próprio Dara, CEO da Uber, afirmou em entrevista que o objetivo é tirar o máximo possível do passageiro e encontrar o motorista que aceite o menor valor. É um leilão de corridas velado.
Como funciona esse leilão?
Jonilson: A chamada — o radar — vai para vários motoristas, e com valores diferentes. Não é que o primeiro que aceita leva. É que alguém aceitou por um valor menor do que o seu, e aí ele leva a corrida. Quantas vezes a chamada some sem explicação? Tudo isso foi falado lá na reunião com a Uber.
E a segurança, foi tema dessa conversa também?
Jonilson: Sim, eles quiseram saber sobre coisas básicas, como a foto do passageiro. Foi uma mesa redonda transmitida com tradução simultânea para o inglês. Acredito que tenha sido para a sede da Uber, mas não tenho certeza.
E sobre propostas da empresa para diminuir a recusa?
Jonilson: Ficou claro: se vocês querem que a gente pare de recusar corridas, é só aumentar o valor. Não precisa florear o cartão de chamadas, não precisa dar desconto em combustível, nem fazer academia. Nada disso interessa. O que interessa é um valor justo, como era antigamente.
Você se refere ao dinâmico multiplicador?
Jonilson: Exatamente. Antigamente, o dinâmico era multiplicador real — tipo 1.4x, 2.0x. Hoje, o passageiro ainda paga esse multiplicador, mas o motorista recebe um “dinâmico picolé”: mais R$ 1,25, às vezes R$ 1,75. Enquanto isso, o passageiro está pagando 2.0x, 3.0x… E esse é o detalhe. Essa diferença absurda.
Eu já peguei alguns casos de passageiros revoltados com o valor que estavam pagando nas corridas. Conversei com uma moça que veio da Zona Leste para a Cidade Monções e ela disse: “Nossa, estou pagando R$ 143 nessa corrida.” E eu estava ganhando só R$ 51.
R$ 51? E ela pagou R$ 143?
Jonilson: Sim. E o pior é que eu pedi para ela esperar para finalizar a corrida e mostrar quanto eu tinha recebido. A hora que finalizei, apareceu lá: R$ 50, e ela ficou ainda mais revoltada. Aí fui no histórico da corrida, e o que a Uber informou é que tinha cobrado R$ 81 da passageira.
Ou seja, é uma diferença absurda. A moça me mostrou o ticket, comprovando que pagou R$ 143. A Uber disse que cobrou R$ 81. E eu recebi só R$ 51.
Nossa, e isso aconteceu mais de uma vez?
Jonilson: Sim, foram três, quatro vezes. Print screen, vídeo, tudo registrado. Perguntei para ela se topava gravar um vídeo, ela aceitou porque estava muito revoltada. Um outro senhor também passou pela mesma situação. Um casal vindo da Itália também. Então, tudo isso eu gravei, porque o banimento é questão de tempo, principalmente para os motoristas mais antigos — que são os que sabem trabalhar e, por isso, são visados para banimento.
A gente guarda essas provas para se defender na justiça. Porque, infelizmente, o aplicativo virou isso: carona disfarçada. E vou te dizer — eu não desejo esse tipo de trabalho nem para o meu pior inimigo.
Tem muita gente entrando emocionada, desesperada, assumindo R$ 800 de aluguel por semana em locadora, gastando mais R$ 700 de combustível e não conseguindo fazer os R$ 1.500 necessários para empatar. Ou seja, a pessoa trabalha para não ganhar nada. É pura ilusão.
Hoje, o serviço de aplicativo compensa em que situação?
Jonilson: Só para quem já tem outro trabalho e dá uma carona para pagar o combustível. É isso que funciona hoje.
Minha próxima pergunta é: qual a maior dificuldade hoje do motorista de aplicativo? E você ainda acha que vale a pena ser motorista?
Jonilson: Como eu disse, eu não desejo isso nem pro meu pior inimigo. É um trabalho extremamente ilusório, estressante e estafante. A gente recebe cartões de chamada uma atrás da outra com valores ridículos, tipo R$ 5,62. Não passa de R$ 7.
Já recebi corrida no Uber Comfort por R$ 7,89. Mínima. Eu não faço corrida por menos de R$ 10.
Por quê?
Jonilson: Porque na inDrive, o preço mínimo é R$ 10. Se eu quiser fazer corrida curta, eu faço pela inDrive. Se o passageiro não oferece R$ 10, oferece R$ 11 ou R$ 12, e eu ganho os R$ 10. Então, por que eu vou fazer corrida de R$ 5 ou R$ 6 na Uber? Não tem lógica.
Esse preço foi exposto na reunião com a Uber, certo?
Jonilson: Exato. Essa reunião, que foi remunerada, serviu para isso. Foi tudo mostrado a eles no local que alugaram — porque segundo disseram, o prédio da Uber estava com problema na sala de reuniões.
Chamaram nove motoristas comuns, nada de “estrela de YouTube”. Três mulheres e seis homens. Todos motoristas na ativa, da base mesmo.
E sobre a 99, você acha que ainda é melhor por manter o dinâmico multiplicador?
Jonilson: Muita gente ainda prefere trabalhar com a 99 justamente por isso. Mas, mesmo assim, essas contas nunca batem. Porque, com essa tarifa variável — que eu considero um câncer — nada é previsível.
A Uber, por exemplo, pode me mostrar um dinâmico de R$ 20. Se for uma corrida mínima, ela vai me pagar R$ 20,62. Mas às vezes é uma corrida de 10 km e ela quer pagar só R$ 22, mesmo com R$ 20 de dinâmico. Ou seja, a conta não bate. É tudo manipulado. Não tem mais futuro nessa operação.
Acho que já abordamos bastante coisa, mas queria saber: você acha que faltou algo? Tem mais alguma coisa que gostaria de acrescentar?
Jonilson: Basicamente, é isso tudo que te passei. Hoje é inviável. Não há lucratividade trabalhando com aplicativo — a não ser que você espere abrir um dinâmico e faça corridas curtas. É assim que eu trabalho: espero um dinâmico de R$ 10 ou R$ 15, opero nos horários de pico e só aceito essas corridas. Aí sim você agrega valor.
Fora isso, sem dinâmico, sem nada, é só para passar raiva. Você fica recebendo uma enxurrada de corridas de R$ 5,62. Isso não paga nem um café — que tá R$ 6. Nem um litro de gasolina, que também tá R$ 6.
E na inDrive, a mínima é R$ 10, certo?
Jonilson: R$ 10. O passageiro só consegue pedir corrida por R$ 10. Ela desconta 10%, então eu recebo R$ 9. Mas, geralmente, para compensar, o passageiro oferece R$ 11 ou R$ 12, e eu ganho os R$ 10. É justo.
Mas meu foco nem é corrida curta. Prefiro fazer médias e longas. Prefiro fazer 10 corridas de R$ 40 do que 50 corridas de R$ 5. Porque 5 x 50 dá R$ 250. Agora, 10 de R$ 40 dá R$ 400 e fecha meu dia.
Essa é sua forma de trabalhar quando existem essas corridas?
Jonilson: Exato. Mas já cheguei a passar 5 horas sem aceitar nenhuma corrida na Uber. Mais de 5 horas. Fiquei fazendo uma ou outra pela inDrive, mas nada na Uber.
Sem dinâmico, hoje é impossível trabalhar com UberX. E até no Comfort, as corridas curtas estão com valores ridículos. Estou tentando operar ainda com médias e longas no Comfort, que estão pagando em torno de R$ 2,50 o km.
Só que até isso é desproporcional: os motoboys hoje estão reivindicando R$ 2,50 por km, e o Uber tá pagando R$ 1,30 para motorista de carro. A conta não fecha. Não dá mais.
Tem gente desesperada, alugou carro, não tem saída, aceita qualquer coisa. Se oferecerem R$ 3, o cara faz. O aplicativo se aproveita do desespero do motorista.
Muitos foram influenciados por youtubers, acreditaram que dariam conta, financiaram carro elétrico, estão pagando R$ 5 mil, R$ 5.500 por mês de aluguel. Imagina o esforço que é pra fechar essa conta? Tem que se matar. E estão na rua feito zumbis. Sem vida familiar, sem nada. É 18 horas por dia na rua.
Os apps impõem um limite de 12 horas, mas é 12 horas de atividade. Se o carro estiver parado, o relógio não conta. Então a pessoa consegue ficar até 18 horas ativa. Já vi isso acontecer direto.
E o desespero é tanto que, às vezes, você tá dirigindo e vê outro motorista cortando pela frente feito louco, sem dar seta, por causa de uma corrida de R$ 5. As pessoas estão se arriscando demais por muito pouco.
Respostas de 14
Bela matéria. Quando os motoristas começarem a trabalhar como o Joilson está trabalhando, talvez acabe forçando os apps a rever seus conceitos.
Excelente matéria! Que mais motoristas tenham acesso a esse conteúdo para melhor conscientização a como lhe dar com esse modelo de prestação de serviço. Do jeito que se encontra hoje, não vale mais a pena.
Ótima entrevista! Gostei, o motorista foi fidedigno a realidade da vida dos motoristas hoje em dia e se a Uber chamou pra reunião é pq tem alguma coisa incomodando lá tb. Acho que os motoristas mesmo sendo desunidos, estão sem querer, fazendo a mesma coisa que é recusar corridas, escolhendo mesmo. Que os apps deixem de ser tão gananciosos e acordem pq estão dando tiro no pé todos os dias e perdendo motoristas engajados e comprometidos. Só ter gente inexperiente na plataforma não é solução e os passageiros tb não aguentam mais ter que lidar com essa inexperiência. É só abrir os olhos e ouvidos que as coisas podem voltar a ser interessantes pq do jeito que está não vale mais a pena. Comprar carro então nem pensar! Eu hj em dia não compraria um carro pra rodar no Black. A Uber está acabando com o Black. Um atendimento que era maravilhoso e valorizado, hj em dia os passageiros pedem Confort ou pq o Black está caro ou pq sabem que a possibilidade de vir um Black é enorme.
Essa é a verdade do motorista hoje! Parabéns pela matéria.
OK ,Sou Motorista com 12.000 corridas ,concordo plenamente com a entrevista,trabalhamos em tipo de escravidão, os valores não cobrem os custos dos motorista mensal .
Os preços das viagens são ridículos.
Hoje o mínimo que temos rodar para 2.50 a 3,00 reais ,são 7 meses no prejuízo.
Muito boa a entrevista! O motorista expôs a situação de forma perfeita, parecia que eu estava sendo entrevistado e dando essas respostas.
Isso aí Jonilson não vale apenas trabalhar nem indicar ninguém, essas empresas de aplicativos sempre dizem quem não está satisfeito desliguem os app,s.
Tem outro aplicativo surgindo no mercado, vamos buscar.
Ligacoope
Motorista foi perfeito. É um serviço que passou a não ser mais viável
Greve igual aos motocas do IFOOD, Uber corrida mínima 10 reais, 2reais o km, 1 real o minuto.
Concordo com o parceiro, tem que rodar nos horários que tem dinâmico pq senão toma prejuízo, mas e as regiões que quase não tem dinâmico? Pra mim, 1,50 a mais em horário de pico não é dinâmico. Fora aquelas corridas engana trouxa que o valor é 6,20 e fala que tá dinâmico de 1,50, então se fosse normal a corrida sairia menos de 5 reais, menor que o valor de corrida mínima.
Essa é a realidade dos motoristas, Jonilson está totalmente correto, não vale mais a pena ficar rodando sem dinâmico, infelizmente a alta taxa de desemprego faz as pessoas procurarem trabalho como motorista de App.
Ótimo cometário mais ninguém faz nada que adianta quem ganha e Uber / 99 nós ficamos aqui a mercê por o governo não entra na briga aqui e BH tem corrida aqui 5,87 e não faço então qual solução não adianta comentar alguém tem comprar essa questão e nos motoristas temos que apoiar