A empresa afirma que se diferencia no mercado de delivery ao promover o lucro dos licenciados e apoiar o fortalecimento do comércio local.
Em entrevista exclusiva à equipe do 55content, o diretor de marketing e vendas do aiqfome, Marcelo Leal, conta sobre os ideais da empresa.
Segundo ele, o aiqfome tem como objetivo fortalecer o comércio local por meio de um modelo de licenciamento que gera lucros significativos para pequenos empreendedores e promove a sustentabilidade no setor de delivery.
Com uma abordagem que prioriza o lojista, a empresa afirma que investe em ferramentas, capacitação e condições financeiras diferenciadas para que restaurantes, farmácias e outros estabelecimentos locais possam crescer de maneira sustentável. Além de repassar integralmente a taxa de entrega aos entregadores, Leal conta que a plataforma também oferece orientação financeira e campanhas de combate ao desperdício de alimentos.
Surgimento e evolução da empresa
Em 2006, o Aiqfome nasceu em Maringá, Paraná, a partir da ideia de um casal de empreendedores, Steph Gomides e Igor Remigio, com inspiração no mercado de pedidos centralizados de restaurantes já existente nos Estados Unidos.
Stef Gomide, durante uma visita à família no país, percebeu que lá já era possível fazer pedidos em um só lugar, reunindo diferentes opções de restaurantes em uma plataforma digital, algo que ainda não existia no Brasil.
Marcelo Leal, diretor de marketing do Aiqfome, destacou que a proposta de adaptar essa ideia para o cenário brasileiro envolvia superar barreiras tecnológicas e culturais, sendo um processo “que exigiu coragem, vontade e muita insistência”.
Leal relembra que, na época, a conexão à internet era um dos principais desafios para o funcionamento do sistema de pedidos. Desde então, o cenário evoluiu consideravelmente, com o delivery se tornando um serviço essencial no Brasil, especialmente impulsionado pelo contexto da pandemia. Para o Aiqfome, a expansão foi construída em torno de uma missão clara: valorizar o lojista. “Essa valorização do lojista nos permitiu crescer e evoluir naturalmente”, afirma Leal.
O Aiqfome evoluiu ao longo dos anos para atender ao formato digital e móvel que domina o mercado de delivery atual. Segundo Marcelo, o aplicativo manteve o mesmo propósito inicial: simplificar a experiência do usuário, conhecido como “fominha”, ao oferecer uma curadoria de restaurantes que permite escolher onde e o que comer, garantindo qualidade em todas as etapas até a entrega: “Essa trajetória, da escolha até a entrega, é uma parte importante”, afirma.
O pioneirismo do Aiqfome no mercado brasileiro de delivery se reflete não apenas na antiguidade, mas também em sua capacidade de resistir às investidas da concorrência. Leal destaca que, embora o Aiqfome seja o segundo maior em número de pedidos no país, ele se orgulha de ser o primeiro no que considera o “ponto de vista de pioneirismo”.
Modelo “Ganha, Ganha, Ganha”
Segundo Marcelo, durante a trajetória da empresa, houve diversas tentativas de compra pela concorrência, que surgiu posteriormente já com estruturas mais robustas, mas o Aiqfome se fortaleceu com essa concorrência, consolidando o que chamam de modelo “ganha, ganha, ganha”: “Sempre dizemos que, se não for bom para todos, não é bom para a gente”, explica Leal, sobre o foco em beneficiar todos os envolvidos na cadeia de delivery.
Essa estrutura de “ganha, ganha, ganha” inclui o cliente final (“fominha”), o entregador, o lojista, que é o ponto central, o licenciado que atua como representante em cada cidade e a própria central do Aiqfome, que gerencia o fluxo de operação. A empresa afirma que busca manter o equilíbrio entre essas partes para que todos saiam beneficiados no processo.
Foco no interior e proximidade com os lojistas
Desde seu surgimento, o Aiqfome adotou uma estratégia diferenciada de expansão, concentrando seus esforços em cidades do interior com menos de 200 mil habitantes. De acordo com a empresa, essa abordagem contrasta com a escolha dos concorrentes, que preferiram focar nas capitais e grandes centros urbanos.
O Aiqfome acredita que esse caminho permitiu consolidar a empresa como uma opção sólida de delivery, atendendo tanto pequenas quanto grandes cidades: “Nós entendemos que estar em cidades com menos de 200 mil habitantes, no início, era o melhor caminho”, afirma Marcelo, ressaltando que a adaptação às especificidades regionais é um pilar fundamental da operação.
Para se adaptar às particularidades de consumo de cada região, o Aiqfome afirma que mantém proximidade com lojistas e ajusta sua atuação conforme as diferenças culturais e de fuso horário entre as localidades. A empresa menciona, por exemplo, que “o que uma pessoa consome no café da manhã em Belém do Pará não é o mesmo que no Rio Grande do Sul.” Esse entendimento dos hábitos locais inclui uma atenção especial às variações de horário. Com fusos horários que variam até duas horas, a empresa declara ajustar suas operações para atender cada cidade conforme suas necessidades específicas.
A proximidade com os lojistas, segundo a empresa, é reforçada pelo modelo de licenciamento adotado pelo Aiqfome, no qual o licenciado, um sócio local com 50% de participação, é responsável por conhecer o mercado e gerenciar o marketing na região.
Esse modelo, conforme explica o Aiqfome, permite que as promoções e campanhas de marketing sejam adequadas à realidade do lojista local, evitando práticas que possam prejudicar o comércio: “Nosso foco é garantir que as promoções regionais sejam saudáveis”, afirma Leal, comparando com o modelo de franquia em que muitos custos e responsabilidades recaem sobre o franqueado. O licenciamento, de acordo com a empresa, garante uma divisão de lucros e custos de marketing entre o licenciado e a Central do Aiqfome.
A empresa destaca que esse modelo também evita que lojistas fiquem vulneráveis a práticas de mercado que podem desestabilizar pequenos negócios. Em uma situação mencionada pelo Aiqfome, uma lanchonete em Lorena foi intensamente subsidiada pela concorrência durante três meses, gerando uma demanda artificial. Quando o subsídio foi cortado, a lanchonete, segundo o relato da empresa, enfrentou dificuldades para sustentar o mesmo volume de vendas, resultando em prejuízo: “Se você não faz isso com equilíbrio, pode acabar quebrando o restaurante, e foi exatamente o que aconteceu”, afirma Leal, frisando a importância de manter um crescimento sustentável e respeitar a autonomia dos lojistas.
A empresa destaca ainda que valorizar o lojista é parte de sua missão. Leal enfatiza que o setor de alimentação não deve ser tratado como uma commodity, pois as escolhas de consumo são pautadas em particularidades e preferências regionais.
Segundo a empresa, as altas taxas cobradas pela concorrência levam muitos lojistas a tentarem atrair o consumidor para pedidos diretos, evitando taxas que podem comprometer a viabilidade do negócio. Eles afirmam que as taxas são reduzidas, representando até um terço da média do mercado concorrente, o que, segundo Leal, alivia o peso dos custos sobre o consumidor e apoia a sustentabilidade dos lojistas.
Modelo de licenciamento
O Aiqfome adota um sistema de licenciamento para expandir sua atuação em regiões estratégicas, onde abre períodos específicos para a entrada de novos licenciados. Atualmente, a empresa conta com 311 licenciados, responsáveis por mais de 600 cidades. Esse sistema permite que um licenciado administre várias cidades próximas, quando faz sentido operacional e logístico.
Marcelo Leal explica que o processo de seleção para novos licenciados envolve identificar quem tem o perfil adequado para o papel: “Precisamos de alguém com autonomia e que conheça bem a cidade. Além disso, a pessoa precisa gostar de bater perna, pois será necessário ir até os lojistas, que chamamos de ‘cérebro’, para convencê-los.”
O licenciado desempenha um papel essencial, aproximando lojistas das campanhas e incentivando a adesão a promoções que visam aumentar o volume de pedidos. Em eventos como a Black Friday, por exemplo, o licenciado negocia diretamente com os lojistas para oferecer descontos atrativos, explicando como essas campanhas podem ampliar a base de clientes e gerar novos negócios: “O licenciado conversa com o lojista, explicando que a campanha vai gerar uma demanda de novos clientes que farão muitos pedidos, mas para participar é preciso oferecer um desconto”, detalha Leal, reforçando a importância de que esses acordos sejam feitos de maneira colaborativa e ajustada às necessidades locais.
Para se tornar um licenciado, o interessado adquire uma licença com um custo inicial e assume o compromisso de investimento em marketing local por dois anos. Segundo Leal, em uma cidade de cerca de 100 mil habitantes, o custo da licença é de aproximadamente 30 mil reais, com um investimento adicional de cerca de 100 mil reais para ações de marketing ao longo do período: “A partir do 15º mês, pela quantidade de pedidos que ele já terá, ele já consegue recuperar o investimento”, destaca Leal, explicando que o retorno financeiro esperado começa a se consolidar à medida que a base de clientes e lojistas cresce.
A receita do licenciado provém de uma taxa média de 9% sobre os pedidos, dividida de forma equilibrada: 4% para o licenciado, 4% para a central do Aiqfome e 10% destinados ao marketing local. Esse modelo, conforme Leal aponta, busca garantir um retorno financeiro balanceado para todos os envolvidos: “Hoje, temos licenciados em cidades com 100 mil habitantes que conseguem colocar mais de 300 mil reais no bolso de faturamento por mês”, afirma. Segundo a empresa, licenciados geram em média R$350 mil de faturamento por mês nas cidades onde atuam, e têm um faturamento bruto que varia entre 12% e 18% desse valor.
Conforme o negócio expande, o licenciado é incentivado a contratar funcionários para apoiar o trabalho local, especialmente em cidades maiores, com recomendação de ao menos um colaborador para cada 100 mil habitantes. Esses funcionários ajudam a visitar os restaurantes, garantir o engajamento nas campanhas e distribuir materiais promocionais, seguindo um fluxo de trabalho definido pela empresa. Além disso, todos os novos licenciados passam por um treinamento estruturado para acelerar a curva de aprendizado e facilitar a implementação do modelo.
O Aiqfome também permite que lojistas locais se tornem licenciados, sendo um dos poucos aplicativos de delivery a oferecer essa possibilidade. “Somos o único aplicativo de delivery do mundo que permite que o próprio lojista possa se tornar um licenciado”, afirma Leal.
Segundo ele, lojistas que assumem essa função são avaliados para evitar conflitos de interesse, especialmente quando possuem estabelecimentos próprios, garantindo que não priorizem exclusivamente seus negócios.
Valorização do entregador
O Aiqfome adota uma política de repasse integral da taxa de entrega aos entregadores, mantendo 100% do valor com eles, uma prática que difere da adotada por grandes concorrentes do setor, segundo Marcelo: “(O entregador ganha) De forma bem clara e simples: 100% do valor cobrado pela taxa de entrega vai para o entregador. Nós não ficamos com nenhuma parte”.
Essa abordagem busca fortalecer a cadeia de entrega ao valorizar o papel dos entregadores, que têm seu trabalho remunerado integralmente sem deduções para a empresa.
A plataforma oferece dois modelos para os lojistas: o restaurante pode optar pelo “full service” de entrega, em que o Aiqfome coordena a logística de forma completa, ou pode realizar as entregas por conta própria.
Nas cidades onde o Aiqfome não possui entregadores próprios, são contratados operadores logísticos locais para realizar as entregas para os restaurantes, ou o próprio lojista pode utilizar entregadores de sua equipe. Esse sistema permite que o serviço de entrega seja ajustado de acordo com as necessidades e capacidades locais.
A empresa destaca que essa política de repasse integral contribui para a sustentabilidade do modelo de negócios. Como o Aiqfome já possui outras fontes de receita no serviço de delivery, a empresa não retém parte da taxa de entrega e permite que o valor permaneça com o entregador. Segundo a empresa, essa prática reforça o compromisso com os profissionais de entrega, permitindo uma remuneração mais justa e competitiva.
Iniciativas de sustentabilidade
O Aiqfome lançou o projeto “Menu com Sustância”, uma iniciativa de sustentabilidade em parceria com o Comida Invisível, voltada para o reaproveitamento de alimentos em restaurantes e estabelecimentos de delivery.
Segundo Marcelo Leal, o projeto faz parte do modelo de “ganha, ganha, ganha” da empresa, no qual o planeta também precisa ser beneficiado: “A partir dessa ideia, nos aproximamos do pessoal do Comida Invisível, que já conta com parceiros sérios, como a Ambev e o McDonald’s”, explica Leal, enfatizando a importância de associar a empresa a uma iniciativa que já possui ampla presença no país, atuando em 5.700 cidades.
O foco do projeto é conscientizar lojistas sobre o reaproveitamento de alimentos que, embora próprios para consumo, geralmente são descartados. Leal destaca a importância de diferenciar o desperdício de alimentos de restos de comida, explicando que o projeto envolve matéria-prima ainda em boas condições: “Por exemplo, a casca do pão de forma pode ser transformada em uma excelente farinha para fazer uma farofa, o que ajuda na lucratividade do restaurante”, diz Leal, ressaltando que essa prática permite aos estabelecimentos reduzir custos e contribuir para a sustentabilidade ao gerar menos lixo.
Além de promover o uso inteligente dos alimentos, o “Menu com Sustância” oferece orientações práticas e visibilidade dentro do aplicativo do Aiqfome. O objetivo é incentivar os lojistas a desenvolverem pratos aproveitando integralmente os ingredientes, resultando em menos desperdício e maior rentabilidade.
A empresa oferece campanhas específicas para destacar esses pratos no app, e em algumas regiões, o menu é lançado com entrega grátis para estimular o consumo: “Ensinamos a preparar pratos que podem ser oferecidos no delivery, e damos destaque para eles com campanhas e visibilidade no aplicativo”, explica Leal, reforçando o compromisso do Aiqfome com a sustentabilidade e a educação dos lojistas.
Para mostrar o impacto do projeto, o Aiqfome organizou um evento em Sorriso, no Mato Grosso, reunindo licenciados e lojistas em uma experiência prática de reaproveitamento. Durante o evento, foi servido um coffee break preparado com ingredientes que seriam descartados do dia anterior: “O pessoal comeu e, olha, de coração, estava até melhor que o do primeiro dia!” relata Leal, sobre o impacto positivo da experiência, que mostrou que é possível criar pratos saborosos e sem custos adicionais aproveitando sobras.
O projeto se destaca por ser pioneiro no setor de aplicativos de delivery ao promover cardápios voltados ao combate ao desperdício, segundo Marcelo: “Não existe nenhum outro aplicativo de delivery no mundo que promova cardápios voltados para combater o desperdício. Pode pesquisar no planeta, você encontra várias iniciativas legais de combate ao desperdício no mundo todo, mas um aplicativo que diga ‘consuma isso aqui porque é bom e sustentável’? Não tem”, afirma Leal, destacando a posição de vanguarda do Aiqfome nessa frente.
Segundo a plataforma, a iniciativa busca educar e engajar os restaurantes na redução do desperdício, enquanto oferece aos consumidores a oportunidade de apoiar práticas sustentáveis ao fazer seus pedidos.
Próximos passos
O futuro do Aiqfome está voltado para o fortalecimento dos lojistas e parceiros locais, oferecendo-lhes ferramentas que permitam crescer e se manter competitivos no mercado de delivery e além dele: “O lojista, para a gente, é fundamental”, afirma Leal. Ele destaca que a empresa está comprometida em fornecer aos lojistas locais, especialmente aos pequenos empreendedores, as condições necessárias para prosperarem. O foco é garantir que eles possam oferecer uma experiência de qualidade para o consumidor final, mas com uma atenção voltada primeiramente para sua saúde financeira e operacional.
O Aiqfome vê seu crescimento como diretamente ligado ao sucesso dos lojistas locais, buscando fortalecer cada estabelecimento com inovação, tecnologia e condições financeiras vantajosas.
A empresa afirma que, em vez de priorizar grandes redes, direciona esforços para apoiar pequenos comerciantes e negócios regionais: “Nosso futuro é investir em iniciativas para que ele se mantenha sólido como negócio e como empreendedor”, diz Leal, ressaltando que o Aiqfome quer ser um parceiro essencial para esses empreendedores, ajudando-os a crescer de maneira sustentável.
A expansão para além dos restaurantes é outra frente de crescimento da empresa, que já atua em categorias como mercados, farmácias, pet shops e até distribuidores de gás: “Nosso futuro já é, na verdade, o presente, pois estamos expandindo para outras categorias”, explica Leal, indicando que a empresa busca oferecer ao consumidor final uma gama maior de serviços, que acompanhe as necessidades cotidianas de quem vive no interior. Essa diversidade visa fortalecer lojistas em diversas frentes, tornando o Aiqfome uma plataforma abrangente para o comércio local.
Uma parte importante dessa visão futura é o investimento em capacitação e orientação financeira por meio do Aiqfome Universidade. A plataforma oferece treinamentos e suporte para que os lojistas compreendam melhor seus custos e precificação, evitando aumentos indiscriminados de preços. Segundo Leal, “Hoje em dia, muitos pequenos restaurantes não têm ideia de quanto custa produzir uma pizza”, destacando que o Aiqfome busca ensinar os lojistas a ajustar preços de forma inteligente, considerando apenas os ingredientes que realmente tiveram aumento. Essa orientação permite que os comerciantes mantenham preços competitivos, aplicando promoções estratégicas sem comprometer sua lucratividade.
O Aiqfome enxerga essa capacitação como essencial não apenas para o sucesso no delivery, mas também para a sustentabilidade dos negócios no dia a dia dos restaurantes. “Nosso objetivo é ensinar, não apenas forçar uma estratégia, mas capacitar para que ele cresça não só no delivery, mas também fora dele”, afirma Marcelo.